Covid-19 e pacientes com cardiopatias congênitas

Desde o começo da pandemia de Covid-19 pessoas com doença cardiovascular estão em risco, incluindo pacientes com cardiopatias congênitas.

Desde o início dos casos de Covid-19 as pessoas com doença cardiovascular são consideradas grupos de risco, incluindo pacientes adultos com doenças cardíacas congênitas. A estimativa de risco de óbito ou complicações decorrentes da infecção pela Covid-19 nesses pacientes é baseada atualmente na opinião de especialistas.

Pacientes com cardiopatias congênitas têm risco de evoluir com insuficiência cardíaca, arritmias, hipertensão pulmonar e morte precoce e as doenças respiratórias, principalmente a pneumonia, são a principal causa de morte não cardíaca nesta população.

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Covid-19 e cardiopatias congênitas

Estudo recente sobre pacientes cardiopatas com Covid-19

Na tentativa de entender melhor o risco de complicações pela Covid-19 nesta população foi feito um estudo observacional que incluiu adultos com cardiopatias congênitas atendidos em grandes centros da Europa. Foram incluídos pacientes de 25 centros em 9 países diagnosticados com Covid-19 no período de 27 de março a 06 de junho de 2020.

O diagnóstico de Covid-19 foi considerado positivo quando havia exame de PCR ou sorologia positivos ou suspeita clínica forte (baseada em sintomas e exame de tomografia) e a infecção foi definida como complicada quando houve necessidade de internação e ventilação não invasiva ou invasiva e/ou suporte inotrópico, ventilação por membrana extracorpórea ou óbito.

Foram incluídos no estudo 105 pacientes (74% com diagnóstico laboratorial e 26% com diagnóstico clínico). Ao final do período do estudo, 5% dos pacientes tinham ido a óbito, 9% ainda estavam com infecção ativa, 85% se recuperaram sem sequelas e 2% com sequelas. Desses pacientes 70% tiveram doença leve e não precisaram de internação. Infecção complicada ocorreu em 12% do total de casos, representando 41% dos casos hospitalizados.

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Pacientes com infecção complicada eram mais velhos, tinham mais sobrepeso e mais comorbidades que os que tiveram infecção não complicada. O fator de risco mais importante foi a idade, sendo que o aumento do risco foi proporcional ao aumento da idade. Quando o IMC era maior que 25, o risco de infecção complicada era 7,2 vezes maior e quando havia duas ou mais comorbidades esse risco era 7,1 vezes maior.

Infecção complicada foi mais provável de ocorrer em pacientes com cardiopatia cianótica, incluindo síndrome de Eisenmenger. Dos 7 pacientes com esta síndrome, 4 (57%) tiveram quadro grave. Dentre as complicações das doenças cardíacas, a hipertensão pulmonar foi a que teve associação mais forte com infecção complicada.

Neste estudo, os fatores que contribuíram para infecção complicada foram os mesmos encontrados na população em geral: idade, sobrepeso e múltiplas comorbidades. Quando avaliadas as cardiopatias congênitas especificamente, o maior risco foi nas cardiopatias cianóticas e hipertensão pulmonar importante, incluindo síndrome de Eisenmenger. Esses pacientes já apresentam hipoxemia crônica importante mesmo ao repouso e tem risco altíssimo de deterioração em caso de infecção respiratória que curse com hipoxemia. Além disso, esses pacientes já estão em um estado protrombótico, que fica ainda mais exacerbado na infecção por Covid-19.

Limitações

Algumas limitações encontradas no estudo: os pacientes testados foram apenas os que procuraram atendimento, portanto muitos que tiveram doença leve não foram incluídos, e o número de pacientes foi bastante pequeno. Sendo assim, mais estudos são necessários para confirmar esses achados e avaliar mais peculiaridades desta população.

Mensagem prática

Baseado neste estudo, pacientes com cardiopatias congênitas e hipertensão pulmonar estão sob risco maior de evolução para infecção complicada por Covid-19. Já para os outros pacientes com cardiopatias congênitas, os fatores de risco mais importantes que levam à infecção complicada por Covid-19 são os mesmos encontrados na população em geral.

Referências bibliográficas:

  • Schwerzmann M, et al. Clinical outcome of Covid-19 in patients with adult congenital heart disease. Heart 2021;0:1–7. doi:10.1136/heartjnl-2020-318467

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