Covid-19: Em Heliópolis, o índice de contaminação está abaixo da média de São Paulo

Índice de contaminação pela Covid-19 em Heliópolis está abaixo da média da cidade de São Paulo, segundo levantamento da campanha Bora Testar.

O índice de contaminação pelo novo coronavírus (responsável pela Covid-19) em Heliópolis está abaixo da média da cidade de São Paulo, segundo revelou o levantamento da segunda etapa da campanha Bora Testar.

Localizada no distrito de Sacomã, na zona sul de São Paulo, Heliópolis possui mais de 100 mil habitantes distribuídos em uma área de quase um milhão de metros quadrados, sendo considerada a maior comunidade da cidade.

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Teste para Covid-19 a fim de medir o índice de contaminação

Principais resultados

Entre os dias 2 e 5 de outubro quatro equipes de técnicos de enfermagem fizeram a triagem dos moradores e os encaminharam para a realização de exames diagnósticos da Covid-19.

Os pesquisadores e os enfermeiros percorreram 53 setores censitários dos seis quadrantes de Heliópolis. Das 400 pessoas que passaram pela triagem, 26% foram encaminhadas para testes. Desse total, 4% apresentaram resultados positivos.

Profissionais que atendem ao público presencialmente são os que apresentam mais casos positivos, 23% dos que estão no setor de serviços e 7% dos que trabalham em comércio. Todos os diagnósticos positivos estão entre indivíduos com renda familiar de até dois salários mínimos.

“Os resultados confirmam o retrato da desigualdade social no Brasil. Os cidadãos mais pobres, pretos e pardos são as principais vítimas tanto da Covid-19, quanto da crise econômica. A taxa de trabalhadores com diagnóstico positivo em funções presenciais é bem mais baixa do que identificamos em Paraisópolis, e traz, junto com os demonstrativos da pesquisa, um cenário tão ou mais preocupante que o impacto da pandemia na saúde, o desemprego, como uma das principais consequências da pandemia”, conta Emília Rabello, responsável pelo planejamento e execução de campo e também idealizadora do projeto.

Desemprego preocupa

Outro ponto preocupante foi o desemprego, uma vez que 18,5% das pessoas entrevistadas estão sem trabalho — número superior à média nacional que hoje está em 13,3%, com o desemprego atingindo, principalmente, as que se declaram negras e pardas (73%).

Entre os desempregados há duas faixas etárias distintas demarcadas: 52% acima de 40 anos e 35% até 29 anos. Outro fator preponderante é que 66% dos desempregados têm até o primeiro grau completo e 90,5% de suas famílias vivem com renda mensal de R$ 1.045,00. Essas famílias são compostas em sua maioria (42%) por cinco a oito pessoas.

“O desemprego dentro da comunidade tem um peso muito grande, normalmente as famílias são muito dependentes do salário do mês. Os dados apontam uma predominância em uma parcela social já com difícil possibilidade de ascensão, o que piora ainda mais esse cenário”, explica Mozart Valle, responsável pela aplicação e análise das pesquisas do projeto Bora Testar.

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Metodologia e próximas ações

A metodologia da Campanha Bora Testar consiste em entrevistar 400 moradores com mais de 18 anos de idade, divididos pelos quadrantes e setores censitários das favelas, demarcados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), para que a pesquisa seja aplicada de forma proporcional e traga resultados confiáveis.

O formulário utilizado para triar e encaminhar as pessoas para o diagnóstico foi desenvolvido por um grupo de médicos, parceiros do projeto, e desenvolvedores da plataforma Ciente, através da qual os comunitários são questionados sobre os seus sintomas. A partir destas informações é possível realizar o cruzamento de dados para retratar a pandemia nas favelas brasileiras, de comunidade em comunidade, até o final da campanha.

Heliópolis foi a segunda comunidade a ser percorrida pelo Bora Testar, que já passou por Paraisópolis, também em São Paulo, em setembro.

As próximas ações estão programadas para a Cidade Tiradentes, em São Paulo, e na Rocinha, no Rio de Janeiro.

Crowdfunding

A Campanha Bora Testar conta com apoio de empresas solidárias e com uma plataforma de crowdfunding para a compra de testes e o suporte logístico.

“Ainda buscamos investidores para viabilizar mais testes e temos nossa plataforma de crowdfunding para quem quiser nos apoiar na compra de testes e logística”, complementa Claudia Daré.

Para contribuir com a campanha, com qualquer valor a partir de dez reais, basta acessar a plataforma.

Conheça mais sobre o projeto nas redes sociais @boratestarcovid no Instagram e Facebook.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

Referências bibliográficas:

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