Covid-19: Novos testes rápidos podem apresentar até 75% de erro, segundo o Ministério

Os testes imunológicos imunocromatográficos, vêm sendo adotados pelo Ministério da Saúde, junto aos testes RT-PCR, para o diagnóstico da Covid-19.

Os testes imunológicos imunocromatográficos, conhecidos popularmente como “testes rápidos”, vêm sendo adotados pelo Ministério da Saúde (MS), junto aos testes moleculares tradicionais (RT-PCR), como a principal estratégia para o diagnóstico laboratorial do novo coronavírus.

médico avaliando sangue de teste rápido para covid-19

Testes rápidos

Por meio de uma metodologia imunocromatográfica, esses testes possuem a capacidade de detectar qualitativamente a presença de anticorpos específicos (IgM e IgG), produzidos pelo sistema imunológico frente à infecção pelo SARS-CoV-2. Podem utilizar, como material biológico, tanto soro, plasma ou sangue total dos pacientes, fornecendo um resultado quase que imediato, em apenas 15 minutos.

A classe dos anticorpos IgM têm a característica de ser uma das primeiras a serem produzidas pela resposta imunológica, podendo ser detectados a partir do sétimo dia do início dos sintomas. Posteriormente, ocorre a elevação da titulação dos anticorpos do tipo IgG.

Recentemente, o primeiro lote de 500.000 unidades desses testes de fabricação chinesa, doados ao governo federal por uma grande empresa privada, chegaram ao Brasil. Eles foram submetidos a uma avaliação de desempenho, a pedido do governo, por um laboratório privado.

Desempenho dos testes para Covid-19

As conclusões apresentadas foram, no mínimo, decepcionantes. O Valor Preditivo Negativo (VPN), ou seja, a chance de que um resultado negativo reflita a realidade (os verdadeiros negativos entre os negativos do teste), foi de apenas 25%. Já o Valor Preditivo Positivo (VPP) – verdadeiro positivo entre os positivos do teste — demonstrou um melhor desempenho, de 86%. Uma outra avaliação está sendo realizada pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS).

A preocupação com a performance do teste foi externada pelo MS através de uma nota para as secretarias de saúde estaduais. Um trecho diz que “O material adquirido de empresa chinesa para doação ao Ministério da Saúde apresenta limitações importantes. A pasta está ajustando as instruções e elaborando uma nota informativa com recomendações e orientando o uso do teste para garantir que o uso do mesmo pelos estados e municípios seja coerente com o que o teste pode oferecer”.

Até o momento, existem algumas indicações potenciais para a realização do teste rápido. São elas:

  • Testagem inicial, em pacientes hospitalizados com mais de sete dias de evolução dos sintomas*;
  • Uso em profissionais da saúde e de segurança pública, após o sétimo dia do início dos sintomas, para avaliação da possibilidade de retorno precoce ao trabalho*;
  • Avaliação na população em geral, da chamada “imunidade de rebanho”, por meio da identificação de pessoas que tiveram um contato prévio ao vírus e que desenvolveram anticorpos “protetores” do tipo IgG.

*Nesses casos, um resultado não reagente (negativo), não afasta por si só a infecção, que deve ser excluída/confirmada por métodos moleculares (RT-PCR).

Leia também: Covid-19: como a identificação de fenótipos pode ajudar no manejo da doença?

Mensagem final

Tomando-se como base sua verificação analítica, devemos ter muita cautela quando da interpretação de um resultado negativo, especialmente se a coleta fora realizada antes do sétimo dia de doença (fase aguda). Devido a sua baixa acurácia, esses testes rápidos não devem ser utilizados para triagem de quadros respiratórios causados pelo SARS-CoV-2.

Por outro lado, diante de um resultado reagente (positivo), podemos ter um pouco mais de confiança em relação ao diagnóstico, apesar de não poderem ser utilizados como evidência inequívoca de infecção. Devemos sempre ter em mente a possibilidade de reações cruzadas com outras coronaroviroses, além de outras causas de falso-positivos.

Assim como todo exame laboratorial, possíveis interferentes e limitações do teste devem ser levadas em conta quando da sua interpretação. Seus resultados devem ser sempre analisados junto ao período de coleta (fase evolutiva), ao quadro clínico-epidemiológico, exames de imagem e outros exames laboratoriais confirmatórios.

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