Covid-19: Pesquisadores identificam fatores que contribuíram para disseminação inicial

Pesquisadores analisaram 126 países, entre eles o Brasil, e identificaram um conjunto de fatores que teria favorecido a disseminação no novo coronavírus.

Pesquisadores brasileiros e espanhóis analisaram dados de 126 países, entre eles o Brasil, e identificaram um conjunto de fatores que teria favorecido a rápida disseminação do novo coronavírus na fase inicial da pandemia.

Pesquisadores apresentam dados sobre disseminação inicial da Covid-19

Achados do estudo

Segundo o estudo, realizado pelas universidades de Campinas (Unicamp) e de Barcelona, entre os fatores que contribuíram para a maior taxa inicial de crescimento da Covid-19 estão:

  • a temperatura baixa, com a população menos exposta aos raios ultravioletas e menor nível de vitamina D no sangue;
  • maior proporção de idosos;
  • número de turistas internacionais maior nos primeiros dias da pandemia;
  • maior prevalência de casos de câncer de pulmão e de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC);
  • proporção de homens obesos maior;
  • maior taxa de urbanização;
  • maior consumo de bebidas alcoólicas e cigarros;
  • hábitos de saudação com contato físico.

Leia também: A possível transmissão de SARS-CoV-2 por simples hábitos

Os pesquisadores escolheram como ponto de partida da análise o dia em que cada país registrou o 30º caso de Covid-19. Segundo o artigo divulgado na plataforma medRxiv, ainda sem revisão por pares, o objetivo era entender o que ocorreu na fase em que a doença cresceu livremente, de forma quase exponencial.

Foram aplicadas análises estatísticas utilizadas na área de física, como a regressão linear simples e o cálculo do coeficiente de determinação, para tentar entender o que ocorreu no início da pandemia.

Os dados usados nas análises vieram de fontes diversas, como o repositório público Our World in Data.

Falta de fontes confiáveis

Alguns estudos sugerem que a vacina BCG pode ter algum efeito protetor em pacientes da Covid-19. As análises realizadas pelos pesquisadores indicam apenas a existência de uma correlação tênue entre as taxas de imunização contra tuberculose e de contágio pelo novo coronavírus.

Contudo, é possível que o resultado tenha sido prejudicado pela falta de dados confiáveis em países onde a vacinação não é obrigatória.

“Para alguns dos fatores analisados, identificamos uma correlação negativa. Por exemplo, nos países com maior proporção de hipertensos, a taxa de contágio inicial do novo coronavírus foi menor. Imaginamos que nesses locais há mais casos de doenças cardiovasculares e, portanto, menor uma expectativa de vida”, avalia Giorgio Torrieri, professor do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW/Unicamp) e coautor do artigo, em entrevista à Agência FAPESP.

Segundo o artigo, diversas variáveis analisadas estão correlacionadas entre si, sendo provável que tenham uma interpretação comum e não é fácil separá-las.

Algumas das correlações apontadas são óbvias, por exemplo, entre temperatura, radiação UV e nível de vitamina D no sangue.

Saiba mais: Vacina contra Covid-19: como a mRNA-1273 se comportou nos primeiros testes?

Outras correlações

Já hábitos como o consumo de álcool e tabagismo está correlacionado com variáveis climáticas. De forma semelhante, a correlação entre tabagismo e câncer de pulmão é muito alta e, provavelmente, contribui para a correlação deste último com o clima. Razões históricas também explicam a correlação entre clima e o produto interno bruto (PIB) per capita.

Embora seja impossível para os países alterar algumas das variáveis estudadas, como o clima, a expectativa de vida e a proporção de idosos, por exemplo, a sua influência na disseminação da Covid-19 deve ser considerada na formulação de políticas públicas, ajudando a definir estratégias de testagem em massa e de isolamento social.

Outras variáveis podem ser controladas pelos governos, como a testagem e o isolamento de viajantes internacionais, restrição de voos para regiões mais afetadas pela pandemia, promoção de hábitos de distanciamento social e de campanhas visando reduzir o contato físico, o uso de máscaras, além da redução do tabagismo e da obesidade.

Conclusão

Na conclusão do artigo, os pesquisadores enfatizam que algumas variáveis apontadas são úteis para inspirar e apoiar a pesquisa na área médica, como a correlação do contágio de pacientes com câncer de pulmão, obesidade, baixo nível de vitamina D e diferentes tipos sanguíneos e diabetes tipo 1.

Contudo, será necessária a realização de um estudo mais aprofundado, com dados mais confiáveis de pacientes.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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