Covid-19: Pulseira inteligente consegue detectar infecção dois dias antes dos sintomas surgirem, aponta estudo

Pulseira inteligente consegue identificar mudanças fisiológicas causadas pela Covid-19 dois dias antes dos primeiros sintomas.

Originalmente desenvolvida para acompanhar e calcular o período fértil das mulheres, a pulseira inteligente Ava também consegue identificar mudanças fisiológicas causadas pela Covid-19 dois dias antes da manifestação dos primeiros sintomas, segundo aponta um estudo publicado recentemente na revista científica BMJ Open. 

A pesquisa sobre a assertividade do dispositivo reuniu pesquisadores em um consórcio internacional, com participantes da Alemanha, da Holanda e do Canadá, sob liderança de pesquisadores suíços. 

Foram analisadas mais de 1,1 mil pessoas adeptas da pulseira em 2020. Dentre elas, 68% demonstraram mudanças nos parâmetros corporais e 127 tiveram casos de Covid-19 confirmados. 

pulseira

Como foi realizado o estudo 

Os voluntários participaram de um estudo de coorte nacional no Liechtenstein. A orientação foi que todas as noites eles usassem a pulseira Ava, que media a frequência respiratória (FR), a frequência cardíaca (FC), a variabilidade da FC (VFC), a temperatura da pele do pulso (WST) e a perfusão da pele, ou seja, a passagem de líquido através do sistema circulatório ou linfático. A infecção pelo novo coronavírus foi diagnosticada por ensaios moleculares e/ou sorológicos. 

O dispositivo funciona coletando dados a cada dez segundos e necessita de, no mínimo, quatro horas de sono relativamente ininterrupto para realizar a coleta de maneira eficaz Para obter as informações, os participantes sincronizaram suas pulseiras com um aplicativo para celular ao acordar, transferindo dados do dispositivo para o sistema da Ava. 

Um total de 1,5 milhão de horas de dados fisiológicos foram registrados com a colaboração de 1.163 participantes, com idade média de 44 anos. A Covid-19 foi confirmada em 127 participantes, dos quais 66 (52%) usaram o dispositivo desde a linha de base até o início dos sintomas (SO) e foram incluídos nesta análise. 

A modelagem multinível revelou mudanças significativas em cinco parâmetros fisiológicos medidos pelo dispositivo (RR, HR, HRV, HRV ratio e WST) durante os períodos de incubação, pré-sintomáticos, sintomáticos e de recuperação da Covid-19 em comparação com a linha de base. 

O conjunto de treinamento representou uma instância de oito dias extraída do dia 10 ao dia 2 antes do SO. Foram realizadas medições de 66 participantes pelo período de 40 dias. A escolha dos voluntários que participaram dessa pesquisa específica foi com base em uma divisão aleatória pelos pesquisadores. 

Ao surgimento dos sintomas da Covid-19 foi constatada uma respiração a mais por minuto durante a noite, aceleração cardíaca de 0.87 batidas por minuto e aumento da temperatura do pulso em 0,18°C. 

Contraponto importante

A possibilidade de aliar aplicativos já utilizados no dia a dia de algumas pessoas para a detecção de infecções é interessante por se tratar de uma forma não invasiva de monitoramento. No entanto, é necessário avaliar com cautela os parâmetros avaliados pelos pesquisadores. A infectologista Isabel Cristina Melo Mendes, do Hospital Clementino Fraga Filho, explica que “os parâmetros avaliados são inespecíficos e não houve apresentação de resultados comparativos com não infectados ou infectados por outros patógenos”. 

“Além disso, devido aos critérios de inclusão e exclusão da coorte avaliada, somente pessoas saudáveis participaram do estudo, o que compromete a generalização dos resultados. Esses fatores, junto com o custo ainda alto desse tipo de tecnologia, podem reduzir a custo-efetividade desse tipo de estratégia”, analisou Isabel Mendes, que também é colunista do Portal de Notícias da PEBMED, em entrevista ao portal. 

“A detecção precoce de indivíduos infectados seria um importante processo no controle da pandemia, uma vez que, na fase pré-sintomática, há um alto índice de infectividade”, completa a médica.

Saiba mais: Detecção de fibrilação atrial usando dispositivos vestíveis – Fitbit

Disponível no mercado em breve

A pulseira da marca AVA, que custa US$ 250 (cerca de R$ 1.330,60, na conversão atual), foi o primeiro dispositivo para medir o período fértil de mulheres a receber autorização da Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora americana. 

Atualmente, a pulseira está em fase de teste na Holanda com 20 mil pessoas participantes. Os resultados da eficácia do acessório como estratégia de saúde pública no combate à pandemia devem sair até o final de 2022. 

*Este texto foi revisado pela equipe médica do Portal PEBMED. 

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo

Tags