Covid-19: quais as recomendações para a organização da APS durante a pandemia?

A Fiocruz lançou recentemente um documento com orientações para a organização da Atenção Primária à Saúde (APS) durante o enfrentamento à Covid-19.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lançou recentemente um documento com orientações para a organização da Atenção Primária à Saúde (APS) durante o enfrentamento à Covid-19. Através do papel estratégico que esse nível de atenção desempenha no cuidado à população, o documento estimula a criação de uma Linha de Cuidado específica para a doença pelo novo coronavírus, com definição de fluxos no território de atuação da unidade de APS e no sistema de saúde.

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Representação gráfica do vírus responsável pela pandemia de Covid-19 e que exige preocupação extra da Atenção primária à Saúde.

APS na Covid-19

Norteado pelos atributos da APS (acesso, integralidade, longitudinalidade, coordenação do cuidado, orientação familiar, orientação comunitária e competência cultural), o documento aponta as orientações e adaptações a serem realizadas diante do atual contexto de epidemia, levando-se em conta as peculiaridades do distanciamento social.

O documento define campos de atuação da APS no enfrentamento à Covid-19, sendo eles a Vigilância à Saúde; a Promoção à Saúde; o Cuidado às Pessoas e às Famílias; e a Gestão Compartilhada do Cuidado.

Leia também: Qual é o papel da APS com o aumento da violência doméstica na pandemia de Covid-19?

Recomendações

As recomendações são detalhadas dentro desses campos, com o destaque para os pontos-chave relacionados abaixo:

  • Reorganizar as agendas dos profissionais e os modos de realização das atividades, para evitar aglomeração e contágio nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), se possível definindo profissionais específicos para atendimento de sintomáticos respiratórios;
  • Atender pessoas com sintomas respiratórios recentes, preferencialmente por meio de contato telefônico e outras formas de teleatendimentos. No monitoramento longitudinal, manter a equipe atenta à evolução do paciente, em virtude da possibilidade de baixa saturação de O2 (sem sintomas) e de agravamento rápido da condição clínica;
  • Realizar ações de cuidado à distância — teleatendimentos, via telefone e plataformas de internet e, quando oportuno, no território, para diminuir a ida dos usuários às UBS, exceto nas situações que requeiram atenção no próprio serviço;
  • Diferenciar fluxos de acesso, bem como espaços de espera e de atendimento, para usuários com sintomas respiratórios e/ou outras condições com suspeita de Covid-19. Preferencialmente em espaço arejado e fora da UBS (tendas);
  • Reforçar medidas de isolamento e monitorar usuários e grupos sociais com maior risco e vulnerabilidade face à Covid-19;
  • Manter atenção aos usuários com maiores necessidades de cuidados contínuos, independentemente da Covid-19, bem como ações de imunização;
  • Garantir a segurança dos trabalhadores de saúde e dos usuários (máscaras, álcool gel, avental, luva, água, sabão, desinfecção de ambientes);
  • Garantir infraestrutura e manutenção para as UBS, como espaços físicos/tendas, oxímetros, oxigênio de alto-fluxo, além de equipamentos de proteção individual e produtos de higiene;
  • Realizar ações individuais e coletivas/comunitárias específicas para a Covid-19 a partir das UBS, nas áreas da Vigilância à Saúde (com ênfase na epidemiológica), promoção à saúde, cuidado clínico e gestão compartilhada do cuidado com outros serviços da rede;
  • Incentivar e apoiar o isolamento social, única maneira de reduzir o contágio;
  • Identificar casos suspeitos e contatos domiciliares e, se possível, contatos comunitários nos últimos 14 dias, para recomendar isolamento domiciliar por 14 dias, reduzindo contágios;
  • Assegurar o suporte da rede de urgência e emergência (especialmente regulação, transporte por meio de ambulância e remoção pelo SAMU) e a comunicação entre os pontos da rede;
  • Definir, por parte da gestão municipal/regional, a articulação das ações e serviços da rede de atenção que compõe a Linha de Cuidado específica para Covid-19, assim como critérios de encaminhamento.

Veja mais: Covid-19: recomendações para o acompanhamento do puerpério na APS durante a pandemia

Mensagem final

Não se pretende abordar as recomendações clínicas nessas orientações, uma vez que já existem protocolos do Ministério da Saúde a esse respeito. O foco é a organização dos atendimentos e as atribuições outras, além do atendimento clínico propriamente dito, de responsabilidade da APS. O documento ressalta também sobre a necessidade de se adaptar as recomendações nele contidas tanto à cada realidade local, quanto ao momento epidemiológico da doença.

A APS é a porta de entrada do sistema de saúde. É preciso que que esteja integrada a outros serviços (principalmente urgência e emergência e atenção hospitalar) e muito bem organizada e preparada, para que possa enfrentar com qualidade e superar os desafios inerentes ao atual momento de pandemia.

Referências bibliográficas:

  • Engstrom et al. Recomendações Para a Organização da Atenção Primária à Saúde No SUS no Enfrentamento da Covid-19. Observatório Covid-19 Série Linha de Cuidado Covid-19 na Rede de Atenção à Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Maio 2020

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