Covid-19: quem teve caso leve pode ter sintomas mais fortes em uma reinfecção

Indivíduos que tiveram casos leves ou até mesmo assintomáticos de Covid-19 podem não produzir resposta imunológica e ter uma reinfecção.

Indivíduos que tiveram casos leves ou até mesmo assintomáticos de Covid-19 podem não produzir resposta imunológica e ter uma reinfecção, inclusive, com a mesma variante. E a segunda infecção pode provocar sintomas mais fortes do que a primeira, aponta um grupo de pesquisadores.  E mais: o estudo indica ainda que casos de reinfecções podem ser mais frequentes do que se imagina.

O artigo — que será publicado em maio, na revista Emerging Infectious Disease, — mostra que a reinfecção pode ser pelo mesmo vírus da primeira infecção e não depende das variantes.

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“Não é apenas o surgimento de novas variantes que explica essas ondas maiores, mas certamente o fato de indivíduos que tiveram casos muito brandos sustentarem novos processos de replicação viral, ou seja, eles permanecem vulneráveis após o primeiro episódio, aumentando a chance de atingir aquelas pessoas que têm maior probabilidade de avançar para quadros mais graves”, explicou o pesquisador coordenador do estudo, Thiago Moreno, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz). O projeto teve parceria com o Instituto D’Or e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Covid-19: quem teve caso leve pode ter sintomas mais fortes em uma reinfecção

Como foi realizado o estudo

Entre março e dezembro de 2020, a força-tarefa de pesquisa da Covid-19 rastreou um grupo de 30 participantes semanalmente, independentemente de quaisquer sintomas, para detecção do novo coronavírus por RT-PCR em espécimes de esfregaço nasofaríngeo. No início e no acompanhamento, foram coletadas amostras de plasma, soro e esfregaço nasofaríngeo quinzenalmente ou em intervalos maiores se o paciente não estivesse disponível. As famílias foram incluídas mediante solicitação para serem testadas. Entre os participantes, 4 exibiram > 1 episódio de Covid-19 autolimitado leve com RT-PCR positivo. Para comparação, foram incluídos controles pareados por idade do mesmo grupo de participantes no Rio de Janeiro. Os controles foram compostos por cinco pessoas negativas para o novo coronavírus durante todo o período investigado.

Para a análise quantitativa dos anticorpos IgM, IgA e IgG da proteína spike SARS-CoV-2, foi realizado o teste S-UFRJ desenvolvido na Universidade Federal do Rio de Janeiro.  Os pesquisadores coletaram amostras de plasma em tubos contendo EDTA.

Resultados

Os dados mostram que para a parcela da população que tem a doença na forma branda isso não significa que fique imune ou que uma reinfecção evolua de forma benigna. O estudo indica ainda que a reinfecção pode ser mais frequente do que se imagina.

O caso de ser infectado pela mesma variante acontece porque o paciente não teria criado uma memória imunológica. No caso de uma outra cepa, ela “escaparia” da vigilância, não seria reconhecida pela memória gerada anteriormente por ser um pouco diferente.

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“As pessoas só têm de fato a imunidade detectável depois de uma segunda infecção. Isso leva a crer que para uma parte da população que teve a doença de forma branda não basta uma exposição ao vírus, e sim mais de uma, para ter um grau de imunidade. Isso permite que uma parcela da população que já foi exposta sustente uma nova epidemia”, disse o pesquisador Thiago Moreno.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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