Covid-19: vacinação e doação de sangue

A disponibilidade de estoques de sangue é um problema real, que se intensifica em tempos de crise, como durante a pandemia de Covid-19.

A transfusão de hemocomponentes faz parte do manejo de diversos pacientes, particularmente os portadores de doenças hematológicas e os submetidos a procedimentos invasivos. A disponibilidade de estoques de hemocomponentes é um problema real, que se intensifica em tempos de crise, como durante a pandemia de Covid-19. No entanto, a segurança dos doadores e dos receptores deve ser priorizada.

Se, por um lado, a transfusão pode salvar vidas e melhorar a saúde dos indivíduos, por outro, pode levar a complicações agudas ou tardias, como qualquer outra intervenção terapêutica. Uma das possíveis complicações relacionadas ao procedimento é a transmissão de doenças infecciosas. Por isso, a seleção dos doadores é feita de forma cuidadosa e criteriosa. Já são conhecidos alguns critérios de inaptidão temporária ou definitiva para a doação de sangue, e a exposição a vacinas é um ponto a ser abordado nesta seleção.

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Atualmente, muito se tem discutido sobre a Covid-19 e as vacinas disponíveis. A vacinação contra a infecção pelo novo coronavírus é uma medida fundamental para conter o avanço da pandemia. Até o momento, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou o uso emergencial de duas vacinas no nosso país: CoronaVac (Butantan) e Oxford (AstraZeneca).

Covid-19: vacinação e doação de sangue

Indicação da ABHH

Inicialmente, a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) emitiu uma nota sobre a vacinação contra a Covid-19 em candidatos à doação de sangue. No documento de 12 de janeiro de 2021, destacou-se que ainda não havia uma regulamentação quanto ao tempo de inaptidão à doação após a vacinação, devendo ser respeitada a Portaria de Consolidação nº 05 do Ministério da Saúde, publicada em outubro de 2017:

  • Vacinas de agentes inativados: período de inaptidão de 48 horas;
  • Vacinas de agentes atenuados: período de inaptidão de quatro semanas.

Dias após a publicação, o Ministério da Saúde, por meio do Segundo Informe Técnico – Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, estabeleceu os períodos de inaptidão à doação de acordo com a vacina utilizada:

  • CoronaVac (vacina de vírus inativado): 48 horas após cada dose;
  • Oxford (vacina com vetor viral não replicante): sete dias após cada dose.

Saiba mais: O que fazer quando não se pode realizar transfusão sanguínea em um paciente?

Tais orientações estão de acordo com a Nota Técnica nº 12 da ANVISA, que institui os períodos de inaptidão de acordo com o mecanismo de ação de cada vacina:

  • Candidatos à doação de sangue que receberam vacinas de vírus inativado ou fragmento proteico sintético permanecem inaptos por período de 48 horas após a aplicação — exemplos: CoronaVac (China), Covaxin (Índia);
  • Candidatos à doação de sangue que receberam vacinas que utilizam vetores virais recombinantes não replicantes permanecem inaptos por período de sete dias após a aplicação — exemplos: Oxford (Reino Unido), Sputnik V (Rússia);
  • Candidatos à doação de sangue que receberam vacinas que utilizam RNA mensageiro ou DNA permanecem inaptos por período de sete dias após a aplicação — exemplos: Moderna (Estados Unidos), Pfizer (Estados Unidos/ Alemanha);
  • Candidatos à doação de sangue que não informarem de maneira segura sobre o tipo de vacina que receberam e, portanto, não sendo possível a identificação da tecnologia utilizada, permanecem inaptos por período de sete dias após a aplicação;
  • No caso de vacinas cujo protocolo prevê a utilização de mais de uma dose, os intervalos de inaptidão previstos estarão relacionados com cada aplicação;
  • Devem ser preservados os outros critérios previamente definidos pelas normativas vigentes, e os candidatos devem estar assintomáticos e em bom estado de saúde no momento da doação;
  • Não deve ser coletado plasma convalescente para Covid-19 de candidatos à doação de sangue que receberam vacinas contra Covid-19.

Mensagem final

Ressalta-se que, como ensaios clínicos estão em andamento e novas evidências científicas estão surgindo constantemente, conceitos e recomendações em relação à vacinação para a Covid-19 estão sendo atualizados periodicamente. Vacinas que venham a ser produzidas a partir de vírus atenuado devem obedecer ao tempo de inaptidão de quatro semanas, conforme a portaria de 2017.

Uma sugestão da ANVISA é a avaliação da necessidade de ações de mobilização da população para doação de sangue antes da vacinação, a fim de preservar o abastecimento dos estoques nos serviços de hemoterapia no Brasil.

Vale lembrar também que todo caso suspeito de reação transfusional deve ser notificado ao serviço de hemoterapia. Sendo assim, se houver suspeita de transmissão de Covid-19 por transfusão, a notificação é fundamental para investigação e demais condutas pertinentes.

Referências bibliográficas:

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