Craniectomia descompressiva no tratamento do TCE

A Craniectomia Descompressiva na TCE consiste na retirada de flap ósseo com abertura da dura-máter para alívio da hipertensão intracraniana (HIC).

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

O traumatismo cranioencefálico (TCE) é a principal causa de morbimortalidade no mundo em países em desenvolvimento. A mortalidade nestes casos é promovida por fatores secundários ao trauma em si, como o edema cerebral e a hipertensão intracraniana.

A Craniectomia Descompressiva (CD) é o procedimento cirúrgico de eleição que consiste na retirada de um flap ósseo com abertura da dura-máter para alívio da hipertensão intracraniana e diminuição dos efeitos deletérios do edema cerebral. Discutiremos, a seguir, os benefícios e incertezas do emprego da craniectomia descompressiva no tratamento do TCE.

Definição dos procedimentos:

  • Hemicraniectomia: Craniectomia descompressiva unilateral com retirada de um flap ósseo frontotemporoparietal.
  • Craniectomia Descompressiva Bifrontal: Remoção de osso bifrontal com extensão coronal e temporal bilateral.
  • Primária: Craniectomia utilizada para os casos em que é necessário drenagem de hematoma subdural agudo ou outro, sendo realizado no mesmo tempo cirúrgico a craniectomia descompressiva ou para antecipar futuro procedimento. Geralmente realizada nas primeiras 24 horas após o TCE.
  • Secundária: Craniectomia utilizada para tratamento de hipertensão intracraniana identificada após período de monitorização da pressão intracraniana (PIC).

O que dizem as evidências:

• Estudo DECRA: Em 2011, estudo multicêntrico envolveu 155 pacientes com TCE grave e hipertensão intracraniana moderada randomizados para craniectomia descompressiva bifrontal ou tratamento clínico.

Critério de elegibilidade: primeiras 72 horas após o TCE com PIC > 20 mmHg por mais de 15 minutos dentro do período de 1 hora (contínuo ou intermitente).

Resultados: Mortalidade similar em ambos os grupos (19% x 18%, respectivamente), sendo que pacientes que receberam tratamento cirúrgico foram pior classificados em 6 meses na Escala prognóstica de Glasgow (70% x 51%, respectivamente, p=0,02)

Escala de Coma de Glasgow – o que mudou e pode revolucionar a avaliação de TCE

• Estudo RESCUEicp Trial: Em 2016, estudo multicêntrico em mais de 20 países envolveu 408 pacientes com hipertensão intracraniana grave e refratária que foram randomizados para craniectomia descompressiva secundária (hemicraniectomia ou bifrontal) ou tratamento clínico.

Critério de elegibilidade: Pacientes em qualquer momento do TCE se a PIC > 25 mmHg por ao menos 1 hora sem resposta após as medidas de 1º e 2º linha.

Resultados: Redução na mortalidade em pacientes com craniectomia descompressiva (26,9% x 48,9%), porém com aumento do risco de estado vegetativo persistente.

• Estudo RESCUEicp-ASDH: Pesquisa em andamento estuda a melhor estratégia cirúrgica (craniectomia descompressiva primária ou secundária) para pacientes com hematoma subdural agudo. Estudo multicêntrico em 35 locais no mundo, e com condutas diferentes em diversos países, que não demonstra consenso sobre o tratamento.

Como percebido pelo resultado dos estudos, ainda há ampla divergência de resultados e as indicações de procedimentos precisam ser analisadas caso a caso. Uma limitação importante que esses estudos apresentam é que foram todos desenvolvidos em países de alta renda, enquanto 90% das mortes de pacientes com TCE grave ocorrem em países de baixa renda.

Referências:

  • Kolias, Angelos G., et al. “The current status of decompressive craniectomy in traumatic brain injury.” Current trauma reports 4.4 (2018): 326-332.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.

Especialidades