Cresce o número de hospitalizações de crianças por transtornos mentais

As crianças e adolescentes estão sofrendo mais com transtornos mentais e comportamentais no país, indica um estudo da SBP, com base em dados do Ministério.

As crianças e adolescentes estão sofrendo mais com transtornos mentais e comportamentais no país, indica um estudo da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), com base em dados do Ministério da Saúde.

Dados do levantamento mostram que as internações hospitalares no Sistema Único de Saúde (SUS) de jovens por conta de transtornos mentais aumentaram assustadores 107% nos últimos nove anos.

Quando consideradas apenas as hospitalizações relacionadas a transtornos de humor na faixa etária de dez a 14 anos, o índice sobe para 300%. No total, são quase 25 mil internações no período. Já na faixa etária de 15 a 19 anos, foram mais de 130 mil casos em uma década.

Conforme a médica do Departamento Científico de Desenvolvimento e Comportamento da SBP, Ana Márcia Guimarães Alves, é preciso que os médicos saibam identificar os diferentes sintomas que as faixas etárias apresentam.

“Mais perto da adolescência, a depressão vai se parecendo mais com a do adulto. É mais tristeza, melancolia. Já nas crianças menores podem ser medos excessivos, fobias, transtornos do sono, dificuldade em ganhar peso e no crescimento, adoecimentos frequentes, dores inexplicáveis”, explica Ana Márcia Alves.

adolescente conversando com terapeuta sobre transtornos mentais

Transtornos mentais em crianças e adolescentes

A avaliação da Sociedade Brasileira de Pediatria indica que o aumento das hospitalizações pode estar relacionado ao avanço da depressão no século 21. A maioria das ocorrências é motivada por quadros de transtorno de humor, estresse e outras doenças.

Entre as razões também estão registrados transtornos causados pelo uso de substâncias psicoativas, como medicamentos, alucinógenos, maconha e álcool. O aumento da intervenção dessa causa foi de 41%.

Para Ana Márcia Guimarães Alves é importante alertar aos pais que prestem atenção aos fatores ambientais que podem ser mais controlados, como o excesso de mídia e exposição a telas, a falta de limites e regras, a negligência dos pais, a falta de afeto, as agendas sobrecarregadas das crianças que têm que cumprir uma atividade intelectual muito grande e não têm tempo livre e até a falta de uma alimentação adequada.

Entre as situações de risco para identificar a propensão ao desenvolvimento de algum problema emocional estão a ocorrência de dificuldades emocionais durante gestação, o histórico familiar, as tentativas de suicídios, o estresse tóxico na infância, o abuso sexual, entre outros.

Na opinião da Sociedade Brasileira de Pediatria, o momento é de instrução para os pediatras identificarem melhor os quadros, o mais precocemente possível. E, se for preciso, encaminhar ao especialista. A orientação médica é que as famílias não ignorem a possibilidade de doenças, como a depressão e os transtornos psicológicos na infância.

O perigo dos transtornos alimentares

Para a psiquiatra Paula Hartmann, residente pela Universidade Federal Fluminense, foi muito válida a divulgação dos resultados da pesquisa, mas achou curioso que a Sociedade Brasileira de Pediatria focasse tanto nos transtornos de humor, sendo que uma importante causa de internação em clínicas pediátricas seja o transtorno alimentar.

Os principais sintomas físicos dos transtornos alimentares são peso abaixo do normal (IMC menor ou igual 17,5 CID-10), medo exagerado em engordar e distorção da imagem corporal. Apresenta como sintomas psíquicos o perfeccionismo, controle, rigidez, introversão, retração social e pensamentos obsessivos.

Leia também: Transtornos relacionados ao estresse aumentam o risco de infecções?

Presença de doença mental na família é sinal de alerta

Paula Hartmann também enfatiza que a presença de doença mental na família é um aspecto interessante a ser investigado pelos pediatras no momento da consulta com crianças e adolescentes.

“Um fator importante que está em vários artigos científicos é que filhos de pais com algum transtorno mental estão entre a população mais vulnerável. Isso deve ser um sinal de alerta para os pediatras. Lembrando que os transtornos mentais são, geralmente, multifatoriais, não tem uma causa única. Os transtornos de humor, por exemplo, apresenta uma genética forte, mas não somente isso”, esclarece a psiquiatra.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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