Crianças com TEA podem estar se desenvolvendo bem devido à dinâmica familiar

Estudo concluiu que desfechos positivos para crianças com transtorno do espectro autista (TEA) são mais comuns do que se acreditava.

Um estudo realizado no Canadá e publicado no jornal JAMA Network Open concluiu que desfechos positivos para crianças com transtorno do espectro autista (TEA) são mais comuns do que se acreditava anteriormente.

O TEA é uma condição vitalícia que afeta vários domínios do desenvolvimento. Entretanto, a prevalência e os atributos de desfechos positivos entre crianças com TEA durante a infância não são bem conhecidos. O objetivo desse estudo foi estimar a prevalência de um bom desempenho de acordo com as métricas de proficiência e crescimento e para investigar até que ponto existem associações significativas entre as variáveis da criança e da família e um bom desempenho infantil em pacientes com TEA. A questão que motivou a pesquisa foi: Qual é a prevalência de “estar indo bem” em cinco domínios de desenvolvimento (comunicação, socialização, atividades da vida diária, internalização, externalização), conforme avaliado pela proficiência e crescimento em crianças com TEA no meio da infância, e quais atributos das crianças e de suas famílias estão associados a isto?

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Crianças com TEA podem estar se desenvolvendo bem devido à dinâmica familiar

Características de estudo recente

Para responder essa pergunta, os pesquisadores realizaram um estudo de coorte longitudinal, incluindo crianças com TEA de diferentes regiões do Canadá. As relações com os pares, a comunicação e as habilidades de vida independente foram avaliadas usando escalas de socialização, comunicação e habilidades de vida diária do Vineland Adaptive Behavior Scales (VABS-II), uma entrevista semiestruturada que mede o comportamento adaptativo com pontuações padrão. Proficiência foi definida como uma pontuação padrão ≥ 85. Crescimento foi definido como melhora de, pelo menos, 1 desvio-padrão (DP) nos escores padrão (15 pontos) de T1 para T2. A melhora de 1 DP em ensaios clínicos é considerada um grande tamanho de efeito.

Os participantes foram amostrados 3 vezes entre as idades de 2 e 4,9 anos (Tempo 1 – T1) e duas vezes no acompanhamento na meia infância (Tempo 2 – T2). Essa é uma idade marcante, pois é quando as crianças fazem a transição para uma maior autonomia e as demandas sociais e acadêmicas estão aumentadas. O T1 foi composto por 3 pontos de dados durante a primeira infância (idades médias de 3,4, 4,0 e 4,5 anos). A coleta de dados para T1 começou em maio de 2005 e terminou em outubro de 2012. O T2 foi composto por 2 pontos de dados durante a meia infância (idades médias 8,7 e 10,8 anos). A coleta de dados para T2 começou em maio de 2009 e continuou até março de 2018. No T2, 64,6% da amostra original foi retida e avaliada.

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Os dados foram analisados no período de março de 2018 a janeiro de 2020. Foram realizadas avaliações de idioma e QI (quoeficiente de inteligência) na primeira amostra, além de renda familiar, enfrentamento dos pais e funcionamento familiar. A extensão em que linguagem, QI, renda familiar, enfrentamento dos pais e funcionamento familiar foram associados aos resultados avaliados foi determinada por regressão logística. A associação entre os resultados e os escores de classificação do Autism Diagnostic Observation Schedule (ADOS) também foi estimada.

Foram incluídas 272 crianças com TEA, sendo que 86% (234) eram meninos. A idade média dos pacientes foi de 10,76 anos. Os pesquisadores descreveram que entre 20 e 49% das crianças com TEA eram proficientes nos 5 domínios de desenvolvimento, enquanto 13 a 34% das crianças demonstraram crescimento. O bom desempenho foi associado a pontuações pré-escolares nesse domínio de resultado específico, bem como habilidades iniciais de linguagem, renda familiar e funcionamento familiar. Os pesquisadores estimaram que, aproximadamente 78,8% da amostra, estavam com resultados positivos por qualquer métrica em, pelo menos, 1 domínio. Era possível estar se desenvolvendo bem em proficiência ou crescimento e ainda atender aos critérios do ADOS para TEA. O ponto central da abordagem do estudo era mudar a definição de ‘bom resultado’ para ‘estar indo bem’. Os pesquisadores descreveram que esses resultados indicaram que uma renda familiar mais alta e um melhor funcionamento da família foram preditores importantes em vários aspectos de um bom desempenho, sugerindo que uma renda adequada e uma família mais estruturada podem ajudar a melhorar os desfechos para uma criança com TEA.

Mensagem final

Esse estudo reforça a utilidade potencial de se adotar uma abordagem baseada em pontos fortes para avaliações de desfechos, enquanto a importância da renda familiar e da funcionalidade nos lembram que as deficiências não existem fora de um contexto social. É importante avaliar quais tipos de abordagens, incluindo o fornecimento de recursos, podem ser aplicados para melhorar o acompanhamento de pacientes com TEA, melhorando sua qualidade de vida e de sua família.

Referências bibliográficas:

  • Szatmari P, Cost KT, Duku E, et al. Association of Child and Family Attributes With Outcomes in Children With Autism. JAMA Netw Open. 2021;4(3):e212530. Published 2021 Mar 1. doi:10.1001/jamanetworkopen.2021.2530

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