Crianças de 5 anos não entram no grupo prioritário da vacinação contra influenza

O Ministério da Saúde retirou as crianças de cinco anos do grupo prioritário da campanha de vacinação contra a influenza deste ano.

O Ministério da Saúde retirou as crianças menores de cinco anos do grupo prioritário da campanha de vacinação contra a influenza deste ano. A decisão foi acertada com estados e municípios, segundo a pasta.

A estimativa é imunizar 76,5 milhões de brasileiros, incluindo idosos, gestantes, trabalhadores da saúde e crianças de seis meses a quatro anos. A campanha vai acontecer entre os dias 4 de abril e 3 de junho.

De acordo com a nota técnica publicada pelo Ministério da Saúde, o objetivo é atingir, no mínimo, 90% de cada um dos grupos prioritários: crianças, gestantes, puérperas, idosos a partir de 60 anos, povos indígenas, professores e trabalhadores da saúde.

O número de doses oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) não foi reajustado em relação ao ano passado. No total, serão distribuídas aos estados e municípios 80 milhões de doses da vacina contra a influenza.

Segundo o ministério, no caso das crianças de seis meses a menores de cinco anos que já receberam ao menos uma dose da vacina ao longo da vida em anos anteriores, deve-se considerar o esquema vacinal com apenas uma dose em 2022. Já para os pequenos que serão vacinados pela primeira vez, a orientação é agendar a segunda dose de reforço da vacina contra a influenza para 30 dias após a primeira.

Esse ano, a vacina de influenza trivalente utilizada pelo SUS – que é produzida pelo Instituto Butantan – será eficaz contra as cepas H1N1, H3N2 e tipo B.

Especialistas criticam a mudança

Especialistas criticaram a exclusão do público da vacinação prioritária contra a influenza. Para a pediatra Roberta Esteves Vieira de Castro, editora de Pediatria do Portal PEBMED, a medida é um retrocesso.

“Desde 2015, a cobertura vacinal em crianças tem diminuído em todo o território brasileiro. Doenças preveníveis, como poliomielite e sarampo, têm retornado, justamente por essa baixa cobertura. Reduzir a faixa etária apta à vacinação é um retrocesso na prevenção, deixando milhares de crianças e suas famílias expostas a doenças que podem deixar sequelas irreversíveis ou levar ao óbito. É importante que, a cada consulta, o pediatra ou o médico de família verifiquem o calendário vacinal da criança”, ressaltou Roberta Castro.

Na opinião do pediatra e sanitarista Daniel Becker, o momento exige um aumento da cobertura vacinal e não a sua redução. “No momento onde temos uma queda progressiva das coberturas vacinais, onde tivemos uma liberação quase total de máscaras, onde as crianças estão vindo de dois anos de estresse tóxico, confinadas dentro de casa, sem contato com a natureza e outras crianças e muitos outros fatores de estresse, retirar um grupo etário da vacinação da gripe é um retrocesso enorme”, afirmou o especialista, que acrescentou que a mudança pode causar confusão na população, uma vez que a adesão das crianças de cinco anos já é realizada a alguns anos.

Leia também: Vacinação contra Influenza e a redução de antibioticoterapia ambulatorial

“Nós estamos com uma queda de cobertura vacinal desde 2016-2017 muito importante. Já tivemos 95% de cobertura de pólio, mas hoje temos 70%. Em relação ao sarampo, somos o único país das Américas com transmissão sustentada da doença. O sarampo se instalou novamente no Brasil, uma enfermidade muito grave, muito perigosa para as crianças. Por isso mesmo deveríamos estar imunizando muito mais crianças, não menos”, concluiu Daniel Becker.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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