CRM na mão: dicas para não queimar a largada

Neste relato, a médica Dayanna Quintanilha conta como foram seus primeiros passos na carreira, a partir de quando conquistou o CRM até o presente momento. Confira:

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Acordei às 7h, aquele era um dos dias mais felizes da minha vida. Depois de seis anos, eu seguia para o Cremerj para passar um dia quase inteiro esperando em uma fila gigante para pegar o tão almejado CRM. A situação, obviamente, não foi tão glamourosa quanto o que significava aquela conquista. Depois, ainda seguimos para uma loja em um beco no centro do Rio, para comprar o carimbo. Afinal, já tinha plantão no dia seguinte! O primeiro plantão, a primeira
carimbada.

Naquela época (que não tem tanto tempo assim), eu fui tomada por uma mistura de êxtase e pavor. De um lado, a alegria de um sonho conquistado, do outro a responsabilidade de assumir um plantão para o qual parece que nunca estamos de fato preparados. Fiz uma lista de coisas que eu gostaria de ter lido há dois anos e meio quando essa avalanche de emoções ao me tornar médica começou.

1) Comece trabalhando em lugares conhecidos com pessoas confiáveis

Lembro que antes de ir para os primeiros plantões, eu ficava relendo várias anotações na tentativa de aliviar um pouco a insegurança. Cada pessoa tem seu próprio tempo, eu devo ter demorado uns três meses para conseguir ir para o plantão sem achar que eu estava indo para uma forca. O tempo e a experiência são os melhores remédios. Talvez a experiência de outra pessoa te ajude muito também.

Nos seus primeiros plantões, procure estar em lugares que passem confiança, cercado de pessoas com quem possa compartilhar suas dúvidas. Fuja das furadas, tipo aquele plantão que paga super bem no fim do mundo e que você não conhece ninguém. Priorizar começar nos lugares em que você estagiou quando interno, é um ótimo começo.

2) Não queira ganhar em um mês o que você não ganhou a vida toda

É natural querermos recuperar nosso tempo perdido no sentido financeiro. Afinal, foram muitos anos economizando para se formar. Vi amigos fazendo 72h direto de plantão, outros até mais. Eu, particularmente, não rendo bem quando fico muito tempo trabalhando, sinto-me, inclusive, deprimida. Uma pesquisa divulgada recentemente mostrou que passar muitas horas no trabalho foi um dos principais fatores associados ao burnout médico. Além disso, as chances de erro médico aumentam substancialmente.

3) Estude antes, durante e depois do plantão

Quando eu tinhasete anos eu dizia que queria ser médica e minha tia falava que eu ia ter que estudar a vida inteira. Ou seja, entrei nessa sabendo. Uma das melhores formas de consolidar o conhecimento é conciliando teoria com a prática. Os casos que eu vejo nos plantões são a motivação que eu preciso para estudar. Durante o plantão, em geral, busco fontes mais objetivas e diretas que impactem diretamente a minha tomada de decisão, o Whitebook se encaixa muito bem neste perfil. Consigo acessar rapidamente os manejos das doenças, mesmo nos lugares em que minha internet não funciona. Além disso, o aplicativo me socorre nos cálculos de doses e infusões das medicações. Entre os plantões, prefiro ler artigos sobre os temas que eu vi na prática, pesquiso principalmente no pubmed, uptodate e nas postagens do nosso portal.

4) Não siga o comportamento de manada

”Todo mundo faz residência” “todo mundo estuda pelo cursinho X” e a gente se sente muitas vezes na obrigação de atender a todas as expectativas dos que nos cercam. Escolha sua especialidade no seu tempo. Vejo muitas pessoas que começam a residência e desistem ou trocam de especialidade. Eu admiro quem não se acomoda em suas
próprias escolhas ou nas escolhas alheias.

Lembro que quando comecei a estudar para a residência eu era uma das poucas pessoas da minha turma que não fazia o cursinho mais famoso. Eu acabei optando por não fazer cursinho nenhum por falta de grana mesmo. Estudava em casa com um grupo de amigas e com materiais que me emprestaram. A insegurança de estar estudando sem cursinho pesava, porém a leveza de não estar sendo cobrada por pagar uma fortuna para estudar para uma prova me ajudou a ir bastante calma para os concursos e consegui as aprovações que eu tanto sonhava. Não estou dizendo “não façam cursinhos”. O que quero ressaltar é: tracem seus próprios caminhos,

5) Se necessário, peça ajuda. Não tenha medo de dizer “Eu não sei”

Li recentemente um texto em que um residente pedia um conselho ao seu mentor sobre seu início na residência médica e recebeu a seguinte resposta:

“ Nunca tenha medo de dizer eu não sei. Na minha carreira, vi centenas de médicos que não conseguem pronunciar essas palavras. Eles geralmente são aqueles que são queimados. Eles são aqueles que gritam com você quando você os consulta pelo telefone. São eles que deixam a medicina, de um jeito ou de outro ”.

O tempo passa e fica cada vez mais difícil falarmos “eu não sei”. Corremos um sério risco de nos tornarmos clínicos inseguros e isolados, escondidos atrás de fachadas de confiança. Isso pode nos levar a péssimos resultados. Quem assume a humildade intelectual, tem uma curiosidade estimulante, trabalha melhor em equipe e cria um
ambiente propício ao aprendizado.

Então, para você que acabou de se formar:

Este turbilhão de emoções vai passar. Em breve, os plantões serão naturais em sua rotina. Porém, mesmo que o tempo passe e suas responsabilidades aumentem, olhe sempre para trás e recupere sua maior qualidade da época em que era interno: não tenha medo de abraçar o “eu não sei”. Vocês farão a si mesmos e aos seus pacientes
um ótimo serviço. Se você se identificou com algo do que escrevi ou tem algum tipo de crítica, por favor deixe um comentário. Estou ansiosa para me comunicar com você através do nosso Portal PEBMED ou do meu instagram: @dayquintan

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