CROI 2021: risco cardiovascular em pacientes HIV

Uma grande preocupação é risco cardiovascular aumentado em pacientes HIV. Confira os estudos sobre o assunto apresentados no CROI 2021.

Uma grande preocupação dos profissionais que cuidam de pacientes com HIV é o risco cardiovascular aumentado nessa população, com um risco 40-80% maior do que o da população não infectada pelo vírus. Dois trabalhos em relação ao assunto foram apresentados na Conference on Retoviruses and Opportunistic Infections (CROI) 2021.

médico avaliando risco cardiovascular de paciente HIV com hipertensão

Risco cardiovascular e HIV

O primeiro estudo tenta quantificar o quanto pessoas com HIV conseguem controlar com sucesso hipertensão arterial sistêmica (HAS), dislipidemia e diabetes mellitus (DM) e avaliar a associação do status sorológico para HIV com o risco cardiovascular de acordo com o grau de controle dessas comorbidades.

Tratou-se de um estudo de coorte com controles pareados por idade, sexo e etnia. Pacientes com HIV e doença cardiovascular conhecida foram excluídos. As populações de pessoas com e sem HIV foram semelhantes em termos de idade e prevalência de HAS, DM e dislipidemia. Entretanto, indivíduos com HIV nessa coorte apresentavam maior proporção de comorbidades e depressão.

Em relação ao controle das comorbidades, não houve diferença entre a população com HIV e os sem HIV entre o grau de controle de HAS, DM e dislipidemia. Os dados mostram que pacientes HIV apresentaram níveis ligeiramente mais elevados de triglicerídeos, mas valores de HbA1C menores.

Para o risco cardiovascular, em pacientes com HIV:

  • Sem história de dislipidemia, HAS ou DM, o risco cardiovascular foi 26% do que em pacientes sem infecção pelo HIV;
  • Não houve diferença no risco cardiovascular para os com controle adequado de DM e dislipidemia;
  • Para os com controle adequado de HAS, o risco foi 35% maior. Para os com HAS não controlado, esse valor foi de 91%.

Inflamação e risco cardiovascular

O segundo trabalho procurou avaliar a relação de inflamação e risco cardiovascular em pacientes com HIV de acordo com o sexo.

Em um estudo de coorte de pacientes HIV positivos com supressão virológica por pelo menos 1 ano, os autores invetsigaram a incidência de eventos adjudicados: IAM, AVC e TVP. Critérios de exclusão incluíram infecção aguda, hospitalização ou terapia imunossupressora no período de três meses desde inclusão.

Entre os marcadores investigados, nenhum esteve associado como preditor de AVC (o que pode ser explicado pela baixa frequência desse evento na coorte), enquanto praticamente todos foram bons preditores de mortalidade por todas as causas e de IAM tipo2. Para IAM tipo 1 e TVP alguns tipos de biomarcadores se sobrepõem, enquanto alguns são exclusivos para IAM tipo 1. Esses resultados sugerem diferentes caminhos na cascata de inflamação envolvidos nos diferentes eventos.

Comparando homens e mulheres, marcadores inflamatórios estavam mais elevados em mulheres. Quando somente indivíduos com mais de 47 anos, embora ambos os sexos tenham apresentado aumento nos níveis desses biomarcadores, o aumento foi mais expressivo em mulheres. Esses achados podem ser uma explicação para o fenômeno de aumento no risco cardiovascular nas mulheres após a menopausa.

Mensagens práticas

  1. O controle adequado de dislipidemia e DM esteve associado com menor risco cardiovascular.
  2. O risco cardiovascular em pacientes hipertensos permanece importante mesmo em pacientes com controle adequado da pressão arterial. Entretanto, para os que apresentam HAS não controlada, o risco é 91% maior do que o da população não infectada pelo HIV.
  3. Esses resultados reforçam a necessidade de controle de comorbidades e atenção para adoção de medidas com efeito protetor para o sistema cardiovascular.
  4. Mulheres parecem apresentar níveis mais elevados de marcadores inflamatórios, os quais correlacionam-se com a ocorrência de eventos cardiovasculares.
  5. A diferença encontrada nos níveis de biomarcadores pode sugerir que haja diferenças relacionadas ao sexo no status inflamatório dos indivíduos. Implicações desse fenômeno podem incluir a inadequação de generalizar resultados de ensaios clínicos cuja amostra seja predominantemente formada por homens.

Confira outros destaques do CROI 2021:

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