CROI 2022: esteatose hepática em pessoas com HIV

Uma das abordagens da CROI 2022 é o manejo de comorbidades em indivíduos convivendo com HIV. A esteatose hepática ganhou um espaço especial.

Uma das abordagens da Conferência de Retrovírus e Infecções Oportunistas 2022 (CROI 2022) é o manejo de comorbidades em indivíduos convivendo com HIV. Entre essas comorbidades, a doença hepática crônica ganhou um espaço especial, versando sobre aspectos de esteatose hepática nessa população.

médico conversando sobre esteatose hepática e HIV

NAFLD: o que é?

A esteatose hepática (ou NAFLD – non alcoholic fatty liver disease) é considerada uma manifestação hepática da síndrome metabólica, caracterizando-se pela presença de esteatose no fígado na ausência de causas secundárias como álcool ou esteroides.

A doença ocorre em um espectro, desde esteatose simples, passando pela fase de esteato-hepatite (NASH), fibrose e cirrose. Obesidade e síndrome metabólica são consideradas fatores de risco importantes para seu desenvolvimento.

Esteatose hepática na população convivendo com HIV

A prevalência global de esteatose hepática é estimada em 25% e pode ser ainda mais frequente em indivíduos vivendo com HIV. Entretanto, não há muitos guidelines sobre o manejo dessa condição nessa população.

O guideline do EACS orienta rastreio com marcadores não invasivos e escores, como FIB-4 e NFS (NAFLD Fibrosis Score), para determinar se o paciente apresenta um grau significativo de fibrose. Entretanto, a performance desses marcadores pode não ser tão boa em pacientes com HIV e biópsia hepática para avaliar o grau de doença deve ser considerada.

A técnica de Coeficiente de Atenuação de Parâmetro (CAP) tem boa acurácia para o diagnóstico de NAFLD em pacientes sem HIV e recentemente foi validado em alguns centros em pacientes com monoinfecção por HIV, mantendo boa acurácia.

Dados longitudinais de NAFLD na população de indivíduos convivendo com HIV são raros. Em estudos que comparam pacientes com HIV e com coinfecção HIV/HCV, a taxa de progressão de fibrose foi maior em pacientes com monoinfecção. Em outros estudos, a presença de esteatose e a duração da infecção pelo HIV foram encontrados como fatores de risco para progressão para fibrose.

Manejo de NAFLD em pacientes com HIV

Ainda é debatido o papel dos antirretrovirais na progressão da NAFLD.

O uso de inibidores de integrasse (INI) está associado a ganho de peso, mas o impacto em esteatose permanece incerto. Um estudo realizado com 39 pacientes com coinfecção HIV/HCV e com diagnóstico de esteatose hepática por CAP > 238 dB/m avaliou a troca de efavirenz (EFV) por raltegravir (RAL). Após 48 semanas, a proporção de pacientes sem esteatose foi maior no grupo que passou a receber RAL em comparação com o que continuou a receber EFV (47% vs. 15%, respectivamente).

Ainda não há medicamentos aprovados para o tratamento de NAFLD ou NASH. O manejo principal é com mudanças de estilo de vida, especialmente perda de peso. Estudos em pacientes sem HIV sugerem que uma perda de peso de 10% em relação ao peso inicial seria suficiente para induzir regressão de NASH e fibrose. Contudo, um estudo pequeno com 27 estudos mostrou que vitamina E por 24 semanas pode ter benefício na população de indivíduos com HIV para evitar a progressão de esteatose hepática. Outras drogas, como tesamorelina e aramchol, também foram avaliados em estudos pequenos, mostrando alguns benefícios.

Estamos acompanhando o CROI 2022. Fique ligado no Portal PEBMED!

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