Cuidados de enfermagem frente ao delirium tremens

O delirium tremens é um quadro complexo considerado uma emergência clínica e também um distúrbio psiquiátrico. Saiba mais.

O delirium é um quadro complexo considerado uma emergência clínica e também um distúrbio psiquiátrico. É uma condição secundária a doença física, intoxicação farmacológica, abstinência quanto ao uso de drogas, álcool e medicamentos. O delirium é uma síndrome neuropsiquiátrica muito comum seja no idoso ou a questão da abstinência. A condição pode levar a condições críticas por complicação, seja ao coma e a morte. Inicia-se por uma alteração cognitiva aguda, de evolução rápida, com alteração de consciência, desatenção, problemas de memória, dificuldade no pensamento, na percepção e comportamento. Vamos compreender o delirium específico conceituado como delirium tremens, mais voltado às questões psiquiátricas, especificamente aquelas ligadas ao uso de álcool.

Com frequência, o delirium é reversível mas necessita de rápida intervenção para evitar complicações. A palavra delirium, usada na sua forma latina, representa estados diversos e transitórios de confusão mental, marcados por perturbações da consciência, distúrbios psicomotores e distúrbios do sono e alteração na vigília.

delirium tremens na enfermagem

Características do delirium tremens

É um estado convulsional brevemente diferente de outros delirium de mal orgânico. É provocado pela abstinência alcoólica absoluta ou relativa em pessoas com graves dependências. Podemos considerar como quadro mais grave da síndrome de abstinência alcoólica, que pode ser compreendida como um conjunto de sinais e sintomas que aparecem após o cessação e redução do uso de álcool para aquelas pessoas que já se encontram em quadros crônicos. 

Se caracteriza principalmente pela agitação psicomotora, principalmente tremor, distúrbios do sono, acatisia, estado confusional agudo, hipertensão, taquicardia, alucinações visuais e táteis. Fatores de risco para o mal são considerados em diversos estudos com relação com alterações plaquetárias ou eletrolíticas, infecções, alteração enzimática e idade avançada. A síndrome de abstinência é resultado de um processo de neuroadaptação, que se relaciona com a síndrome de abstinência do álcool. Esta é resultado de um desequilíbrio do sistema nervoso central em relação ao álcool que torna o SNC mais sensível à redução ou ausência do mesmo. Na maioria das vezes as síndromes de abstinência são relativamente brandas e de evolução benigna. Mas algumas vezes pode ocorrer complicações, com piora exacerbada do quadro e do nível de consciência. Dessa maneira temos na progressão do quadro o delirium tremens.

A complicação característica possui início cerca de 72 horas após o último consumo de álcool, podendo ir de 2 a 6 dias. O delirium tremens é uma condição de urgência com relação direta com a mortalidade, mas possui opções rápidas de tratamento que podem facilmente reverter o quadro.  O maior problema é a estimulação autonômica  com a presença dos distúrbios do sono (insônia, agitação noturna), associado a outras complicações psicomotores como inquietação ou letargia, além daquelas  emocionais sendo as mais comuns a ansiedade, a depressão, e a irritabilidade. É comum o estado confusional flutuante, com grave desorientação temporal e espacial, prejuízo da memória anterógrada e graves distúrbios psicomotores como supra citado.

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A condição emocional da pessoa pode ser flutuante, com estados alternativos de ansiedade, depressão, temor e raiva, com grande labilidade afetiva. Alucinações visuais são comuns, a clássica descrita pela literatura diz respeito a visualização de pequenos animais como insetos, além de alucinações auditivas, fazendo com que a pessoa escute vozes. O terror marcado por uma intensa ansiedade pode causar grave agitação psicomotora. É necessário a internação absoluta da pessoa. Os pacientes devem ser avalidados em suas condições. O delirium tremens não ocorre nas síndromes de abstinências alcoólicas leves, que já devem receber intervenções não farmacológicas para impedir o agravamento do quadro, tais como: diminuição de ruídos, de luz. Locais iluminados ou abertos podem provocar fenômeno conhecido por sundowning.

Atendimento

Nos casos onde o delirium tremens é observado pode haver necessidade de rápida intervenção da equipe de enfermagem podendo ser prescrita a contenção mecânica e farmacológica pela agressividade e agitação psicomotora, verificação dos sinais vitais de forma atenta pela equipe, uma vez que a descarga adrenérgica pode causar aumento da freqüência e pressão arterial. Atentar-se com os níveis de glicose, realizando constantemente o hemoglicoteste. A equipe de enfermagem deve se atentar para o estado confusional, sendo este constantemente avaliado e monitorado durante toda a internação. Além disso, condutas desagregadas, agressivas e suicidas devem estar em vigília e fazer parte do plano de cuidado, pois são plausíveis de acontecer. O tratamento benzodiazepínicos e neurolépticos requer a atenção da equipe de enfermagem, principalmente por seus efeitos. 

Considerações

Lembre-se que a família do paciente deve ser orientada quanto à gravidade do caso, assim como a evolução da doença. A sintomatologia agressiva do delirium tremens pode contribuir para uma desagregação psíquica dos familiares que muitas vezes não sabem lidar com o adoecimento. É comum que estes fiquem bastante impressionados com o episódio. Por esse motivo estes devem ser acolhidos pela equipe de enfermagem que deve explicar quanto ao quadro clínico. 

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Referências bibliográficas:

  • American Psychiatric Association (APA). Practice guideline for the treatment of patients with delirium. NY: APA; 2021.
  • Bastos Alessandra Soler, Beccaria Lúcia Marinilza, Silva Daniele Cristiny da, Barbosa Taís Pagliuco. Identificação de delirium e delirium subsindromático em pacientes de terapia intensiva. Rev. Bras. Enferm.  Apr;  72( 2 ): 463-467, 2019.
  • Gonçalves, Otávio Henrique Polles, Pellissari, Gabriela Manfron, & Paiva, Henrique Soares. (2020). Benzodiazepínicos e o tratamento do delirium: uma revisão da literatura. Revista da Associação Médica Brasileira , 66 (7), 998-1001. Epub 24 de agosto de 2020.
  • Villar L. Síndrome de dependência alcoólica em serviços de emergência: protocolo de avaliação para a prática profissional de enfermagem. Enfarmaria Global, Nº 41 Enero 2016

 

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