DEIC 2022: confira os destaques do Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Em Curitiba ocorreu o Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca, uma realização do Departamento de Insuficiência Cardíaca da SBC.

Entre os dias 30 de junho e 2 de juulho, em Curitiba, ocorreu o Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca, uma realização do Departamento de Insuficiência Cardíaca da Sociedade Brasileira de Cardiologia. O evento contou com participantes nacionais e internacionais e discutiu pontos importantes para diagnóstico, tratamento e prevenção da patologia. O ponto alto do congresso foi o lançamento simultâneo da Diretriz Brasileira de Miocardites 2022.

DEIC 2022 confira os destaques do Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Quais outros assuntos foram importantes no Congresso?

Insuficiência cardíaca aguda

A IC aguda pode ocorrer como um evento “novo”, isto é, em pacientes sem cardiopatia prévia, ou como a agudização de uma IC crônica. O perfil hemodinâmico e o manejo inicial são diferentes nas duas formas. Em geral o doente “crônico-agudizado” apresenta uma hipervolemia maior que o doente “agudo-novo” e, com isso, se beneficia mais de uma estratégia diurética, incluindo uma discussão do uso precoce da furosemida em pacientes bem perfundidos — o chamado tempo “porta-furosemida”.

Outro aspecto muito enfatizado é a importância da otimização do tratamento pleno da IC. As drogas com impacto em sobrevida devem ser iniciadas ainda na internação hospitalar e constarem na prescrição de alta do paciente. Um programa de acompanhamento pós-alta é também fundamental, a fim de avaliar a adesão à dieta hipossódica, mudanças do estilo de vida, atenção ao calendário vacinal e adesão ao tratamento. As medicações que não podem faltar na alta incluem: betabloqueadores, sacubitril-valsartana, espironolactona (ou, em breve, a finerenone) e um inibidor iSGLT2 (empaglifozina ou dapaglifozina).

Insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP)

A maior novidade na ICFEP foi a aprovação do uso da empaglifozina para o tratamento, baseada principalmente nos resultados do estudo EMPEROR-preserved. Além disso, discutiu-se também o tratamento orientado por fenótipos, a utilização de escores para auxiliar o médico no diagnóstico (HFA-PEFF e o H2FPEF), o uso de biomarcadores e a importância da avaliação do paciente durante esforço físico — muitos pacientes têm exames no limite da normalidade quando em repouso, mas ao serem submetidos à esteira ou ergometria, apresentam sinais de disfunção diastólica, congestão e hipertensão pulmonar.

Amiloidose

Uma causa frequente, porém até há pouco tempo subdiagnosticada, de ICFEP é a amiloidose. Como comentado em reportagem recente do nosso portal, o diagnóstico deve ser suspeitado em casos de ICFEP com “apical sparing” no ECO, FA de baixa resposta, ECG com baixa amplitude, e na presença de sintomas neurológicos, como neuropatia periférica e síndrome do túnel do carpo (para uma lista completa de “red flags”, clique aqui). A ressonância magnética, a cintilografia com pirofosfato e a análise de mutações genéticas são as principais ferramentas diagnósticas e para alguns tipos de amiloidose, há tratamento disponível, como o tafamidis.

ICFER avançada

Na insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER), alguns pacientes evoluem com sintomas refratários a despeito da terapia medicamentosa otimizada. Aqueles com BRE no eletrocardiograma podem se beneficiar do marcapasso ressincronizador. Além disso, este grupo de pacientes estágio D deve ser referenciado a um centro especializado. A ergoespirometria é uma ferramenta importante, e ainda menos disponível que o desejado, pois permite a estimativa da VO2 e o encaminhamento do paciente para a fila de transplante cardíaca. Houve, ainda, destaque no congresso para o suporte circulatório mecânico como forma de compensação do paciente grave, seja como ponto para transplante (ex: Centrimag e TandemHeart), seja como terapia de destino naqueles com contraindicação (ex: HeartMate III).

Se você gostou e quer assistir às aulas, ainda dá tempo! O congresso está disponível ainda em formato virtual no site do evento.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Matsue Y, et al. Time-to-Furosemide Treatment and Mortality in Patients Hospitalized With Acute Heart Failure. J Am Coll Cardiol. 2017 Jun 27;69(25):3042-3051. DOI: 10.1016/j.jacc.2017.04.042.
  • Fernandes Silva MM, et al. Tópicos Emergentes em Insuficiência Cardíaca: Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Preservada e Intermediária. 2020 Nov; 115(5): 949–952. DOI: 10.36660/abc.20201105