Depressão atinge mais de 1/3 de pais de crianças afetadas pelo zika

Cerca de 36,5% dos pais de crianças com a síndrome congênita do zika vírus apresentam diagnóstico de depressão, afirma estudo.

Cerca de 36,5% dos pais de crianças com a síndrome congênita do zika vírus apresentam diagnóstico de depressão, afirma estudo liderado pelos pesquisadores do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Ainda segundo os pesquisadores, foram identificados atrasos significativos no desenvolvimento cognitivo, motor e na linguagem das crianças que nasceram com microcefalia ou outras alterações neurológicas causadas pela zika.

De acordo com o levantamento realizado através dos dados da Vigilância Epidemiológica Municipal de Salvador, a capacidade cognitiva, a exemplo da percepção, memória e raciocínio, foi identificada com atraso pela escala de avaliação Bayley em 79,4% das crianças com a síndrome congênita.

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Já em relação ao desenvolvimento motor, responsável por atividades como agarrar objetos, andar e pular, o percentual de atraso foi percebido em 81,7% delas. A linguagem também revelou atraso em 77,9% dos casos.

“No momento da avaliação, essas crianças tinham, aproximadamente, 3 anos, mas o funcionamento mental correspondia, em média, a mais ou menos 1 ano de idade”, observa a professora Darci Neves (ISC/UFBA), coordenadora do estudo.

mulher com as mãos na cabeça por depressão por zika

Zika: iniciativa

Criado após o surto da doença, em 2015, o projeto Desenvolvimento Infantil na Comunidade (DICa) acompanha essas crianças no contexto da atenção básica. “É uma proposta que envolve ideias inovadoras na questão do cuidado da primeira infância e na inclusão social”, explica Darci Neves.

Para chegar aos resultados, os pesquisadores avaliaram 165 crianças com a síndrome congênita do zika vírus em Salvador. O número representa 75% do total de 224 casos confirmados na capital baiana no período estudado.

Além da microcefalia, a síndrome congênita abrange problemas motores e neurológicos que podem afetar a visão, a audição e o desenvolvimento da criança.

Entre bolsistas, profissionais e consultores, cerca de 60 pessoas participaram da elaboração e execução do projeto. O grupo de pesquisadores comparou o desenvolvimento dessas crianças a um grupo de 100 outras famílias vizinhas, cujos filhos nasceram no mesmo período, mas que não sofreram alterações causadas pela zika.

Enquanto um grupo acompanhava o desenvolvimento na própria casa da criança, outra equipe atuava nas unidades de saúde nos bairros de Cabula, Boca do Rio, Itapuã e Brotas, onde eram oferecidos atendimentos às famílias através de grupos de apoio psicológico e de estimulação.

“É importante ter um olhar sobre a saúde mental dos cuidadores. Cuidar de quem cuida dessas crianças vai ajudar também no próprio desenvolvimento delas”, destaca Ana Paula Medeiros, coordenadora das atividades de intervenção e de campo do DICa.

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As atividades de estimulação foram realizadas por profissionais de fonoaudiologia, fisioterapia ou terapia ocupacional, áreas intimamente ligadas à reabilitação. A participação só era permitida com a presença da criança e do cuidador. O objetivo era oferecer suporte para que as atividades de estimulação pudessem ser aprendidas e praticadas em casa pela família.

Para ampliar o olhar sobre o desenvolvimento das crianças, o projeto passou a adotar um tipo de consulta realizada com a participação simultânea de dois profissionais, sendo um da área de enfermagem e outro da psicologia, através da chamada interconsulta.

“Aproveitamos esse momento para orientar sobre brincadeiras que podem favorecer o desenvolvimento da criança e utilizando, ao mesmo tempo, o espaço para o cuidador falar de sentimentos”, explica Gabriela Evangelista Pereira, coordenadora do DICa para as atividades de desenvolvimento na puericultura.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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