Dermatite atópica em crianças: qual o hidratante mais adequado?

A dermatite atópica afeta cerca de 20% das crianças e é caracterizada por pele seca e inflamada, com prurido.

Segundo um estudo financiado pelo National Institute for Health and Care Research, nenhum tipo de hidratante é melhor do que outro no tratamento da dermatite atópica (DA) em crianças. Os resultados foram publicados em 24 de maio no periódico The Lancet Child & Adolescent Health.

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A DA (também conhecida como eczema atópico ou eczema) afeta cerca de 20% das crianças e é caracterizada por pele seca e inflamada, com prurido. O prejuízo na qualidade de vida relacionada à saúde é semelhante ao de muitas outras doenças crônicas em crianças, como diabetes e asma. Os emolientes tratam os sintomas da pele seca, atuam como uma barreira aos irritantes e podem ter propriedades anti-inflamatórias leves. De acordo com os pesquisadores, esse é o primeiro estudo no mundo que avaliou emolientes comumente usados para o tratamento da DA em crianças. O objetivo foi comparar a eficácia clínica e a segurança de quatro principais tipos de produtos (loções, cremes, géis e pomadas).

Dermatite atópica em crianças qual o hidratante mais adequado

Metodologia

Pesquisadores das universidades de Bristol, Nottingham e Southampton conduziram um ensaio de superioridade de fase 4 pragmático, individualmente randomizado, de grupo paralelo.

No período entre 19 de janeiro de 2018 e 31 de outubro de 2019, 12.417 crianças foram avaliadas quanto à elegibilidade. Para serem elegíveis, as crianças tinham que ter entre 6 meses e 12 anos de idade; ter DA diagnosticada por um profissional de saúde; ter DA leve ou pior (conforme determinado por uma pontuação superior a 2 na escala Patient Orientated Eczema Measure [POEM], preenchido pelos pais nos 28 dias anteriores); e a família tinha que estar disposta a usar o tipo de emoliente alocado aleatoriamente como o único hidratante por 16 semanas.

As crianças eram inelegíveis se tivessem sensibilidade conhecida para estudar emolientes ou seus constituintes, ou se um dos pais fosse incapaz de dar consentimento informado ou tinha escrita em inglês insuficiente para completar as medidas de desfecho.

As crianças foram aleatoriamente designadas para uso de loções, cremes, géis ou pomadas pelo período proposto de 16 semanas (1:1:1:1; estratificadas por centro e minimizadas pela pontuação inicial do POEM e idade, usando um sistema web-base).

A prescrição inicial do emoliente foi de 500 g ou 500 mL, a ser aplicado duas vezes ao dia e conforme a necessidade. As prescrições subsequentes foram determinadas pela família. Os pais preencheram diários sobre a DA de seus filhos por um ano, e alguns foram entrevistados para obter uma compreensão profunda de como usavam os hidratantes e o que pensavam deles. Todas as crianças também tiveram um exame independente de sua pele.

O desfecho primário foi a gravidade da DA relatada pelos pais ao longo das 16 semanas (POEM semanal), com análise atribuída aleatoriamente, independentemente da adesão, ajustando as variáveis de linha de base e de estratificação. A segurança foi avaliada em todos os participantes aleatoriamente designados.

Resultados

Quinhentos e cinquenta crianças foram aleatoriamente designadas para um grupo de tratamento: 137 para loção, 140 para creme, 135 para gel e 138 para pomada. O número de participantes que contribuíram com pelo menos duas pontuações POEM e foram incluídos na análise primária foram: 131 no “grupo loção”, 137 no “grupo creme”, 130 no “grupo gel” e 126 no “grupo pomada”.

A idade média basal foi de 4 anos. Dos 550 participantes, 295 (54%) eram meninos e 473 (86%) eram brancos. A pontuação média do POEM foi de 9,3.

Não houve diferença na gravidade da DA entre os tipos de emolientes ao longo de 16 semanas (valor p global = 0,77), com diferenças ajustadas aos pares de POEM de:

  • Creme versus loção: 0,42;
  • Gel versus loção: 0,17;
  • Pomada versus loção: –0,01;
  • Gel versus creme: –0,25;
  • Pomada versus creme: –0,43;
  • Pomada versus gel: –0,18.

Este resultado permaneceu inalterado após múltiplas análises de imputação, sensibilidade e subgrupo.

O número total de eventos adversos não diferiu significativamente entre os grupos de tratamento (p=0,79), embora o ardor fosse menos comum com pomadas (12/138 participantes [9%]) do que loções (28/137 [20%]), cremes (24/140 [17%]) ou géis (25/135 [19%]).

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Conclusões

Esse importante estudo demonstra que, ao contrário da crença popular de que alguns tipos de emolientes são melhores que outros, não foi encontrada diferença na eficácia entre os quatro principais tipos de hidratantes para a DA em pediatria. No entanto, sua aceitabilidade varia para diferentes pacientes, portanto, pais e filhos mais velhos precisam estar cientes das características e poder escolher entre esses quatro tipos. Os pesquisadores destacam que pesquisas futuras são necessárias para comparar novos emolientes ou aqueles que contêm umectantes, como a ureia.

Comentário

Um dos grandes obstáculos no tratamento da DA é a adesão ao tratamento. Não haver diferença na eficácia entre quatro tipos principais de apresentações de hidratantes facilita a aderência, melhorando a qualidade de vida do paciente, além de poder dar a opção de se adquirir produtos mais baratos e tão vantajosos quanto outros de custos mais elevados.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Ridd MJ, Santer M, MacNeill SJ, et al. Effectiveness and safety of lotion, cream, gel, and ointment emollients for childhood eczema: a pragmatic, randomised, phase 4, superiority trial [published online ahead of print, 2022 May 23]. Lancet Child Adolescent Health. 2022;S2352-4642(22)00146-8. DOI: 10.1016/S2352-4642(22)00146-8

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