Descontinuar o uso de estatinas em idosos pode impactar nos desfechos clínicos?

Estudo resolveu testar a retirada de estatinas em pacientes com 75 anos ou mais e avaliar a ocorrência de eventos cardiovasculares maiores.

Pacientes idosos costumam ser portadores de diversas patologias, a polifarmácia é comum nessa idade, muita das vezes com medicamentos que não provaram impacto em sobrevida. Além disso pacientes muito idosos são excluídos ou pertencem a uma minoria em grandes estudos randomizado, fazendo com que o uso de medicamentos que beneficiem essa população seja uma extrapolação dos resultados obtidos com pacientes mais jovens. Um estudo dinamarquês resolveu testar a retirada de estatinas em pacientes com 75 anos ou mais e avaliar a ocorrência de eventos cardiovasculares maiores (MACE).

Leia também: Há benefício de estatinas para prevenção primária em idosos?

Descontinuar o uso de estatinas em idosos pode impactar nos desfechos clínicos

Metodologia do estudo sobre estatinas

Tratou-se de um estudo coorte com pacientes que utilizavam estatinas há 5 anos ou mais desde 2011. O início do seguimento foi em dezembro de 2016 (ou seja, pelo menos 5 anos). Foram organizados dois grupos, um que manteve o uso das estatinas e um que descontinuou o remédio. Ambos foram avaliados para o desfecho primário de MACE (infarto agudo do miocárdio, AVC, ataque isquêmico transitório, revascularização coronariana e morte por AVC ou infarto).  Houve um cuidado de separar a análise dos resultados em relação aos pacientes que utilizavam estatina como prevenção primária (nunca tiveram MACE) daqueles em prevenção secundária (que já passaram por um MACE). No grupo de prevenção primária, 3.085 (37%) descontinuaram o uso e foram orientados a não reiniciar estatinas, e no grupo de prevenção secundária, 3.541 (36%) foram orientados a não reiniciar estatinas.

Saiba mais: O uso de estatinas em cuidados paliativos

Foram incluídos no estudo um total de 67.418 pacientes com 75 anos ou mais, sendo 27.463 no grupo da prevenção primária (média de idade de 79 anos, sendo 66% do sexo feminino) e 38.995 no grupo da prevenção secundária (média de idade de 80 anos  com 47% do sexo feminino). A duração média de seguimento foi de 5,5 anos nos pacientes da prevenção primária e 4,2 anos nos pacientes da prevenção secundária, houve perda de seguimento de 30 e 25% nos grupos respectivamente.

No grupo da prevenção primária ocorreram 9 eventos a cada 1.000 pacientes e um risco relativo ajustado 1,32 (IC de 95%, 1,18 -1,48), o que correspondeu a um excesso de MACE de 112 pessoas  por ano que pararam de utilizar as estatinas. No grupo da prevenção secundária foram 12 eventos para cada 1.000 pacientes e um risco relativo ajustado de 1,28 (IC de 95%, 1,18-1,39), correspondendo a um excesso de MACE de 77 eventos por pessoas que descontinuaram o medicamento por ano.

Conclusão

No fim os pesquisadores concluíram que nas pessoas que tomam estatinas por um longo período, a despeito da idade avançada (75 anos ou mais), a retirada do medicamento é prejudicial e esteve relacionada a mais eventos cardiovasculares. Ainda que não tenha sido um estudo randomizado com as partes cegadas os resultados já indicam que esses medicamentos são benéficos mesmo nessa idade.

Referências bibliográficas:

  • Thompson W, Morin L, Jarbøl, DE, et al. Statin Discontinuation and Cardiovascular Events Among Older People in Denmark. JAMA Netw Open. 2021;4:e2136802. doi:10.1001/jamanetworkopen.2021.36802

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.

Especialidades

Tags