Deve-se descontinuar as estatinas em pacientes terminais?

Há uma crescente conscientização de que a desprescrição, o processo de redução ou descontinuação de medicamentos sob prescrição, é importante para pacientes terminais. O manejo ótimo de medicamentos crônicos para esse subgrupo de pacientes é incerto. A desprescrição de medicamentos pode melhorar os desfechos nessa população, mas as preocupações dos pacientes são claras. Um estudo publicado …

Há uma crescente conscientização de que a desprescrição, o processo de redução ou descontinuação de medicamentos sob prescrição, é importante para pacientes terminais. O manejo ótimo de medicamentos crônicos para esse subgrupo de pacientes é incerto. A desprescrição de medicamentos pode melhorar os desfechos nessa população, mas as preocupações dos pacientes são claras.

Um estudo publicado em março de 2017 pelo Journal of Palliative Medicine quantificou os benefícios percebidos e as preocupações em relação à descontinuação de estatinas em pacientes com doença limitante da vida. Foram utilizados dados de um ensaio clínico multicêntrico e pragmático de descontinuação de estatinas.

As estatinas são medicamentos usados no tratamento da hipercolesterolemia e na prevenção da aterosclerose. São prescritas para reduzir o risco de ataques cardíacos e derrames. Os efeitos colaterais mais comuns das estatinas são cefaleia, dificuldade para dormir, dores musculares, sonolência e tontura.

Para o estudo foram incluídos pacientes cognitivamente intactos com uma expectativa de vida de 1-12 meses que receberam estatinas para prevenção primária ou secundária. As preocupações dos pacientes sobre a descontinuação das estatinas foram avaliadas por meio de um questionário.

Dos 297 participantes elegíveis, 58% tinham câncer, 8% doença cardiovascular e 30% outros diagnósticos primários. A média de idade foi de 72 (desvio padrão: 11) anos. Menos de 5% dos participantes expressaram preocupação de que a descontinuação das estatinas indicasse o abandono do médico.

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Cerca de um em cada cinco participantes relatou ter sido informado de tomar estatina pelo resto da vida (18%) ou sentiu que a descontinuação representava um esforço anterior desperdiçado (18%).

Muitos participantes relataram benefícios ao descontinuar as estatinas, incluindo menor gasto em medicamentos (63%), poderiam interromper outros medicamentos (34%), ter uma melhor qualidade de vida (25%) e resultar em sintomas reduzidos (19%). Mais participantes com doença cardiovascular como diagnóstico primário perceberam benefícios de qualidade de vida relacionados à descontinuação de estatinas (52%) do que os participantes com câncer (27%) ou diagnósticos de doenças não-cardiovasculares (27%) [p=0,034].

À medida que as doenças progridem e ocorre alterações nos cuidados em saúde, as discussões sobre o uso de medicamentos específicos devem ser revisadas regularmente. Com base nos resultados deste estudo pode-se concluir que poucos participantes expressaram preocupação com a descontinuação das estatinas, e muitos perceberam potenciais benefícios. Os pacientes com doença cardiovascular apresentaram impacto positivo da descontinuação das estatinas. Dessa forma, a desprescrição não deve ser tratada com preocupações sobre como tirar a esperança do paciente ou induzir o medo do abandono.

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Referências:

  • Tjia J, Kutner JS, Ritchie CS, Blatchford PJ, Kendrick REB, Prince-Paul M, et al. Perceptions of Statin Discontinuation among Patients with Life-Limiting Illness. J Palliat Med. 2017 May 18. doi: 10.1089/jpm.2016.0489.

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