Deve-se suspender amamentação na realização de exames de imagem contrastados?

Exames de imagem com contraste iodado ou à base de gadolíneo em lactantes pode gerar algumas preocupações com a amamentação. O que diz a literatura?

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A realização de exames de imagem com necessidade de contraste iodado ou à base de gadolíneo em lactantes pode gerar algumas preocupações tanto para o médico assistente quanto para a paciente. Especialmente no que diz respeito à excreção do contraste pelo leite materno e toxicidade para o lactente. O que diz a literatura? É necessário algum cuidado especial para essas pacientes?

Embora seja muito limitada, a literatura disponível sugere que a excreção desses agentes no leite materno e consequente absorção gastrointestinal pelo lactente é extremamente baixa. Por isso, a amamentação não deve ser suspensa nessas situações. É o que diz o Manual on Contrast Media, do American College of Radiology

A meia-vida plasmática do contraste iodado é em torno de 2 horas, com praticamente 100% de depuração em 24 horas em pacientes com função renal normal. Em função da baixa lipossolubilidade, menos de 1% é excretado no leite materno nas primeiras 24 horas. Dessa forma, a absorção pelo lactente é menor que 0,01% da dose intravenosa administrada à mãe. Isso corresponde a menos de 1% da dose recomendada caso essa criança necessitasse de administração de contraste iodado para realização de uma tomografia, por exemplo (que é em torno de 1,5-2ml/kg). 

Leia mais: Amamentação está associada com redução de doença hepática gordurosa?

Os riscos em potencial para a criança (como reação de hipersensibilidade e toxicidade direta) são teóricos e não foram reportados em nenhum estudo. Dessa forma, a probabilidade de efeitos adversos em crianças resultantes da ingestão do leite materno após administração de contraste iodado na lactante é extremamente baixa. 

O contraste à base de gadolíneo tem meia-vida e depuração semelhantes ao iodo. Menos de 0,04% da dose intravenosa materna é excretada pelo leite materno nas primeiras 24 horas após administração, sendo menos de 1% absorvido pelo trato gastrointestinal do lactente (que corresponde a 0,0004% da dose materna). Isso também corresponde a uma dose muito menor do que a recomendada para administração desse tipo de contraste em neonatos. Também não foram relatados efeitos adversos em lactentes. 

A lactante deve ser informada também de que, tanto o contraste iodado quanto o com gadolíneo, assim como outros medicamentos, podem alterar o sabor do leite materno, mas essa alteração é transitória. Se mesmo após essas orientações a lactante não se sentir confortável em manter a amamentação, ela deve ser informada de que não existe nenhum benefício em suspender o aleitamento por mais de 24 horas. Caso opte pela suspensão por 12-24 horas, as mamas devem ser ordenhadas e o leite desprezado até que se restabeleça a amamentação. 

 

Referências:

  • ACR Manual on Contrast Media – version 10.3 – 2017 – ACR Committee on Drugs and Contrast Media.

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