Devemos continuar as estatinas após ocorrência de eventos adversos?

Estudo observacional avaliou à relação entre a continuação da terapia com estatina (qualquer prescrição médica dentro de 12 meses após um evento adverso) e os resultados clínicos.

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As estatinas estabelecem efeitos benéficos na redução da mortalidade e de eventos cardiovasculares em pacientes com alto risco cardiovascular. Embora as diretrizes recentes recomendem o uso de estatinas para a prevenção secundária e amplamente defendem seu uso na prevenção primária das doenças cardiovasculares, a terapia com estatinas é comumente interrompida.

Segundo dados da literatura, em um período de 6 meses a 1 ano após a prescrição inicial, cerca de 25 a 50% dos pacientes interrompem a terapia com estatina. Após 2 anos, essa taxa de descontinuação pode atingir 75% dos pacientes.

A descontinuação pode ser associada ao aumento do risco de eventos cardiovasculares e morte. Eventos adversos, como mialgia e sintomas gastrointestinais ou neurológicos, podem ser importantes contribuintes para a descontinuação da terapia com estatinas. Não são conhecidos os riscos e os benefícios da terapia contínua com estatina após o relato de eventos adversos.

Leia também: ‘Estratégias para lidar com a miopatia por estatinas’

Publicado recentemente no Annals of Internal Medicine, um estudo observacional retrospectivo avaliou à relação entre a continuação da terapia com estatina (qualquer prescrição médica dentro de 12 meses após um evento adverso) e os resultados clínicos.

Entre 28.266 pacientes avaliados, 19.989 (70,7%) continuaram recebendo prescrição de estatina após a ocorrência de um evento adverso. Mialgia ou miopatia e doenças hepatobiliares e outras desordens gastrointestinais foram os eventos adversos mais comumente reportados.

Os pacientes foram acompanhados por uma média de 4,4 anos. Durante esse período, 3.677 pacientes (13,0%) atingiram o desfecho primário composto, ou seja, tempo até a ocorrência de um evento cardiovascular (infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral) ou morte. Dos pacientes que atingiram o desfecho composto, 1.203 (14,5%) não receberam prescrição de estatina após a ocorrência de um evento adverso, enquanto que 2.474 (12,4%) realizaram a terapia contínua.

Quatro anos após o evento adverso, a incidência cumulativa do desfecho primário composto foi de 12,2% para os pacientes com prescrição contínua de estatina, em comparação com 13,9% para os pacientes sem prescrição contínua (diferença: 1,7%; intervalo de confiança de 95%: 0,8% a 2,7%; p<0,001).

Em uma análise secundária de 7.604 pacientes para os quais uma estatina diferente foi prescrita após o evento adverso, 2.014 (26,5%) tinha documentado ocorrência de um evento adverso relacionado à segunda estatina, mas 1.696 (84,2%) desses pacientes continuaram recebendo a mesma prescrição.

Com base neste estudo foi possível concluir que as prescrições contínuas de estatina após a ocorrência de um evento adverso foram associadas a uma menor incidência de morte e eventos cardiovasculares. A continuação da terapia é uma decisão importante que deve levar em consideração o equilíbrio de potenciais benefícios e riscos para o paciente.

Veja também: ‘Deve-se descontinuar as estatinas em pacientes terminais?’

Referências:

  • Zhang H, Plutzky J, Shubina M, Turchin A. Continued Statin Prescriptions After Adverse Reactions and Patient Outcomes: A Cohort Study. Ann Intern Med. [Epub ahead of print 25 July 2017] doi: 10.7326/M16-0838

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