Sepse Materna: identificação rápida e tratamento eficaz com resultado eficiente

A sepse materna é uma condição grave e potencialmente ameaçadora da vida materna. Conheça mais sobre ela em mais um texto da semana da sepse.

Durante a gravidez, parto ou no puerpério quadros infecciosos podem evoluir para disfunção orgânica caracterizando o quadro de sepse, que hoje representa a terceira maior causa de morbimortalidade materna. Todas as equipes que atendem gestantes ou puérperas devem saber reconhecer rapidamente o quadro para que o tratamento seja institucionalizado o mais precocemente possível para preservação da vida.

Os focos mais comuns na gestante são pulmonar, urinário e genital. O parto cesáreo, muito difundido em nosso meio, é um fator de risco particular pelas condições de pós-operatório.

Leia também: Infecção puerperal e sepse materna: um evento prevenível?

Importante frisar que a sepse materna é passível de prevenção. Atitudes como antibioticoprofilaxia cirúrgica, limpeza de materiais, higienização de mãos, controle de peso, hábitos de vida saudáveis, imunizações e rastreamento de infecções urinárias na gestação são importantes durante o pré-natal e parto.

Sepse Materna: identificação rápida e tratamento eficaz com resultado eficiente

Diagnóstico

O diagnóstico baseia-se na pesquisa de sinais e sintomas relacionados a disfunção orgânica numa paciente com quadro infeccioso pregresso. Como descrito no quadro abaixo com sinais de alerta para identificação:

SINAIS DE ALERTA NA GRAVIDEZ SINAIS DE ALERTA NO PUERPÉRIO
Febre ou calafrios Febre ou calafrios
Diarreia ou vômitos (podem ser sinais precoces de choque) Diarreia ou vômitos (podem ser sinais precoces de choque)
Exantema Exantema
Dor abdominal ou pélvica Dor abdominal ou pélvica
Leucorreia Alteração da loquiação
Tosse produtiva Tosse produtiva
Sintomas Urinários Sintomas urinários
Aumento do volume mamário ou vermelhidão nas mamas
Edema e/ou rubor de ferida operatória
Demora na involução uterina
Letargia, inapetência

Outro recurso para auxiliar o diagnóstico é o uso de aplicativos como o “quick SOFA” (qsofa: quick Sequential Organ Failure Assessment), bastante útil no reconhecimento já que não usa parâmetros laboratoriais no rastreamento:

  • Alteração Estado Mental: escala de coma de Glasgow < 15;
  • Taquipneia: FR ≥ 22 mrm;
  • Hipotensão: PAS ≤ 100 mmHg.

Dois ou mais critérios são altamente sugestivos de disfunção orgânica.

Na suspeita com uso de qSOFA pode-se ampliar a propedêutica utilizando o SOFA (Sequential Organ Failure Assessment) com exames laboratoriais para, se o índice for ≥ 2, confirmar a disfunção orgânica recebendo o diagnóstico de sepse se houve em conjunto uma infecção subjacente.

No último “Manual de Gestação de Alto Risco” do Ministério da Saúde (2022), foi publicado um fluxograma para rastreamento e diagnóstico de sepse materna:

Conduta

A utilização de antibioticoterapia é fundamental. Quanto mais cedo seu início maior a sobrevida. De preferência deve ser iniciada dentro da primeira hora ou golden hour da sepse. Sugestão de conduta dada pelo mesmo Manual de Gravidez de Alto Risco:

1ª HORA ATÉ 3 HORAS ATÉ 6 HORAS
Hemoculturas Hidratação

(cristaloide 20 ml/kg)

Normalização do lactato
Antibioticoterapia PAM > 65 mmHg
Oxigênio

Durante a primeira abordagem serão colhidas culturas para identificação do agente e testes de sensibilidade, mas o tratamento empírico deve ser iniciado de acordo com a suspeita do sítio de origem da infecção:

Como última orientação para seguimento dos quadros de sepse materna a vaga em unidades de cuidados intensivos deve ser conseguida para monitorização de parâmetros clínicos e laboratoriais além de outros cuidados para estabilização clínico que o quadro requer. A equipe multidisciplinar é mandatária, já que a abordagem cirúrgica, não só pelo ginecologista, pode ser necessária (equipe de ginecologistas, obstetras e intensivistas).

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Programáticas. Manual de gestação de alto risco [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Programáticas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2022.xxx p.: il.
  • Filetici N, Van de Velde M, Roofthooft E, Devroe S. Maternal sepsis. Best Pract Res Clin Anaesthesiol. 2022 May;36(1):165-177. doi: 10.1016/j.bpa.2022.03.003.
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  • Shields A, de Assis V, Halscott T. Top 10 Pearls for the Recognition, Evaluation, and Management of Maternal Sepsis. Obstet Gynecol. 2021 Aug 1;138(2):289-304. doi: 10.1097/AOG.0000000000004471.