GastroenterologiaFEV 2021

Dia mundial do câncer: diagnóstico de patologias do trato digestivo

Sem dúvida nenhuma o diagnóstico de câncer é temido por todos, e esforços são feitos para melhorar todos os aspectos relacionadas a doença.

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Por Felipe Victer
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Também não é infrequente pacientes procurarem o médico a fim de fazer uma avaliação, na busca de um diagnóstico precoce de uma lesão maligna oculta. Infelizmente e apesar de todos os avanços, esta pesquisa pode ser dispendiosa e desnecessária quando não utilizado os critérios de screening com reconhecimento de sua eficácia. A realização de exames para detecção de câncer sem indicações além de expor o paciente a riscos, pode gerar falsos diagnósticos e danos irreparáveis aos pacientes.

Dia mundial do câncer: diagnóstico de patologias do trato digestivo

Prevenção e diagnóstico

Em respeito a patologias do trato digestivo, o programa de prevenção melhor determinado é o de câncer colón retal. Por diversos motivos, inclusive o preconceito, a realização de colonoscopia de screening é negligenciada por diversos pacientes e até mesmo médicos. É fundamental entendermos que a colonoscopia é um dos poucos métodos capazes de realizar uma prevenção primária com a ressecção endoscópica de lesões pré-malignas ou até uma prevenção secundária com diagnóstico precoce de câncer e inclusive, em alguns casos, pode também ser tratado pelo mesmo método.

Os exames de mamografia e citologia de colo uterino já estão definidos e aceitos no programa de saúde da mulher, o screening de tumores da próstata está cada vez mais aceito entre os homes e a colonoscopia deve ser o próximo a ser anexado de forma natural como método fundamental na saúde do homem de da mulher. Em geral, em um paciente sem história na família a primeira colonoscopia deve ser realizada aos 50 anos e repetida conforme os achados. No entanto, a idade de início já começa ser questionada com alguns programas sugerindo aos 45 anos.

Leia também: Câncer de Mama em Adolescentes e Adultas Jovens (AAJs), o que há de novo?

Para as outras formas de câncer abdominal é a história do paciente que irá determinar os passos a serem seguidos na prevenção e diagnóstico precoce. Familiares com história de câncer, principalmente em parentes de primeiro grau com câncer em idade precoce, é um dos principais alertas para um acompanhamento mais minucioso. Algumas patologias, por si só, já são sinais de alerta para o acompanhamento específico, como por exemplo a doença do refluxo com desenvolvimento de esôfago de Barrett e as hepatopatias crônicas.

Já em relação aos sintomas, os exames devem ser direcionados a queixa. Em sintomas digestivos altos e recorrentes é quase mandatório a realização de endoscopia digestiva alta, enquanto nos digestivos baixos além da colonoscopia o exame proctológico é indispensável. A grande dificuldade diagnóstica está no intestino delgado, onde poucos são os métodos que conseguem avaliar eficazmente a mucosa entérica, no entanto as patologias de delgado são raras.

Infelizmente existem uma gama de tumores que quando apresentam sintomas já estão em estágios avançados como no caso dos tumores de cauda de pâncreas. Eventualmente surge algum sinal de alerta como o início súbito de diabetes, porém está longe de ser característico este achado. Na grande maioria das vezes são diagnosticados de forma incidental por exames devido a outros motivos. Alguns estudos tentaram determinar uma rotina de exames de rastreio, porém falharam em determinar benefício para a população em geral, no entanto aqueles com risco elevado podem obter algum benefício.

Ouça mais: Novembro Azul: quando devemos rastrear e tratar o paciente com câncer de próstata? [podcast]

Apesar de solicitado de forma indiscriminada os marcadores séricos tumorais não são parâmetros diagnóstico de câncer, salvo a alfafetoproteína que é bastante específica quando associada a imagem característica no fígado. Estes devem ser solicitados dentro de um contexto clínico para corroborar a suspeita clínica ou até mesmo servir como parâmetro de acompanhamento de um tumor já detectado.

Para Levar para casa

Não há receita milagrosa na prevenção do câncer ou detecção precoce. O médico deve individualizar a cada paciente, com sua história familiar, hábitos de vida e sintomas. Talvez a única generalização que possamos fazer é que hábitos de vida saudável, com dieta balanceada rica em fibras e sem fumo, entre outros benefícios, também auxiliam na prevenção do câncer abdominal.

Referências bibliográficas:

  • Hamashima C; Systematic Review Group and Guideline Development Group for Gastric Cancer Screening Guidelines. Update version of the Japanese Guidelines for Gastric Cancer Screening. Jpn J Clin Oncol. 2018 Jul 1;48(7):673-683. doi: 10.1093/jjco/hyy077. PMID: 29889263.
  • Eluri S, Shaheen NJ. Barrett’s esophagus: diagnosis and management. Gastrointest Endosc. 2017 May;85(5):889-903. doi: 10.1016/j.gie.2017.01.007. Epub 2017 Jan 18. PMID: 28109913; PMCID: PMC5392444.
  • Barrie, J., Yanni, F., Sherif, M. et al. Length of Barrett’s esophagus in the presence of low-grade dysplasia, high-grade dysplasia, and adenocarcinoma. Surg Endosc (2020). https://doi.org/10.1007/s00464-020-07950-5
  • Aslanian HR, Lee JH, Canto MI. AGA Clinical Practice Update on Pancreas Cancer Screening in High-Risk Individuals: Expert Review [published online ahead of print, 2020 May 19]. Gastroenterology. 2020;S0016-5085(20)30657-0. doi:1053/j.gastro.2020.03.088

Também não é infrequente pacientes procurarem o médico a fim de fazer uma avaliação, na busca de um diagnóstico precoce de uma lesão maligna oculta. Infelizmente e apesar de todos os avanços, esta pesquisa pode ser dispendiosa e desnecessária quando não utilizado os critérios de screening com reconhecimento de sua eficácia. A realização de exames para detecção de câncer sem indicações além de expor o paciente a riscos, pode gerar falsos diagnósticos e danos irreparáveis aos pacientes.

Dia mundial do câncer: diagnóstico de patologias do trato digestivo

Prevenção e diagnóstico

Em respeito a patologias do trato digestivo, o programa de prevenção melhor determinado é o de câncer colón retal. Por diversos motivos, inclusive o preconceito, a realização de colonoscopia de screening é negligenciada por diversos pacientes e até mesmo médicos. É fundamental entendermos que a colonoscopia é um dos poucos métodos capazes de realizar uma prevenção primária com a ressecção endoscópica de lesões pré-malignas ou até uma prevenção secundária com diagnóstico precoce de câncer e inclusive, em alguns casos, pode também ser tratado pelo mesmo método.

Os exames de mamografia e citologia de colo uterino já estão definidos e aceitos no programa de saúde da mulher, o screening de tumores da próstata está cada vez mais aceito entre os homes e a colonoscopia deve ser o próximo a ser anexado de forma natural como método fundamental na saúde do homem de da mulher. Em geral, em um paciente sem história na família a primeira colonoscopia deve ser realizada aos 50 anos e repetida conforme os achados. No entanto, a idade de início já começa ser questionada com alguns programas sugerindo aos 45 anos.

Leia também: Câncer de Mama em Adolescentes e Adultas Jovens (AAJs), o que há de novo?

Para as outras formas de câncer abdominal é a história do paciente que irá determinar os passos a serem seguidos na prevenção e diagnóstico precoce. Familiares com história de câncer, principalmente em parentes de primeiro grau com câncer em idade precoce, é um dos principais alertas para um acompanhamento mais minucioso. Algumas patologias, por si só, já são sinais de alerta para o acompanhamento específico, como por exemplo a doença do refluxo com desenvolvimento de esôfago de Barrett e as hepatopatias crônicas.

Já em relação aos sintomas, os exames devem ser direcionados a queixa. Em sintomas digestivos altos e recorrentes é quase mandatório a realização de endoscopia digestiva alta, enquanto nos digestivos baixos além da colonoscopia o exame proctológico é indispensável. A grande dificuldade diagnóstica está no intestino delgado, onde poucos são os métodos que conseguem avaliar eficazmente a mucosa entérica, no entanto as patologias de delgado são raras.

Infelizmente existem uma gama de tumores que quando apresentam sintomas já estão em estágios avançados como no caso dos tumores de cauda de pâncreas. Eventualmente surge algum sinal de alerta como o início súbito de diabetes, porém está longe de ser característico este achado. Na grande maioria das vezes são diagnosticados de forma incidental por exames devido a outros motivos. Alguns estudos tentaram determinar uma rotina de exames de rastreio, porém falharam em determinar benefício para a população em geral, no entanto aqueles com risco elevado podem obter algum benefício.

Ouça mais: Novembro Azul: quando devemos rastrear e tratar o paciente com câncer de próstata? [podcast]

Apesar de solicitado de forma indiscriminada os marcadores séricos tumorais não são parâmetros diagnóstico de câncer, salvo a alfafetoproteína que é bastante específica quando associada a imagem característica no fígado. Estes devem ser solicitados dentro de um contexto clínico para corroborar a suspeita clínica ou até mesmo servir como parâmetro de acompanhamento de um tumor já detectado.

Para Levar para casa

Não há receita milagrosa na prevenção do câncer ou detecção precoce. O médico deve individualizar a cada paciente, com sua história familiar, hábitos de vida e sintomas. Talvez a única generalização que possamos fazer é que hábitos de vida saudável, com dieta balanceada rica em fibras e sem fumo, entre outros benefícios, também auxiliam na prevenção do câncer abdominal.

Referências bibliográficas:

  • Hamashima C; Systematic Review Group and Guideline Development Group for Gastric Cancer Screening Guidelines. Update version of the Japanese Guidelines for Gastric Cancer Screening. Jpn J Clin Oncol. 2018 Jul 1;48(7):673-683. doi: 10.1093/jjco/hyy077. PMID: 29889263.
  • Eluri S, Shaheen NJ. Barrett’s esophagus: diagnosis and management. Gastrointest Endosc. 2017 May;85(5):889-903. doi: 10.1016/j.gie.2017.01.007. Epub 2017 Jan 18. PMID: 28109913; PMCID: PMC5392444.
  • Barrie, J., Yanni, F., Sherif, M. et al. Length of Barrett’s esophagus in the presence of low-grade dysplasia, high-grade dysplasia, and adenocarcinoma. Surg Endosc (2020). https://doi.org/10.1007/s00464-020-07950-5
  • Aslanian HR, Lee JH, Canto MI. AGA Clinical Practice Update on Pancreas Cancer Screening in High-Risk Individuals: Expert Review [published online ahead of print, 2020 May 19]. Gastroenterology. 2020;S0016-5085(20)30657-0. doi:1053/j.gastro.2020.03.088

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Felipe VicterFelipe Victer
Editor Médico de Cirurgia Geral da Afya ⦁  Residência em Cirugia Geral pelo Hospital Universitário Clementino fraga filho (UFRJ) ⦁ Felllow do American College of Surgeons ⦁ Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões ⦁ Membro da Sociedade Americana de Cirurgia Gastrointestinal e Endoscópica (Sages) ⦁ Ex-editor adjunto da Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (2016 a 2019) ⦁  Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)