ADA 2019: confira atualizações da nova diretriz sobre diabetes

A American Diabetes Association: Standards of Medical Care in Diabetes publicou recentemente as novas diretrizes para o manejo do diabetes. Confira as principais novidades:

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O fim do ano se aproxima, já estamos em clima de festas, mas mantemos nosso compromisso de manter o portal sempre atualizado. A American Diabetes Association: Standards of Medical Care in Diabetes publicou recentemente as novas diretrizes para o manejo do diabetes e vamos lançar uma série de postagens sobre os principais pontos da diretriz e sua aplicabilidade no cenário brasileiro.

Neste primeiro artigo, traremos um resumo inicial com as principais mudanças. O documento contém muitas pequenas alterações que esclarecem recomendações ou refletem novas evidências. Confira:

diabetes

Principais mudanças nas diretrizes da ADA- 2019

1- Melhorar o cuidado e promover a saúde nas populações

  • Os autores adicionaram informações sobre os custos financeiros do diabetes para indivíduos e sociedade.
  • O uso da telemedicina, um campo em franco crescimento, foi discutido.

2- Classificação e diagnóstico de diabetes

Esta seção traz uma novidade que pode impactar a prática ambulatorial. Já havíamos abordado este assunto no anteriormente no artigo Diagnóstico de diabetes em amostra única de sangue: é possível?

  • Os critérios para o diagnóstico de diabetes foram alterados para incluir dois resultados de testes anormais da mesma amostra (ou seja, glicemia em jejum e A1C da mesma amostra).

3- Prevenção ou atraso do DM tipo 2

A seção de nutrição foi atualizada para destacar a importância da perda de peso para aqueles com alto risco de desenvolver diabetes tipo 2 com sobrepeso ou obesidade.

  • Foi adicionada uma discussão sobre uso e cessação do tabaco, já que este aumenta o risco de DM tipo 2 .

4. Avaliação médica integral e análise de comorbidades

Este tópico focou em melhorar a comunicação e a relação do profissional com o paciente , orientando o uso de linguagem pelos profissionais de saúde para comunicar sobre diabetes com os pacientes em um estilo informativo, empoderador e educacional.

  • A seção de doença hepática gordurosa foi revisada para incluir texto atualizado.

5. Gerenciamento de estilo de vida

  • Evidências sugerem que não há uma porcentagem ideal de calorias de carboidratos, proteínas e gorduras para todas as pessoas com diabetes. Neste contexto, a diretriz orienta individualizar o planejamento alimentar .
  • O texto encorajou as pessoas com diabetes a diminuir o consumo de bebidas açucaradas e não açucaradas e usar outras alternativas, com ênfase no consumo de água.
  • No tópico de atividades físicas, uma discussão adicional foi acrescentada para incluir o benefício de uma variedade de atividades físicas de lazer e exercícios de flexibilidade e equilíbrio.

6. Alvos glicêmicos

  • Foi enfatizado que os riscos e benefícios dos alvos glicêmicos podem mudar à medida que o diabetes progride e os pacientes envelhecem, uma recomendação foi adicionada para reavaliar os alvos glicêmicos ao longo do tempo.
  • Outro ponto importante foi a modificação em relação à definição consensual de hipoglicemia, para alinhar com as atualizações dos padrões de vida feitas em abril de 2018.

7- Tecnologia e diabetes

  • Esta seção traz informações importantes para o tratamento na prática, com recomendações sobre a automonitorização da seção de glicose no sangue .
  • Também discute sobre dispositivos de administração de insulina (seringas, canetas e bombas de insulina), medidores de glicose no sangue, monitores contínuos de glicose ( em tempo real e intermitentemente digitalizados [“flash”]) e dispositivos automatizados de administração de insulina.
  • Um ponto importantíssimo se refere ao automonitoramento da glicemia em pessoas que não usam insulina. A monitorização rotineira da glicose é de benefício clínico adicional limitado nessa população.

8. Manejo da obesidade para o tratamento do diabetes tipo 2

O tópico objetiva ressaltar os benefícios do controle de peso e atividades físicas, no contexto da obtenção e manutenção de um peso saudável.

  • As recomendações para a cirurgia metabólica foram modificadas para alinhar com as diretrizes recentes, citando a importância de considerar comorbidades, além do diabetes, ao contemplar a adequação da cirurgia metabólica para um determinado paciente.

9. Abordagens farmacológicas ao tratamento glicêmico

Enfim, chegamos às mudanças no tratamento, que ocorreram para que a nova diretriz se alinhasse com as principais publicações ocorridas este ano. Vamos listar abaixo os pontos mais importantes:

  • A diretriz focou na gestão do estilo de vida e educação e apoio ao autocontrole do diabetes.
  • A terapia com medicamentos injetáveis foi revisada. Os agonistas do receptor de GLP-1 são geralmente recomendados como o primeiro medicamento injetável, à frente da insulina.
  • Uma nova seção foi adicionada à técnica de injeção de insulina, enfatizando a importância da técnica para dosagem apropriada de insulina e evitar complicações (lipodistrofia, etc.)

10. Doença cardiovascular e gerenciamento de risco

  • Pela primeira vez esta seção é endossada pelo American College of Cardiology, uma parceria bastante produtiva.
  • A insuficiência cardíaca foi reconhecida como um tipo importante de doença cardiovascular em pessoas com diabetes a ser considerada na determinação do tratamento ideal do diabetes.
  • As recomendações de pressão arterial foram modificadas para enfatizar a importância da individualização dos alvos com base no risco cardiovascular.
  • A avaliação do risco cardiovascular em 10 anos de ASCVD foi incluída como parte da avaliação geral de risco e na determinação das abordagens de tratamento ideais.
  • A recomendação e o texto sobre o uso de AAS na prevenção primária foram atualizados com novos dados.

11. Complicações microvasculares e cuidados com os pés

  • Uma recomendação foi adicionada para pessoas com diabetes tipo 2 e doença renal crônica para considerar os agentes com benefício comprovado em relação aos resultados renais.
  • A recomendação sobre o uso da telemedicina na triagem de retina foi modificada para reconhecer a utilidade dessa abordagem, desde que sejam feitos encaminhamentos apropriados para um exame oftalmológico abrangente.
  • A gabapentina foi adicionada à lista de agentes a considerar para o tratamento da dor neuropática em pessoas com diabetes, com base em dados sobre a eficácia e o potencial de redução de custos.
  • A seção de gastroparesia inclui uma discussão de algumas modalidades adicionais de tratamento.
  • A recomendação para pacientes com diabetes para ter seus pés inspecionados em cada visita foi modificada para incluir apenas aqueles com alto risco de ulceração. Exames anuais permanecem recomendados para todos.

12. Idosos

  • Uma nova seção e uma recomendação sobre gerenciamento de estilo de vida foram adicionadas para abordar as necessidades e considerações nutricionais e de atividade física exclusivas para idosos.
  • A redução da intensidade dos regimes de insulina foi introduzida para ajudar a simplificar o regime de insulina para se adequar às habilidades de cada paciente.
  • Deve-se considerar a simplificação do regime de medicação e a desprescrição em idosos com diabetes.

13. Gestantes

A sessão de diabetes na gestação contou com uma mudança significativa para o menejo de mulheres com diagnóstico de diabetes prévio à gestação. Nesses casos o acompanhamento multidisciplinar deve ser enfatizado para melhorar os desfechos para diabetes e gestação.

  • Outro ponto é a recomendação do uso de insulina como terapia hipoglicemiante preferencial, uma vez que não há passagem do fármaco pela barreira transplacentária, ao contrário do que ocorre com a metformina, por exemplo.

14. Crianças e adolescentes

Uma recomendação foi adicionada para rastreio de distúrbios alimentares em crianças e adolescentes com abertura do quadro de diabetes mellitus tipo 1.

  • Outro grande ponto de virada foi a mudança de critério diagnóstico e recomendações novas de rastreio e manejo, alvo terapêutico específico de DM2 para crianças e adolescentes; além de recomendações especiais para comorbidades como obesidade, síndrome do ovário policístico, apneia, lesões de órgão alvo entre outras. Todas essas recomendações você acompanha ao longo desse mês em nosso especial aqui no portal.

15. Cuidados do diabetes em cenário hospitalar

Nessa sessão, devido ao elevado número de complicações com elevação de custos e tempo de internação, a ADA passa a recomendar a elaboração de grupos específicos de manejo de controle glicêmico e/ou cuidado de pacientes diabéticos dentro do cenário hospitalar.

16. Apoio ao paciente diabético

  • Finalmente, a ADA cria um espaço para divulgar informações acerca de custos e processos envolvidos na cadeia completa de uso da insulina a fim de informar os pacientes e entidades responsáveis como cada parte envolvida no processo contribui para o custo final da terapia ao consumidor.

Trocando em miúdos, muitas mudanças em detalhes importantes como diagnóstico, rastreio e metas de controle ocorreram. Agora fique por dentro aqui no portal que ao longo desse mês vamos estar com a cobertura de cada sessão, auxiliando você a ter a informação mais atualizada para as melhores condutas clínicas no manejo do diabetes.

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*Coautor

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