Diabetes tipo 2: saiba como manejar e diagnosticar o paciente diabético

Em nossa publicação de conteúdos compartilhados do Whitebook Clinical Decision, separamos os critérios sobre diagnóstico e apresentação clínica do diabetes.

Essa semana no Portal da PEBMED falamos sobre orientações sobre o Dia Mundial de Combate ao Diabetes e a prevenção o diabetes dos tipos 1 e 2. Por isso, em nossa publicação semanal de conteúdos compartilhados do Whitebook Clinical Decision, separamos os critérios sobre apresentação clínica e critério diagnóstico do diabetes.

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Este conteúdo deve ser utilizado com cautela, e serve como base de consulta. Este conteúdo é destinado a profissionais de saúde. Pessoas que não estejam neste grupo não devem utilizar este conteúdo.

diabetes

Anamnese

A maioria dos pacientes são assintomáticos, sendo a hiperglicemia detectada em exames laboratoriais de rotina.

Quadro clássico: Poliúria, polidipsia, noctúria, borramento visual e, menos frequentemente, emagrecimento.

Raramente, pacientes com diabetes mellitus tipo 2 podem abrir o quadro com uma complicação aguda, como: estado hiperosmolar hiperglicêmico, ou cetoacidose diabética.

Fatores de risco: Idade > 45 anos; obesidade; dislipidemia; história familiar de diabetes em parente de 1º grau; história de doença aterosclerótica; hipertensão arterial; história de intolerância à  glicose; estigmas de resistência insulí­nica (acantose nigricans); sedentarismo; história de parto de filho macrossômico; uso crônico de corticóides; sí­ndrome dos ovários policí­sticos.

Exame Fí­sico

Geralmente pacientes não apresentam alterações ao exame fí­sico, exceto pela presença de estigmas de resistência insulí­nica, como a acantose nigricans.

Rastreio de neuropatia diabética:

Como muitos pacientes já podem apresentar complicações crônicas no momento do diagnóstico, está recomendado o rastreio destas complicações já na primeira consulta e repetido anualmente. A neuropatia diabética pode e deve ser rastreada pelo exame fí­sico:

  • Avaliação da frequência cardí­aca em repouso e ortostase (frequência superior a 100 bpm sugere disautonomia);
  • Avaliação da pressão arterial em decúbito e em pé para rastreio de hipotensão postural (queda de 20 mmHg ou mais na pressão sistólica e/ou 10 mmHg ou mais na pressão diastólica 1 minutos após assumir ortostase);
  • Avaliação da sensibilidade dolorosa, tátil (com uso de algodão ou monofilamentos), térmica e vibratória (com uso de diapasão);
  • Pesquisa de reflexos tendí­neos (aquileu, patelar, bicipital, tricipital, radial).

Considerações Iniciais

Sintomas clássicos: Diante de um paciente com sintomas clássicos de diabetes, uma glicemia ao acaso ≥ 200 mg/dL confirma o diagnóstico, porém uma glicemia < 200 mg/dL não o exclui. Devendo ser solicitado qualquer teste diagnóstico: glicemia de jejum e/ou hemoglobina glicada (sendo a glicemia de jejum o mais recomendado).

Assintomáticos: Pacientes assintomáticos são candidatos ao rastreio de diabetes tipo 2 na presença de fatores de risco maiores (hipertensão e/ou dislipidemia) ou em pacientes com múltiplos fatores de risco menores ou histórico de intolerância à glicose ou resistência insulí­nica.

Exames indicados para rastreio: Glicemia de jejum e hemoglobina glicada.

Interpretando o rastreio:

  • Glicemia de jejum < 100 mg/dL ou hemoglobina glicada < 5,7, deve ser considerado normal e novo rastreio deve ser feito em 3 anos;
  • Exames limí­trofes: Glicemia de jejum 100-125 mg/dL ou hemoglobina glicada 5,7-6,4%, deve realizar novo rastreio em 1-2 anos;
  • Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL e hemoglobina glicada ≥ 6,5% (ambos alterados), está confirmado o diagnóstico de diabetes;
  • Se hemoglobina glicada e glicemia de jejum apresentam resultados discordantes, o exame que indica diabetes deve ser repetido para confirmação.

Teste oral de tolerância à  glicose (TOTG): Não é recomendado como teste de rastreio, porém pode ser solicitado para diagnóstico de intolerância à  glicose (considerado como pré-diabetes) em pacientes com valores limí­trofes de glicemia de jejum (100-125 mg/dL), por ser um teste mais sensível.

Exames indicados para acompanhamento: Glicemia de jejum e hemoglobina glicada (reflete o controle glicêmico dos últimos 3 meses).

Complicações crônicas:

Pacientes sem seguimento médico podem apresentar-se já com complicações crônicas da doença no momento do diagnóstico. Portanto, o rastreio de complicações crônicas deve iniciar-se já no momento do diagnóstico:

  • Retinopatia diabética: rastreio com fundo de olho anual no iní­cio do rastreio. Após 1 ou mais exames normais, em pacientes com bom controle glicêmico, o rastreio pode ser espaçado para a cada 2-3 anos;
  • Nefropatia diabética: rastreio anual com creatinina sérica e albuminúria (em amostra ou urina de 24 horas) ou relação albumina/creatinina em amostra urinária (spot urinário), sendo diagnóstica de nefropatia a presença de microalbuminúria (30-299 mg/24h ou mg/g de creatinina) ou macroalbuminúria (≥ 300 mg/24h ou mg/g de creatinina). Caso positivo para microalbuminúria, o exame deve ser confirmado em 3-6 meses (pelo risco de falso positivo);
  • Neuropatia diabética: rastreio a partir do exame fí­sico, com indicação de testes de neurocondução em membros inferiores e/ou testes de regulação autonômica em pacientes com dúvida diagnóstica ao exame fí­sico.

Comorbidades cardiovasculares:

Pacientes com diabetes tipo 2 apresentam risco aumentado de hipertensão arterial e dislipidemia, devendo manter um rastreio regular a partir do diagnóstico:

  • Hipertensão arterial: deve ser medida em todas as consultas. Considera-se hipertensão, em diabéticos, se pressão sistólica ≥ 130 mmHg ou pressão diastólica ≥ 80 mmHg;
  • Dislipidemia: solicitar perfil lipí­dico no momento do diagnóstico e anualmente. Pacientes com alteração devem ter monitorização mais frequentea cada 3-6 meses.

Critérios Diagnósticos – ADA 2011:

Qualquer um dos critérios abaixo é diagnóstico para diabetes tipo 2:

  • Hemoglobina glicada ≥ 6,5% (usando metodologia certificada NGSP), confirmada após novo exame;
  • Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL (respeitadas 8 horas de jejum), confirmada após novo exame;
  • Glicose sérica ≥ 200 mg/dL no teste oral de tolerância à glicose (2 horas após a ingestão de 75 gramas de dextrose), confirmada após novo exame;
  • Pacientes sintomáticos com glicemia ao acaso ≥ 200 mg/dL.

Obs.: Se dois testes diferentes forem positivos, não há a necessidade de novo teste confirmatório.

Este conteúdo foi desenvolvido por médicos, com objetivo de orientar médicos, estudantes de medicina e profissionais de saúde em seu dia-a-dia profissional. Ele não deve ser utilizado por pessoas que não estejam nestes grupos citados, bem como suas condutas servem como orientações para tomadas de decisão por escolha médica. Para saber mais, recomendamos a leitura dos termos de uso dos nossos produtos.

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