Dieta e enxaqueca: quais são os gatilhos?

Os pacientes com enxaqueca costumam relatar gatilhos dietéticos para suas crises, com alguns estudos sugerindo essa relação entre 10 a 64% da população.

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Os pacientes com enxaqueca costumam relatar gatilhos dietéticos para suas crises, com alguns estudos sugerindo essa relação entre 10 a 64% da população com esse diagnóstico. Os alimentos/bebidas comumente citados vão desde o álcool, chocolate, cafeína, laticínios, conservantes e adoçantes artificiais.

Sendo a enxaqueca uma entidade que acomete cerca de 15% da população apenas nos Estados Unidos e cujo tratamento preventivo e abortivo das crises envolve medicações com efeitos colaterais, torna-se importante investigar os gatilhos para as crises e evitá-los. Portanto, esta coluna é dedica a análise de uma revisão sobre esse assunto e abordaremos os fatores dietéticos de maior importância.

Obs: definição de gatilho -> consumo precede em até 48h o início da crise.

síndrome da realimentação

Chocolate e enxaqueca

Alguns estudos sugerem que 1,4 a 22,5% dos pacientes relatam o chocolate como possível gatilho, mas um estudo japonês com 240 pacientes com diagnóstico de enxaqueca não teve essa relação mencionada por nenhum participante.

Cafeína e enxaqueca

A prevalência de café como gatilho varia de 6,3 a 14,5% em dados da literatura. Pelos estudos existentes, envolvendo países escandinavos (entre os maiores consumidores de cafeína do mundo), pacientes relacionam o café mais a outras cefaleias. Vale ressaltar que cafeína está presente em outros produtos.

LEIA MAIS: Enxaqueca – evidências do que fazer (e do que não fazer)

Álcool

A dificuldade de relacionar o consumo de álcool e enxaqueca é que o consumo não envolve puramente o álcool e existe uma diversidade muito grande de bebidas alcoólicas e seus outros componentes associados. Sua relação como possível gatilho varia de 1,4 a 51,6% dos pacientes. Ou seja, não é muito fácil estabelecer se há uma relação direta do álcool e o desencadeamento de crise de enxaqueca. Um aspecto não abordado pela revisão é que o consumo de álcool afeta o sono, a fase REM principalmente, e isso poderia ter um efeito indireto sobre as crises de enxaqueca.

Laticínios

Outra análise difícil de se fazer pois, assim como o álcool, há uma grande variedade de produtos nessa classe. Os queijos (envelhecidos principalmente) e até sorvete parecem estar mais relacionados que o consumo de leite.

Aspartame

Poucos dados que não sugerem uma forte relação entre aspartame e enxaqueca. Pode haver relação com outros tipos de cefaleia.

Glutamato monossódico

Outro que não possui muitas evidências associadas com enxaqueca. Parece ter uma relação com outros subtipos de cefaleia.

Conclusão

Acho que a mensagem principal é aconselhar os pacientes com enxaqueca ou outros tipos de cefaleia que possam estar relacionados a gatilhos dietéticos a fazer um diário alimentar e de sintomas e tentar descobrir o que serve ou não para cada um enquanto não tivermos estudos prospectivos investigando esses possíveis gatilhos.

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Referências:

  • “Headaches: a Review of the Role of Dietary Factors”. Zaeem, Z., Zhou, L. & Dilli, E. Curr Neurol Neurosci Rep (2016) 16: 101. https://doi.org/10.1007/s11910-016-0702-1

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