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A digoxina já foi amplamente utilizada, mas vem caindo por terra após estudos recentes e não tão recentes não mostrarem benefício na mortalidade e até mesmo prejuízo ao paciente a longo prazo.
Seu uso vem sendo continuamente reduzido em pacientes com insuficiência cardíaca a medida que novas terapias vão se provando cada vez mais benéficas, porém quando essa droga é utilizada como fármaco para controle de frequência em um episódio de fibrilação atrial, ela mostra um perfil confiável de segurança.
Uma análise recente post-hoc do estudo ARISTOTLE (que comparou a eficácia da apixabana em relação à varfarina na anticoagulação de cerca de 18 mil pacientes com FA) não evidenciou aumento de mortalidade com a digoxina, porém houve aumento de 56% no risco de morte nos pacientes que utilizaram a droga em comparação com os que não usaram, principalmente em pacientes com digoxinemia maior ou igual a 1,2ng/mL.
Durante o estudo, cada aumento na digoxinemia de 0,5 ng/mL representava 19% de aumento no risco de morte. Esses resultados foram semelhantes tanto em pacientes com e sem insuficiência cardíaca. Em comparação com o grupo controle, o risco de morte e morte súbita em pacientes que iniciaram o uso de digoxina depois no início do estudo foi significativamente alto.
Em pacientes com fibrilação atrial, a digoxina aumentou o risco de morte independente da concentração sérica e em pacientes com níveis iguais ou maiores que 1,2ng/dL tiveram seu risco no ponto mais elevado independente ou não de possuírem insuficiência cardíaca.
Portanto, mesmo sendo uma droga indicada para o controle de frequência na fibrilação atrial, a mesma deve ser evitada e outras maneiras de se controlar a frequência cardíaca devem ser tentadas até que se esgotem os recursos.
Fibrilação atrial e doença coronariana: anticoagular ou não anticoagular?
Referências:
- Lopes RD, Rordorf R, De Ferrari GM, Leonardi S, Thomas L, Wojdyla DM, Ridefelt P, Lawrence JH, De Caterina R, Vinereanu D, Hanna M, Flaker G, Al-Khatib SM, Hohnloser SH, Alexander JH, Granger CB, Wallentin L; ARISTOTLE Committees and Investigators. Digoxin and Mortality in Patients With Atrial Fibrillation. J Am Coll Cardiol. 2018 Mar 13;71(10):1063-1074. doi: 10.1016/j.jacc.2017.12.060
O estudo DIG já mostrou que o risco está na intoxicação devido ao limiar tóxico terapêutico estreito. Basta manter a digoxonemia entre 0,9 e 1,5 mg/ml para se ter essa segurança e efeito terapêutico. Só para controlar frequência há drogas mais eficazes a questão são outros efeitos como inotropismo e antiarritmico que se esquecem de declarar. É droga excelente.