Disfunção urinária na infância: o que saber para diagnosticar?

Na prática clínica em Pediatria, a disfunção urinária é uma queixa comum e se traduz principalmente em dois grandes grupos: enurese noturna e bexiga hiperativa.

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O controle esfincteriano é uma das aquisições mais bem elaboradas do neurodesenvolvimento humano. Do ponto de vista histórico-cultural, o advento da agricultura impôs ao homem a necessidade de controlar as funções fisiológicas por meio do controle fecal e miccional. Afinal, o êxito na conservação do alimento estocado dependia de um ambiente livre de contaminação.

Em geral, o padrão evolutivo do controle esfincteriano obedece a seguinte sequência: fecal noturno, fecal diurno, urinário diurno, urinário noturno.

Com relação ao controle miccional, o sistema nervoso autonômico atua no equilíbrio do armazenamento / esvaziamento da bexiga. O Simpático, por meio dos nervos hipogástricos, corrobora para o armazenamento vesical, uma vez que proporciona o relaxamento do músculo detrusor. Em contrapartida, o Parassimpático, por meio dos nervos esplâncnicos pélvicos, causam o relaxamento do esfíncter e contração do detrusor, permitindo o esvaziamento da bexiga. Após o primeiro ano de vida, a criança inicia progressivamente a conscientização desse processo e a micção deixa de existir apenas como um ato reflexo.

Na prática clínica em Pediatria, a disfunção urinária é uma queixa comum e se traduz principalmente em dois grandes grupos: enurese noturna e bexiga hiperativa.

1) ENURESE NOTURNA

Caracteriza-se pela eliminação de urina de forma involuntária, que ocorre durante o sono na ausência de anomalia congênita de trato urinário ou do sistema nervoso central. Pode ser primária, quando a criança nunca alcançou o controle esfincteriano ou secundária quando a criança já tinha esse controle e perdeu em algum momento.

2) BEXIGA HIPERATIVA

Caracterizada por episódios frequentes de desejo urgente de urinar, com maior frequência urinária diurna. Ocorre por hiperatividade do detrusor durante a fase de enchimento, que é seguida de contração voluntária para evitar perdas urinárias, levando à sensação de bexiga cheia e vontade de urinar.

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O diagnóstico dos distúrbios funcionais é baseado numa anamnese bem detalhada dos hábitos individuais e familiares, exame físico cuidadoso geral e da região genital, diário das eliminações. São indicados: exame de imagem de trato urinário, avaliação de constipação intestinal (está associada em 50% dos casos), radiografia de coluna lombossacra (para detecção de alterações ósseas), além de avaliação urodinâmica e uretrocistografia miccional para avaliar refluxo vesico-ureteral.

O tratamento envolve processo de reeducação miccional com auxílio de fisioterapia para exercícios de contração e relaxamento de assoalho pélvico, podendo utilizar técnica de biofeedback. Trata-se a constipação intestinal quando associada. E o tratamento farmacológico se instituído, inclui, agentes anticolinérgicos, como a oxibutinina.

A abordagem psicológica da criança e sua família também é de extrema importância no contexto do acompanhamento, especialmente no que diz respeito à reconstrução da autoestima.

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Referências:

  • BURNS, Dennis Alexander Rabelo; CAMPOS JUNIOR, Dioclécio; SILVA, Luciana Rodrigues; BORGES, Wellington Gonçalves, BLANK, Danilo. Tratado de Pediatria, Sociedade Brasileira de Pediatria. 4ª edição, 2017.
  • MACHADO,A. Neuroanatomia Funcional. 3ª edição.São Paulo: Editora Atheneu, 2013.

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