Dissecção axilar é desnecessária em pacientes com câncer de mama com metástase no linfonodo sentinela

A dissecção axilar foi durante anos técnica padrão para a maioria dos casos, e ainda é muito útil em grande número de pacientes com câncer de mama.

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O câncer de mama é a segunda neoplasia maligna mais frequente mundialmente. A Union for International Cancer Control (UICC) estima que, em 2020, haverá 15 milhões de novos casos no mundo, dos quais 53% estarão nos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil.

Seu tratamento é complexo, envolvendo diversas especialidades e etapas diferentes. O estadiamento axilar é uma importante etapa no tratamento desta neoplasia. A dissecção axilar foi durante anos técnica padrão para a maioria dos casos, e ainda é muito útil em grande número de pacientes com câncer de mama.

Recentemente publicado no JAMA, um ensaio clínico randomizado, de fase III, multicêntrico, analisou o seguinte questionamento: existe alguma redução na sobrevida global em 10 anos para mulheres com câncer de mama cT1-2N0 e metástases para 1 ou 2 linfonodos sentinela submetidas à cirurgia conservadora da mama, irradiação total da mama e terapia sistêmica adjuvante tratada com dissecção do linfonodo sentinela em comparação com as pacientes tratadas com dissecção axilar?

O estudo incluiu 856 mulheres, após uma mediana de acompanhamento de 9,3 anos e mostrou que a sobrevida global para pacientes tratadas com dissecção do linfonodo sentinela não foi inferior àquelas tratadas com dissecção linfática axilar total (86,3% versus 83,6%, respectivamente).

Os seguintes critérios de inclusão foram considerados: mulheres adultas com câncer de mama invasivo confirmado histologicamente com 5 cm ou menos de tamanho, sem adenopatia palpável, e com linfonodo sentinela contendo câncer de mama metastático.

Veja também: ‘Câncer de mama: trastuzumabe é eficaz e seguro a longo prazo?’

Entre 891 mulheres que foram randomizadas em 115 instituições (mediana de idade: 55 anos), 856 (96%) completaram o estudo sendo 446 no grupo dissecção do linfonodo sentinela e 445 no grupo dissecção do linfonodo axilar.

A terapia sistêmica adjuvante foi realizada em 423 mulheres (97,0%) no grupo dissecção do linfonodo sentinela e 403 mulheres (96,0%) no grupo dissecção do linfonodo axilar, sem diferença entre os grupos em relação ao tipo de quimioterapia ou na proporção que recebeu terapia endócrina, quimioterapia ou ambas.

Em uma mediana de acompanhamento de 9,3 anos (intervalo interquartil: 6,93-10,34 anos), foram registrados 110 óbitos (n=51 no grupo dissecção do linfonodo sentinela e n=59 no grupo dissecção do linfonodo axilar).

A sobrevida global em 10 anos foi de 86,3% no grupo de dissecção do linfonodo sentinela e 83,6% no grupo dissecção do linfonodo axilar (hazard ratio [HR]: 0,85; intervalo de confiança [IC] de 95%: 0 a 1,16], p valor de não inferioridade=0,02).

A sobrevida livre de doença em 10 anos foi de 80,2% no grupo com dissecção do linfonodo sentinela e 78,2% no grupo dissecção do linfonodo axilar (HR: 0,8; IC 95%: 0,62 a 1,17, p=0,32). Entre o ano 5 e 10, uma recidiva regional foi observada no grupo dissecção do linfonodo sentinela versus nenhuma no grupo dissecção do linfonodo axilar. A recorrência regional em 10 anos não diferiu significativamente entre os dois grupos.

Com base nesses resultados de 10 anos, a prática de dissecção do linfonodo axilar não é mais aceitável. A dissecção dos linfonodos axilares pode levar ao linfedema, síndromes de dor e disfunção do ombro e a uma menor qualidade de vida. Este estudo não suporta o uso deste tipo de dissecção quando as metástases são encontradas com amostragem de linfonodos sentinela em mulheres com câncer de mama cT1-2M0.

Referências:

  • Giuliano AE, Ballman KV, McCall L, Beitsch PD, Brennan MB, Kelemen PR, Ollila DW, Hansen NM, Whitworth PW, Blumencranz PW, Leitch AM, Saha S, Hunt KK, Morrow M. Effect of Axillary Dissection vs No Axillary Dissection on 10-Year Overall Survival Among Women With Invasive Breast Cancer and Sentinel Node MetastasisThe ACOSOG Z0011 (Alliance) Randomized Clinical Trial. JAMA. 2017;318(10):918–926. doi:10.1001/jama.2017.11470

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