NeurologiaMAI 2020

Doença de Parkinson e Covid-19: o que se sabe até agora?

Muitos pacientes com doença de Parkinson (DP) podem apresentar dúvidas como: Será que a Covid-19 pode afetar ou evoluir de forma diferente em mim?

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Por Felipe Resende Nobrega
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A Covid-19 é sem dúvida a doença mais estudada na atualidade. Uma doença respiratória viral com desfechos imprevisíveis e apresentação clínica com sintomas variáveis, como febre, odinofagia, dispneia, hiposmia, diarreia entre outros. Doença que assusta por não existir nenhum tratamento comprovado e nenhuma vacina para prevenir a infecção.

Muitos pacientes com doença de Parkinson (DP) podem apresentar dúvidas como: será que o novo coronavírus pode afetar ou evoluir de forma diferente em mim?

Paciente com doença de parkinson se preocupa com a pandemia de Covid-19

Parkinson e Covid-19

Até o momento não há nenhum dado relacionado diretamente com os pacientes com DP, porém os dados da literatura mostram um curso mais grave da doença em pacientes com comorbidades tipo hipertensão arterial, diabetes, cardiopatias e pneumopatias.

A DP é uma doença com curso clínico muito variável. Por exemplo: Alguns pacientes jovens com DP que apresentam apenas sintomas leves, podem não ter um risco tão aumentado, no entanto, há características clínicas da doença que podem ser fatores de risco para uma evolução desfavorável. Alguns pacientes podem ter doença pulmonar restritiva secundária à rigidez muscular, além de adotar posturas flexoras de tronco que podem restringir ainda mais a expansibilidade torácica. A disfagia e a dificuldade de mobilizar secreções das vias aéreas também podem favorecer complicações.

Leia também: Dia Nacional do Pakinsoniano: conheça os avanços no combate à doença de Parkinson

Os sintomas motores e não motores da DP podem ser exacerbados por qualquer doença, como por exemplo as doenças virais respiratórias. Os pacientes podem na vigência de uma doença viral, notar piora da bradicinesia, da rigidez ou ter e/ou piorar quadros de alucinações, por exemplo. É possível que a Covid-19 possa gerar essas complicações.

Importante ressaltar neste cenário de pandemia que a ansiedade e depressão são sintomas não motores muito frequentes na DP e que sem dúvida pioram e estão associados a flutuações on-off. Algumas recomendações como: estabelecer rotinas diárias, exercitar-se em casa e manter-se conectado com a família e amigos on-line ou por telefone é fundamental para minimizar o estresse.

Interações medicamentosas

Em relação ao tratamento, duas observações são importantes: A primeira, é que o paciente e/ou familiar deve estar atento para possíveis interações medicamentosas. Medicamentos para a tosse e resfriado contendo dextrometorfano, pseudoefedrina e efedrina precisam ser evitados apenas para os pacientes em uso de inibidor da monoamina oxidade (iMAO) (ex: resagilina, selegilina).

Mais do autor: Consenso de neurologia para prevenção e tratamento da doença pelo novo coronavírus

A segunda, é que apesar da amantadina ser uma medicação antiviral, não tem nenhuma evidência de que atue contra o novo coronavírus. O paciente deve estar ciente que não é eficaz. Esta droga tem efeito antiparkinsoniano, indicado para pacientes com sintomas leves que ainda não começaram a ter um grande impacto na função diária e na qualidade de vida.

Conclusão

Em suma, devido à idade e às características clínicas da doença, podemos considerar que pacientes com DP apresentam riscos aumentados de complicações pela Covid-19.

Referências bibliográficas:

A Covid-19 é sem dúvida a doença mais estudada na atualidade. Uma doença respiratória viral com desfechos imprevisíveis e apresentação clínica com sintomas variáveis, como febre, odinofagia, dispneia, hiposmia, diarreia entre outros. Doença que assusta por não existir nenhum tratamento comprovado e nenhuma vacina para prevenir a infecção.

Muitos pacientes com doença de Parkinson (DP) podem apresentar dúvidas como: será que o novo coronavírus pode afetar ou evoluir de forma diferente em mim?

Paciente com doença de parkinson se preocupa com a pandemia de Covid-19

Parkinson e Covid-19

Até o momento não há nenhum dado relacionado diretamente com os pacientes com DP, porém os dados da literatura mostram um curso mais grave da doença em pacientes com comorbidades tipo hipertensão arterial, diabetes, cardiopatias e pneumopatias.

A DP é uma doença com curso clínico muito variável. Por exemplo: Alguns pacientes jovens com DP que apresentam apenas sintomas leves, podem não ter um risco tão aumentado, no entanto, há características clínicas da doença que podem ser fatores de risco para uma evolução desfavorável. Alguns pacientes podem ter doença pulmonar restritiva secundária à rigidez muscular, além de adotar posturas flexoras de tronco que podem restringir ainda mais a expansibilidade torácica. A disfagia e a dificuldade de mobilizar secreções das vias aéreas também podem favorecer complicações.

Leia também: Dia Nacional do Pakinsoniano: conheça os avanços no combate à doença de Parkinson

Os sintomas motores e não motores da DP podem ser exacerbados por qualquer doença, como por exemplo as doenças virais respiratórias. Os pacientes podem na vigência de uma doença viral, notar piora da bradicinesia, da rigidez ou ter e/ou piorar quadros de alucinações, por exemplo. É possível que a Covid-19 possa gerar essas complicações.

Importante ressaltar neste cenário de pandemia que a ansiedade e depressão são sintomas não motores muito frequentes na DP e que sem dúvida pioram e estão associados a flutuações on-off. Algumas recomendações como: estabelecer rotinas diárias, exercitar-se em casa e manter-se conectado com a família e amigos on-line ou por telefone é fundamental para minimizar o estresse.

Interações medicamentosas

Em relação ao tratamento, duas observações são importantes: A primeira, é que o paciente e/ou familiar deve estar atento para possíveis interações medicamentosas. Medicamentos para a tosse e resfriado contendo dextrometorfano, pseudoefedrina e efedrina precisam ser evitados apenas para os pacientes em uso de inibidor da monoamina oxidade (iMAO) (ex: resagilina, selegilina).

Mais do autor: Consenso de neurologia para prevenção e tratamento da doença pelo novo coronavírus

A segunda, é que apesar da amantadina ser uma medicação antiviral, não tem nenhuma evidência de que atue contra o novo coronavírus. O paciente deve estar ciente que não é eficaz. Esta droga tem efeito antiparkinsoniano, indicado para pacientes com sintomas leves que ainda não começaram a ter um grande impacto na função diária e na qualidade de vida.

Conclusão

Em suma, devido à idade e às características clínicas da doença, podemos considerar que pacientes com DP apresentam riscos aumentados de complicações pela Covid-19.

Referências bibliográficas:

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Felipe Resende NobregaFelipe Resende Nobrega
Editor médico de Neurologia da Afya • Residência Médica em Neurologia (UNIRIO) • Mestre em Neurologia (UNIRIO) • Graduação em Medicina pela Universidade Estácio de Sá