Doença de Parkinson: Quando suspeitar e encaminhar para o especialista?

Ainda não existem terapias neuroprotetoras que modifiquem o curso natural da doença de Parkinson, mas há importância no diagnóstico precoce.

O mês de abril é o mês da conscientização sobre  doença de Parkinson. É uma morbidade de causa neurodegenerativa, com curso progressivamente lento, sem cura, que acomete indivíduos geralmente acima de 65 anos de idade. É uma doença que, mesmo possuindo uma sobrevida com duração de décadas, há um grande impacto na vida do indivíduo acometido devido às interferências nas suas atividades de vida diária.

Atualmente não existe terapias neuroprotetoras, isto é, que modifiquem o curso natural da doença de Parkinson. Mesmo assim, há uma importância no diagnóstico precoce visto que há disponível na prática clínica amplo arsenal terapêutico, clínico e cirúrgico, possibilitando restaurar a qualidade de vida dessa população.

Neurotecnologia: Software de análise facial ajuda a rastrear a doença de Parkinson (DP)

Ainda não existem terapias neuroprotetoras que modifiquem o curso natural da doença de Parkinson, mas há importância no diagnóstico precoce.

Quando suspeitar?

O espectro clínico da doença é amplo, apresentando a síndrome parkinsoniana como característica motora principal. O parkinsonismo é definido pela presença de bradicinesia além da presença de mais uma característica entre as três: tremor de repouso, rigidez e instabilidade de marcha.

A bradicinesia, característica sine qua non, é o decremento da amplitude e da velocidade do movimento. Pode ser manifestada através de:

  • Hipomimia facial (redução da mobilidade facial, em que o indivíduo pisca pouco os olhos)
  • Perda de movimentos conjugados dos membros superiores durante a marcha,
  • Micrografia (escrita com letras menores)
  • Fala hipofônica e monótona.

O tremor, movimento oscilatório e em torno de um eixo ocorre em situações predominantemente em repouso. Uma característica importante é que o tremor na doença de Parkinson é assimétrico, isto é, costuma acometer preferencialmente um lado do corpo em relação ao outro. Uma forma interessante de analisar esse movimento é solicitando ao paciente desenhar a Espiral de Arquimedes, podendo ser denotado o tremor unidirecional além de um desenho com tamanho menor do que esperado.

A rigidez é um aumento de tônus muscular com característica uniforme ao ser avaliado em manobra passiva dos membros. Esse sinal também assume qualidade assimétrica.

Por fim, a instabilidade de marcha – embora componha as características de uma síndrome parkinsoniana – está presente na doença em média após cinco anos do início da doença.

A doença de Parkinson não se limita apenas a sintomas motores, como também apresenta sintomas não motores que costumam ser menos visíveis. As características não motoras da doença também contribuem substancialmente para interferência na qualidade de vida dos indivíduos acometidos. Sintomas como constipação intestinal, hiposmia, transtorno comportamental do sono REM e depressão podem se manifestar anos antes do surgimento dos sintomas motores.

Quando não considerar a doença de Parkinson?

Os sinais de alarme (também conhecidos como Red-Flags) podem sugerir patologias alternativas à doença de Parkinson, havendo necessidade de busca ativa durante o primeiro atendimento do paciente a fim de que o diagnóstico da doença, que é realizando de forma clínica, seja mais preciso.

Sinais de alarme para doença de Parkinson:

  • Má resposta a levodopoterapia;
  • Demência de início precoce;
  • Disautonomia de início precoce, como incontinência/retenção urinária ou hipotensão postural ortostática.
  • Instabilidade de marcha precoce, nos primeiros cinco anos do início dos sintomas;
  • Uso de neurolépticos durante início dos sintomas;
  • História de traumatismo cranioencefálico;
  • História de recorrentes acidentes vasculares cerebrais com progressão “em escada” de características parkinsonianas;
  • História de encefalite;
  • Exposição ao MPTP (1-metil-4-fenil-1,2,3,6-tetraidropiridina);
  • Presença de sinais piramidais;
  • Presença de sinais cerebelares;
  • Presença de paralisia supra-nuclear do olhar;
  • Presença de neoplasia ou hidrocefalia comunicante em exames de neuroimagem.

 

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Zesiewicz, Theresa A. "Parkinson disease." CONTINUUM: Lifelong Learning in Neurology 25.4 (2019): 896-918.

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