“Doença do Pombo” causa duas mortes em São Paulo

A criptococose, conhecida como a “doença do pombo”, foi a causadora da morte de dois homens no mês passado em Santos, no litoral de São Paulo.

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A criptococose, mais popularmente conhecida como a “doença do pombo”, foi a causadora da morte de dois homens no mês passado em Santos, no litoral de São Paulo.

De elevada letalidade e morbidade, a criptococose tem início com uma infecção pulmonar que pode progredir para uma meningoencefalite. Segundo dados da Rede Criptococose no Brasil (RCB), formada por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em todo o mundo são notificados anualmente entre 200 e 300 mil novos casos da doença, com cerca de 180 mil óbitos.

A criptococose é uma doença classificada como micose sistêmica, causada por fungos do gênero Cryptococcus. O principal reservatório do fungo é a matéria orgânica morta presente no solo, em frutas secas, cereais e nas árvores. Esse fungo ainda pode ser encontrado nas fezes de aves, principalmente dos pombos.                                                                                                                        A variante C. neoformans, de caráter oportunista, representa a principal causa de meningoencefalite e de morte em pacientes com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). No entanto, essa espécie também pode atingir pessoas saudáveis.  

Os sintomas apresentados pelos dois pacientes eram parecidos: cefaleia intensa, tonturas, febre, além de dispneia. Em algumas situações, é possível confundir os sinais da doença com uma gripe forte. Ao final da internação dos dois pacientes, os quadros se agravaram e um deles chegou a ficar em coma.

A forma cutânea representa de 10% a 15% dos casos. Pode apresentar diversas lesões eritematosas, por vezes com secreção amarelada no centro; o aparecimento de erupções cutâneas eritematosas em uma região específica ou por todo o corpo; e ainda ulcerações ou massas subcutâneas.

Como a infecção é causada por fungos que se proliferam nas fezes de aves, como os pombos, eles se espalham pelo ar. O maior risco de contaminação está em ambientes fechados, onde esses animais se abrigam. Após ser inalado pelas pessoas, o fungo se instala no pulmão, migrando depois para o sistema nervoso central. Por ser uma infecção grave e de diagnóstico demorado, há risco dos pacientes terem sequelas neurológicas e motoras, por exemplo.

Diagnóstico

O diagnóstico da criptococose é clínico e laboratorial. A confirmação laboratorial é realizada com o uso de “tinta da China” (nanquim), com evidências de criptococos visíveis em materiais clínicos. Trata-se do principal diagnóstico das meningites criptocócicas: o exame do líquor-LCR.

O criptococo também pode ser isolado na urina ou em secreções de feridas. A sorologia e a histopatologia também são consideradas na confirmação diagnóstica da criptococose. Como exame complementar, a tomografia computadorizada, ressonância magnética ou radiografia de tórax podem demonstrar danos pulmonares, como a presença de massa única ou nódulos múltiplos distintos (criptococomas).

Tratamento

A escolha terapêutica para o tratamento vai depender da forma clínica que cada paciente apresenta. Alguns medicamentos antifúngicos gratuitos são disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).
No caso de infecções, não há necessidade de isolamento dos doentes. As medidas de desinfecção de secreção devem ser as de uso hospitalar rotineiro. Os tratamentos são realizados mediante internação.

Orientações para a população

A Secretaria de Saúde de Santos informou que a doença não é de notificação obrigatória pelas unidades de saúde públicas e particulares, conforme os atuais protocolos. Por essa razão, não há dados relacionados. Entretanto, as autoridades municipais declararam que realizam ações educativas para prevenção e de controle de pragas urbanas.

A prefeitura de São Paulo orienta que a população solicite ações de fiscalizações em áreas e imóveis com pombos, que podem ser realizadas pelo telefone 162 Outras orientações sobre os procedimentos indicados são fornecidas pelo telefone (11) 3257-8048, no setor de fiscalização da Seção de Vigilância.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

 

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