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Dupilumabe é o primeiro biológico aprovado para uso no tratamento da dermatite atópica moderada a grave. O alvo é o bloqueio do receptor de IL-4. Ele também se mostra promissor também no tratamento da asma, rinosinusite crônica com polipose nasal e esofagite eosinofílica. Melhora de forma significativa os sinais e sintomas da dermatite atópica e é considerado seguro no uso a longo prazo.
A conjuntivite é um efeito colateral conhecido com taxas que variam de 8,6% a 28% nos estudos. É considerada leve e autolimitada na maioria dos casos com menos de 0,5% dos pacientes sofrendo de conjuntivite grave que justifique a suspensão da medicação. A recomendação do conselho internacional de Eczema permite que ele seja iniciado mesmo em pacientes já com doença da superfície ocular e que seja continuado mesmo na ocorrência de conjuntivite.
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A história prévia de doença da superfície ocular e a dermatite atópica grave são considerados fatores de risco para o desenvolvimento de conjuntivite associada ao Dupilumabe. Além da conjuntivite autolimitada, outras alterações oculares foram descritas: conjuntivite folicular grave, nódulos limbares, blefaroconjuntivite, ectrópio cicatricial, ceratite e olho seco.
Um estudo publicado na revista Eye em 2021 teve como objetivo estabelecer as taxas locais de doença da superfície ocular associada ao dupilumabe, descrever os achados, estabelecer a necessidade de tratamento e identificar qualquer sequela a longo prazo.
A revisão de casos retrospectivos ocorridos entre janeiro de 2017 e agosto de 2019 identificou 28 casos tratados com dupilumabe; 14 pacientes foram referidos para a Oftalmologia com sintomas de hiperemia bilateral, dor ocular, prurido e epífora com uma média de início de 6,75 semanas após o início do dupilumabe, 4 pacientes tinham redução do tempo de ruptura do filme lacrimal (BUT < 10 seg) com meibomite e olho seco evaporativo sem sinais de conjuntivite, foi prescrito lubrificante e orientada higiene palpebral, 1 paciente recebeu um curso de pomada de maxitrol, 9 pacientes tiveram achados de conjuntivite como apresentação inicial com hiperemia ocular bilateral importante, 6 pacientes tiveram reação papilar bilateral e 3 pacientes tiveram mais reação folicular, 2 pacientes mostraram nódulos límbicos similares aos nódulos de Trantas na visita inicial, 2 irmãs apresentaram cicatrização conjuntival no fórnice inferior. Alterações perioculares como ectrópio cicatricial, estenose de ponto e dermatite periocular foram vistos em 4 pacientes junto com o quadro de conjuntivite.
No grupo que teve conjuntivite a média de tempo para reportarem os sintomas após o início do Dupilumabe foi de 6 ± 5,5 semanas depois. 44,4% tinham uma história prévia de ceratoconjuntivite atópica antes da medicação. A doença de superfície estava estável no início do Dupilumabe com desenvolvimento de novos sintomas de conjuntivite.
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O tratamento inicial incluiu corticoide tópico em todos os casos; 6 pacientes receberam lubrificante tópico adicional. Todos responderam bem aos corticoides isoladamente, 2 precisaram de ciclosporina tópica 0,1% para controlar sintomas, 1 paciente usou tacrolimus pomada nas pálpebras. Em 67% dos pacientes foi necessário manter os esteroides tópicos ou o esteroide + ciclosporina por uma média de 16 ± 6,9 meses, com frequência reduzida a 1x ao dia. Os outros 33% usaram esteroide de 3-12 meses até a completa resolução dos sintomas e sinais de conjuntivite. O duplilumabe foi descontinuado somente em 1 paciente com conjuntivite grave associada a madarose.
O dupilumabe portanto é usado em pacientes que já teriam uma forte predisposição a alterações crônicas da superfície ocular. No estudo, 32% foram afetados pela doença da superfície ocular associada ao Dupilumabe.
Referências bibliográficas:
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