Dor no ombro: como identificar a capsulite adesiva?

A capsulite adesiva é uma síndrome dolorosa do ombro, caracterizada por uma redução progressiva e importante da amplitude de movimento do ombro.

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A capsulite adesiva, também conhecida como “ombro congelado”, é uma síndrome dolorosa do ombro, caracterizada por uma redução progressiva e importante da amplitude de movimento do ombro, geralmente apresentando recuperação espontânea completa ou quase completa após um período variado de tempo.

Embora a etiologia permaneça incerta, a capsulite adesiva pode ser classificada como primária ou secundária. O ombro congelado é considerado primário se o início for idiopático, e secundário se surgir por uma causa conhecida ou após evento cirúrgico. Subcategorias de ombro congelado secundário incluem fatores sistêmicos (diabetes mellitus e outras condições metabólicas), extrínsecos (doença cardiopulmonar, AVC, fraturas do úmero, doença de Parkinson) e fatores intrínsecos (patologias do manguito rotador, tendinopatia do bíceps, tendinopatia calcificada).

A incidência de capsulite adesiva na população em geral é de aproximadamente 3% a 5%, mas chega a 20% em pacientes com diabetes. A capsulite adesiva idiopática geralmente envolve a extremidade não dominante, embora o envolvimento bilateral tenha sido relatado em até 40% a 50% dos casos. A capsulite adesiva é frequentemente considerada uma doença autolimitada que se resolve entre 1 e 3 anos.

No entanto, vários estudos mostraram que entre 20% e 50% dos pacientes podem desenvolver sintomas duradouros. Nesta população de pacientes, são necessárias intervenções não cirúrgicas e cirúrgicas para garantir resultados funcionais aceitáveis.

médico prescrevendo para paciente com capsulite adesiva

Sobre a capsulite adesiva

A capsulite adesiva é dividida em três fases: aguda ou inflamatória, fase de rigidez ou congelamento e fase de descongelamento.

A fase aguda é caracterizada pelo aparecimento gradual de dor difusa no ombro e que pode durar até seis meses, ficando forte e limitante.

A fase de congelamento é caracterizada pela perda progressiva do movimento do ombro que pode durar mais de doze meses, com a dor muitas vezes apresentando menor intensidade.

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Na fase de descongelamento, com duração variável, os sintomas começam a aliviar, diminuindo a dor e consequentemente melhorando a amplitude de movimento.

Geralmente, cerca de três a nove meses após o desenvolvimento do ombro congelado, aumenta-se acentuadamente a dor durante atividade, ocorre perda progressiva de movimento, rigidez e dores significativas que ocorrem dia e noite (com acometimento e superficialização do sono)

Diagnóstico

A capsulite adesiva tem diagnóstico clínico feito com base na anamnese e no exame físico, sendo um diagnóstico de exclusão.

Outras causas de dor no ombro devem ser excluídas antes da realização do diagnóstico de capsulite adesiva, incluindo artrite séptica, posição incorreta do material ortopédico, patologia do manguito rotador, artrose glenoumeral ou radiculopatia cervical.

Clinicamente, os pacientes geralmente apresentam primeiro dor no ombro, seguida por perda gradual da amplitude de movimento ativa e passiva devido à fibrose da cápsula da articulação glenoumeral.

Os estudos de imagem não são necessários para o diagnóstico de capsulite adesiva do ombro, mas podem ser úteis para descartar outras causas de um ombro doloroso e rígido.

Radiografias do ombro podem revelar osteopenia em pacientes com capsulite adesiva prolongada secundária ao desuso. A ressonância magnética pode revelar espessamento dos tecidos capsulares e pericapsulares, bem como um espaço articular glenoumeral contraído.

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Fatores de risco

Os fatores de risco para capsulite adesiva incluem sexo feminino, idade acima de 40 anos, trauma anterior, positividade para HLA-B27 e imobilização prolongada da articulação glenoumeral.
Estima-se que 70% dos pacientes com capsulite adesiva do ombro sejam mulheres. Estudos demográficos demonstraram que a maioria dos pacientes com capsulite adesiva (84,4%) se enquadra na faixa etária de 40 a 59 anos.

História natural

A maioria dos relatos clínicos indica que essa condição é autolimitada e geralmente desaparece em 2 a 3 anos.
Uma revisão retrospectiva de Vastamäki e cols. avaliou 51 pacientes diagnosticados com capsulite adesiva que não receberam tratamento e descobriram que, após uma duração média de 15 meses de sintomas (variação: 4-36 meses), 94% dos pacientes recuperaram a amplitude de movimento normal.

No entanto, as restrições de movimento demonstraram persistir muito além desse período. Um estudo de 2008 sobre a evolução a longo prazo da capsulite adesiva relatou que, em um seguimento médio de 4,4 anos, 41% dos 269 casos ainda eram sintomáticos. Nesse mesmo estudo, os autores observaram uma taxa de retorno ao normal de 92% e 89% em pacientes tratados no período não operatório ou com manipulação, respectivamente.

Tratamento

Embora a capsulite adesiva seja uma condição autolimitada, pode levar de dois a três anos para que os sintomas sejam resolvidos e alguns pacientes podem nunca recuperar completamente o movimento total.

Um tratamento ativo da dor, perda de movimento e função limitada é importante. Várias intervenções foram pesquisadas que abordam o tratamento da sinovite e inflamação e modificam as contrações capsulares, como medicamentos, injeções de corticosteroides, manipulação e cirurgia. Embora muitos desses tratamentos tenham mostrado benefícios significativos em relação a nenhuma intervenção, não há um consenso claro no manejo da lesão.

O tratamento primário da capsulite adesiva deve ser baseado em reabilitação com cinesioterapia e medidas anti-inflamatórias, porém, esses resultados nem sempre são superiores a outras intervenções.

atlas ortopedia

Referências bibliográficas:

  • Vastamäki H, Kettunen J, Vastamäki M. The natural history of idiopathic frozen shoulder: a 2-to 27-year followup study. Clinical Orthopaedics and Related Research®. 2012 Apr 1;470(4):1133-43.
  • Hannafin JA, Chiaia TA. Adhesive Capsulitis: A Treatment Approach. Clinical Orthopaedics and Related Research (1976-2007). 2000 Mar 1;372:95-109.
  • Neviaser AS, Hannafin JA. Adhesive capsulitis: a review of current treatment. The American journal of sports medicine. 2010 Nov;38(11):2346-56.
  • Lech O, SUDBRACK G, NETO CV. Capsulite adesiva (“ombro congelado”). Revista Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. 1993;28(9):617.

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