Drenagem de tórax: o que precisamos saber

Os primeiros relatos sobre a drenagem de tórax foram feitos por Hipócrates ao usar um tubo de estanho oco para drenar um possível empiema.

Descrita pela primeira vez no século V antes de cristo, os primeiros relatos sobre a drenagem de tórax foram feitos por Hipócrates ao usar um tubo de estanho oco para drenar um possível empiema. Em 1922, foram usadas pela primeira vez no pós-operatório de cirurgias torácicas. Desde então vêm sofrendo melhorias e são cada vez mais usados, inclusive na pandemia de Covid-19.  

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Drenagem de tórax: o que precisamos saber

Indicações 

A drenagem torácica é indicada principalmente para o tratamento do pneumotórax (entrada de ar na cavidade pleural) e do derrame pleural (presença de líquido na pleura). Estudos revelam que a drenagem do empiema (quando há pus na cavidade pleural) por via cirúrgica videoassistida ou pelo dreno de tórax não teve diferença significativa, com uma tendência a menos dias de internação no caso de pacientes operados. Além disso, o uso de agentes líticos como a alteplase e a DNase no tratamento do empiema drenado parece ter melhores respostas.  

Tipos de drenos 

Os drenos possuem uma variedade de tamanhos e materiais. São tradicionalmente reconhecidos pelo seu diâmetro em unidades French (F), que correspondem a um terço da medida em milímetros. São considerados drenos grandes aqueles com calibre acima de 20F e pequenos os que ficam abaixo de 20F. Um dos tipos mais utilizados na prática é o dreno pigtail, nomeado dessa forma devido a ponta que se enrola como um rabo de porco para evitar seu deslocamento. Os drenos menores são considerados de primeira linha no tratamento do pneumotórax, do derrame pleural e do empiema simples. Além disso, os drenos menores são associados a menor taxa de dor crônica, menos dias de internação e menor tempo de drenagem.  

Inserção 

O ponto ideal de inserção do dreno é conhecido como triângulo de segurança e é formado pela borda do latíssimo do dorso, peitoral maior, a base da axila e transversal à linha do mamilo ou acima do quinto espaço intercostal. Porém, o local da inserção pode variar de acordo com a indicaçõe como pneumotóraces apicais que podem ser drenados no segundo espaço intercostal. As 3 maneiras de inserir um dreno torácico são dissecção, Seldinger (muitas vezes guiada por ultrassonografia) e a técnica de trocar, novamente muitas vezes guiada por ultrassonografia. Uma agulha localizadora geralmente preenchida com anestésico pode ser utilizada para guiar o local da inserção até a punção do líquido pleural. Uma pinça dissecante pode ser usada para ajudar a dissecar os planos no local do dreno. O dreno deve ser alocado na posição apicoposterior e totalmente inserido, além de fixado com uma sutura na pele.  

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Manejo 

Após inserção, o dreno é conectado a um dispositivo de drenagem que pode ser único e, hoje em dia, até controlado de forma digital. Muitas vezes ligado à aspiração, pode ter algum benefício em melhora de pneumotóraces recorrentes e de difícil manejo que, em alguns casos, pode ser superior à drenagem em selo d’água.  

Remoção  

Existem muitos fatores que entram em jogo na determinação do momento correto para remover um dreno torácico. O fluido deve estar livre de quilo, sangue ou pus. No entanto, a quantidade de líquido aceitável antes da retirada de um dreno torácico não é consensual, com limites de volume recomendados que variam de 200 mL a 500 mL por dia, sendo que maiores volumes são associados a maior risco de recorrência do derrame pleural. Para remoção, a realização da manobra de Valsalva parece ser melhor que retirar o dreno no fim da expiração.  

Complicações 

Colocação do dreno na emergência, por médicos de medicina de emergência e em indivíduos obesos foram associados a maiores complicações, chegando até 40% dos casos. Elas são divididas em complicações de inserção, posicionamento, remoção, infecciosas e de mau funcionamento.  

Perspectivas 

Estudos recentes indicam boa aceitação dos dispositivos ambulatoriais para condução de pneumotóraces espontâneos, com redução do tempo de internação, porém com aumento de complicações locais como deslocamento. Tratamentos mais conservadores como observação do pneumotórax ao invés da drenagem vem ganhando força, não apresentando evolução desfavorável. Cateteres de extração de ar utilizados em pacientes no pós-operatório podem gerar menos dor local quando comparados a drenos.  

Mensagens práticas: 

  • Os drenos de tórax são essenciais para tratamento de casos com derrame pleural e pneumotórax; 
  • Casos de pneumotórax assintomáticos sem repercussão hemodinâmica podem ser acompanhados ao invés de submetidos à drenagem;
  • Drenos menores são associados à drenagem de curta duração, menor tempo de internação e menos dor no pós-operatório;  

Referências bibliográficas: 

  • Anderson D, Chen SA, Godoy LA, Brown LM, Cooke DT. Comprehensive Review of Chest Tube Management: A Review. JAMA Surg. 2022 Jan 26. doi: 10.1001/jamasurg.2021.7050.

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