Semana de Telemedicina: é possível avaliar a queixa de falta de ar em teleconsultas?

Devido a transmissibilidade da Covid-19, orientações por parte do Ministério da Saúde e conselhos profissionais passaram a respaldar a telemedicina.

A nova infecção pelo coronavírus (Covid-19) vem alterando a dinâmica da assistência a pacientes pelas suas características epidemiológicas. Com alta transmissibilidade, a doença forçou no mundo inteiro medidas de isolamento social, de modo a reduzir o seu contágio. Nesse sentido, orientações técnicas por parte do Ministério da Saúde e de conselhos profissionais passam a respaldar e autorizar, temporariamente, a telemedicina: consultas à distância, seja por telefone, seja por vídeo.

Esse tipo de atendimento é recomendado para grande parte dos casos de Covid-19, uma vez que a maioria dos pacientes com essa doença apresenta-se com sintomas leves e autolimitados. Permite-se, portanto, que o paciente seja atendido sem sair de casa, reduzindo assim a circulação do vírus.

Saiba mais: Telemedicina durante pandemia do coronavírus: quais resoluções devem ser seguidas?

Com a pandemia de Covid-19, a telemedicina tem sido praticada

Anamnese na telemedicina

Muitos dados da anamnese, e até alguns do exame físico, podem ser colhidos com bom grau de confiabilidade em consultas à distância. No entanto, um dos principais sintomas característicos da doença que podem indicar gravidade, a “falta de ar”, pode ser consideravelmente subjetivo. Pacientes podem referir essa queixa quando sentem desde um discreto cansaço até uma dispneia a médios ou pequenos esforços.

Assim, para que a consulta à distância possa cumprir com o objetivo de diferenciar casos leves de casos graves, como seria possível avaliar a queixa de falta de ar de maneira confiável?

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Avaliação da dispneia

Ainda não há testes validados para a avaliação à distância da falta de ar aguda em um ambiente de atenção primária. Contudo, uma pesquisa rápida com 50 clínicos do Reino Unido que realizaram regularmente atendimentos por telefone chegou a consenso sobre algumas orientações:

  1. Utilizando perguntas abertas, solicite ao paciente para descrever com as próprias palavras o problema com sua respiração, avaliando ao mesmo tempo a facilidade e o conforto de sua fala.- Como está sua respiração hoje?
  2. Complemente a avaliação realizando essas três perguntas:- Você está tão ofegante que não consegue falar mais do que algumas palavras?
    – Está respirando mais profundamente ou mais rápido que o normal quando não faz nada?
    – Você está tão doente que parou de fazer todas as suas atividades diárias habituais?
  3. A mudança do padrão de respiração deve ser mais valorizada do que se o paciente sente atualmente falta de ar. Fique atento a sinais de deterioração, utilizando perguntas como:- Sua respiração é mais rápida, mais lenta ou igual à normal?
    – Você poderia fazer algo ontem e não pode fazer hoje?
    – O que o deixa sem fôlego agora que não o deixava sem fôlego ontem?
  4. Leve em consideração outros achados da anamnese ao avaliar a queixa de falta de ar (por exemplo, relato de cianose ou de chiados);
  5. Sobre a medida de frequência respiratória, a mesma pode ser conseguida por vídeo, mas não existem evidências de que seja possível se obter uma leitura precisa por telefone.

 

Como se trata de um possível sinal de gravidade, a queixa de falta de ar nunca deve ser negligenciada. Se não há segurança para a sua caracterização, uma avaliação presencial é indicada, podendo ser via visita domiciliar, no caso de atendimentos no nível de Atenção Primária à Saúde.

Para mais informações a respeito de atendimentos à distância de casos de Covid-19, você pode conferir o conteúdo completo de Atendimento Remoto de Covid-19 no Whitebook.

Veja mais da Semana de Telemedicina:

Referências bibliográficas:

  • Greenhalgh T, Koh GCH, Car J. Covid-19: a remote assessment in primary care. BMJ. 2020 Mar 25;368:m1182. doi: 10.1136/bmj.m1182

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