É seguro fazer transfusão de sangue na cirurgia cardíaca?

Na cirurgia cardíaca, anemia é um problema comum e está relacionado com a doença de base, há muito debate em torno do limiar ideal para transfusão.

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

Na cirurgia cardíaca, anemia é um problema comum e está relacionado com a doença de base, as perdas durante o procedimento e a hemodiluição durante circulação extracorpórea (CEC). Há muito debate em torno do limiar ideal para transfusão, se < 7 g/dl ou < 10 g/dl de hemoglobina. Um estudo recente, realizado na Holanda, trouxe informações nessa área.

Foram recrutados pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, seja revascularização e/ou troca valvar. Neste hospital, o protocolo transfusional é com limiar de hemoglobina em 7,3 g/dl no pré e pós-operatório, hematócrito 20% durante a cirurgia com CEC e 25% durante a cirurgia sem CEC. O desfecho primário foi mortalidade em 30 dias após a cirurgia. O estudo incluiu 2933 pacientes, com idade média 67 anos, 70% homens. A cirurgia mais comum foi revascularização (90%). Cerca de 25% tinham disfunção sistólica do VE associada.

O que os autores observaram?

  1. A hemoglobina média após a cirurgia foi 6g/dl.
  2. 22% dos pacientes foram transfundidos, uma média de 2 bolsas.
  3. Quem transfundiu apresentou um risco de morte em 30 dias. Um risco 3,1 vezes maior! Além disso, na análise estatística, a transfusão foi um preditor independente de mortalidade.
  4. A população de maior risco para necessitar de transfusão foram idosos, maior Euroscore, cirurgia combinada revascularização + valva, anemia no pré-operatório e maior tempo de CEC.

Leia mais: Cirurgia cardíaca: novidades no tratamento de complicações no pós-operatório imediato

O que levar para a prática?

Esses resultados estão em linha com estratégias mais conservadoras de transfusão, com um limiar entre 7 e 8 g/dl. Um estudo de 2018, o TRICS, já havia mostrado que uma estratégia de transfusão com limiar em 7,5g/dl era não inferior a 9,5g/dl no pós-operatório de cirurgia cardíaca. Portanto, segurem a mão nos hemoderivados! Nada da regra universal “quem ganha uma, ganha duas bolsas”. A dúvida que fica é se vale a pena e como corrigir a anemia no pré-operatório.

 

Referências:

  • https://bmcanesthesiol.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12871-019-0738-2
  • https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1808561

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.

Especialidades