EAP 2021: impacto e morbidade da síndrome de abstinência neonatal

A síndrome de abstinência neonatal é uma complicação frequente em neonatologia. Um estudo apresentado no EAP 2021 avaliou seu impacto.

A síndrome de abstinência neonatal (SAN) é uma complicação frequente em neonatologia e resulta da interrupção repentina da exposição fetal a drogas para as quais a mãe desenvolveu dependência. Um estudo realizado por pesquisadores do Centro Hospitalar De Leiria, Portugal, e apresentado no European Academy of Pediatrics Congress (EAP 2021), avaliou a prevalência de SAN, seu impacto e a morbidade em neonatos.

bebê com síndrome de abstinência neonatal

Síndrome de abstinência neonatal

Foi realizada uma pesquisa retrospectiva envolvendo recém-nascidos (RN) com diagnóstico de SAN no período de 2006-2019. A amostra foi dividida em dois grupos:

  • A: RN de mães dependentes de opioides (44);
  • B: RN de mães em uso de drogas psiquiátricas (5).

Foram incluídos, portanto, 49 neonatos. A prevalência de SAN foi de 1,6‰ (3,5 casos/ano). Um total de 18,4% das gestações não teve acompanhamento médico. A droga mais frequentemente usada foi a metadona (65,3%), sendo que 61,4% faziam consumo múltiplo.

Hepatite C estava presente em 55,1% das mães. Ademais, 70,5% delas estavam em um programa de desintoxicação (PD). No grupo A, 22,7% dos RN apresentavam baixo peso e 13,6% foram prematuros. De todos os RN, 14 apresentavam malformações congênitas. O tempo médio de internação foi de 21,64 dias. O escore de Finnegan (EF) foi menor nos RN prematuros, com diferença estatisticamente significativa (p = 0,029).

Foi obtida correlação linear moderada entre EF máximo e permanência hospitalar (r = 0,539). Vinte e sete RN foram tratados (66,7% com clorpromazina). Além disso, 17 RN tiveram alta para orfanatos (52,9% das mães em PD) e oito foram adotados. Todos foram encaminhados para uma consulta de follow-up e o tempo médio de acompanhamento foi de 16 meses.

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Entre os pacientes ainda em acompanhamento, o diagnóstico mais frequente foi transtorno de hiperatividade e déficit de atenção. Por fim, alguns desses pacientes apresentavam comprometimento cognitivo concomitante.

Conclusões

Os pesquisadores concluíram que a permanência hospitalar foi prolongada e isso pode ter ocorrido, provavelmente, devido à situação social inerente. Além disso, descreveram que, conforme dados obtidos na literatura, a pontuação na EF foi menor nos prematuros.

No entanto, destacaram que, apesar de ainda não poderem estabelecer uma relação clara entre a exposição pré-natal a drogas e os transtornos do desenvolvimento, foi observado um alto percentual de distúrbios comportamentais nessas crianças e, portanto, o acompanhamento é fundamental após a alta hospitalar.

Estamos fazendo a cobertura do EAP 2021; acompanhe com a gente!

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