ECCMID 2021: como abordar a endocardite em pacientes geriátricos?

Infecções consideradas difíceis de tratar, como endocardite, podem se tornar especialmente desafiadoras em pacientes geriátricos.

Antibioticoterapia em pacientes geriátricos pode ser um desafio na prática clínica devido ao aumento na frequência de eventos adversos, fragilidade e interações medicamentosas. Alterações que ocorrem com envelhecimento podem afetar aspectos de farmacocinética, principalmente na concentração e eliminação de antibióticos, e de farmacocinética, como alterações no sistema cardiovascular, redução da reserva hematopoiética e maior suscetibilidade a infecções do SNC.

Nesse contexto, infecções consideradas difíceis de tratar, como endocardite, podem se tornar especialmente desafiadoras. Além dos aspectos já citados, determinar a dose e a via de administração mais adequadas e a seleção difícil de pacientes em casos cirúrgicos são exemplos de dificuldades que os profissionais de saúde podem encontrar na assistência desses pacientes.

O perfil de segurança também deve ser avaliado. Indivíduos mais velhos estão sob maior risco de insuficiência renal aguda relacionada a medicamentos. Dentre as classes de antibióticos, algumas estão mais associadas a esse evento, especialmente aminoglicosídeos.

antibióticos variados para tratamento de endocardite em pacientes geriátricos

Endocardite em pacientes geriátricos

Os guidelines de endocardite não abordam especificamente idosos. Por esse motivo, a apresentação sobre o tema no European Congress of Clinical Microbiology & Infectious Diseases (ECCMID 2021)  procurou mostrar formas de otimizar as recomendações existentes para serem aplicadas em pacientes geriátricos. Alguns dos pontos destacados foram:

  • Dar preferência a tratamentos em monoterapia;
  • Caso terapia combinada seja necessária, evitar aminoglicosídeos por sua associação com insuficiência renal aguda;
  • Fazer uso criterioso de infusões contínuas, uma vez que restringem a mobilidade do paciente por tempo prolongado, o que pode ter impacto negativo em idosos, principalmente os com capacidade reduzida;
  • Quando possível, monitorar os níveis séricos do antibiótico selecionado.

Embora ainda pouco difundida, uma opção de tratamento destacada na apresentação foi a dalbavancina, um lipoglicopeptídeo de ação prolongada. Características como atividade contra bactérias Gram positivas, a administração semanal ou a cada 2 semanas, um perfil de segurança favorável em relação à toxicidade renal e neurológica e a ausência de interações medicamentosas importantes.

Ainda não existem estudos controlados do uso dessa droga em endocardite, mas a prática clínica do centro apresentador é com o uso de 1.500 mg, IV, a cada 2 semanas por quatro a seis semanas.

Veja também: Antibioticoprofilaxia para endocardite: mudanças nas recomendações

Para casos com indicação cirúrgica, pode-se considerar não operar indivíduos mais frágeis. Terapia supressiva – com a dalbavancina novamente sendo apresentada como opção terapêutica – poderia ser uma alternativa nesses casos, mas não há consenso sobre os critérios de seleção de pacientes candidatos.

Abordagem integral

Outro destaque é a necessidade de uma abordagem integral do paciente, com atenção para a avaliação de outros fatores como controle de comorbidades, perda de funcionalidade, status cognitivo, psicossocial e nutricional e polifarmácia. Uma estratégia para otimizar esse cuidado integral é envolver geriatras na assistência desses pacientes como parte da equipe multiprofissional.

Estamos cobrindo o ECCMID 2021, não deixe de acompanhar com a gente!

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