ECCMID 2022: pneumonia estafilocócica

Uma das sessões do ECCMID 2022 discutiu características clínicas de pneumonia estafilocócica comunitária grave em adultos e crianças.

Staphylococcus aureus é uma bactéria implicada em muitas infecções comunitárias, que podem cursar com uma grande variedade de apresentações clínicas, indo desde quadros leves que podem ser manejados ambulatorialmente a quadros potencialmente fatais. Dentre as infecções estafilocócicas comunitárias, pneumonia é relativamente infrequente, mas pode estar gerar quadros graves. Uma das sessões do ECCMID 2022 discutiu características clínicas de pneumonia estafilocócica comunitária grave em adultos e crianças.

ECCMID 2022 pneumonia estafilocócica

Confira agora os destaques:

  • Há poucos estudos sobre a epidemiologia de pneumonia comunitária estafilocócica em adultos. A maior parte da literatura cobre casos associados à ventilação mecânica e aos cuidados à saúde. Ainda assim, os dados disponíveis sugerem que PAC estafilocócica em adultos é mais comum em idosos e em indivíduos com comorbidades.
  • Pacientes com PAC por S. aureus, tanto adultos quanto crianças, são mais comumente internados em CTI quando comparados com outras etiologias. Em crianças, PAC por S. aureus é a principal causa de empiema e terceira causa de pneumonia grave em países em desenvolvimento.
  • Parece haver uma diferença na apresentação clínica de PAC por S. aureus entre adultos e crianças. Nos primeiros, quadros mais exuberantes caracterizados por necrose e hemorragia são mais classicamente descritos. Já em crianças, quadros pleuropulmonares, com formação de bolhas, são os mais frequentes.
  • Um dos fatores de virulência muito estudados é a presença da Panton-Valentin leucocidina (PVL). A PVL é uma toxina rara com atividade pró inflamatória, levando a degranulação de polimorfonucleares e atividade necrotizante e apoptose. No pulmão, ativa inflamassomos e recruta polimorfonucleares localmente, gerando necrose e morte celular.
  • Um grande estudo multicêntrico francês investigou especificamente as características de PAC grave por S. aureus em crianças e adultos admitidos em CTI. Foram incluídos 163 pacientes, com idades variando de 1 mês a 84 anos. Todos os pacientes tinham infecção por S. aureus confirmada. Mais da metade das cepas (52%) eram produtoras de PVL. A taxa de mortalidade na coorte foi de 33,7%.
  • Pacientes que apresentavam cepas produtoras de PVL eram mais jovens, com uma proporção maior de crianças em relação ao grupo de pacientes com cepas PVL negativas. De forma interessante, os resultados mostraram diferenças no comportamento da doença em crianças muito pequenas (< 3 anos) e nas demais faixas etárias.
  • No grupo de crianças < 3 anos, a maioria tinha < 1 ano e eram PVL positivas. Apresentaram, em sua maioria, quadros de pleuro-pneumonia com formação de bolhas com necessidade de drenagem. Também tinham uma alta proporção de integrantes da família com história de furúnculos. A maior parte dos casos foram considerados leves, com poucos casos de SARA. Não foram observados casos de hemorragia em vias aéreas.
  • Nos indivíduos com > 3 anos, 46,1% dos pacientes apresentaram cepas com PVL. Esses tendiam a ser mais jovens e com menos comorbidades do que os com cepas PVL negativas. Também apresentaram maior frequência de leucopenia, hemorragia e rash, além de valores mais elevados de lactato e procalcitonina, maior pontuação no escore SOFA e maior frequência de necessidade de ECMO na admissão. A presença de PVL também esteve associada a maior frequência de marcadores de gravidade durante a internação, inclusive mortalidade. Esses achados chamam a atenção porque, como os dados demográficos mostram, essa população teria características que favoreceriam melhores benefícios.
  • Fatores de risco para mortalidade encontrados na análise multivariada foram: infecção por MRSA, hemoptise, rash e leucopenia. Contudo, quando leucopenia e hemoptise foram removidos do modelo multivariado, a presença de PVL se torna um fator de risco independente.
  • Não houve associação direta entre linhagens clonais e mortalidade, mas foi encontrada associação com alguns fatores relacionados à gravidade, como rash e leucopenia, com a presença de clones específicos.
  • Apesar de ser uma prática utilizada, benefício no uso de clindamicina no esquema antimicrobiano para inibir a produção de PVL só foi demonstrado in vitro até o momento.

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