Efeito da idade materna sobre o risco de parto prematuro

Estudo visa avaliar o impacto da idade materna na ocorrência de parto prematuro, após controlar múltiplas variáveis de confundimentos.

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Durante as últimas décadas, um aumento gradual da idade materna foi observado em todo o mundo. Nos Estados Unidos, entre 1970 e 2006, a proporção de mulheres grávidas com mais de 35 anos aumentou quase oito vezes. Complicações na gravidez, tais como placenta prévia, restrição de crescimento intrauterino, morte fetal, diabetes gestacional, problemas de hipertensão relacionadas a gravidez e parto por cesariana estão bem conhecido por serem mais comuns em mulheres grávidas idosas.

O parto prematuro é o fator mais importante que determina a morbidade e mortalidade neonatal. No entanto, na literatura, a associação entre prematuridade e idade materna avançada continua controversa.

Em janeiro de 2018, foi publicado na revista PLoS ONE um estudo que visa avaliar o impacto da idade materna na ocorrência de parto prematuro, após controlar múltiplas variáveis de confundimentos.

Trata-se de uma coorte retrospectiva utilizando dados do estudo QUARISMA, um grande ensaio controlado aleatorizado canadense, que coletou dados de 184 mil nascimentos em 32 hospitais. Os critérios de inclusão foram idade materna acima de 20 anos. Os critérios de exclusão foram gravidez múltipla, malformação fetal e morte fetal intra-uterina.

Cinco categorias de idade materna foram definidas e comparadas quanto às características maternas, complicações gestacionais e obstétricas e fatores de risco para a prematuridade. Fatores de risco para parto prematuro < 37 semanas, seja espontâneo ou iatrogênico, foram avaliados para diferentes faixas etárias usando regressão logística multivariada.

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Resultados do estudo sobre prematuridade e idade materna avançada

Foram incluídos no estudo 165.282 nascimentos. A hipertensão crônica, técnicas de reprodução assistida, diabetes pré-gestacional, procedimentos invasivos na gravidez, diabetes gestacional e placenta prévia foram associadas linearmente ao aumento da idade materna, enquanto os distúrbios hipertensivos da gravidez seguiram uma distribuição em forma de “U” de acordo com a idade materna. As taxas brutas de parto prematuro antes de 37 semanas seguiram uma curva em forma de “U” com um nadir em 5,7% para o grupo de 30-34 anos.

Na análise multivariada, o odds ratio ajustado (OR) da prematuridade estratificada por faixa etária seguiu uma distribuição em forma de “U” com um OR de 1,08 (IC 95%; 1,01-1,15) para faixa etária de 20-24 anos e 1,20 (IC 95% ; 1,06-1,36) para faixa etária maior ou igual a 40 anos.

A idade materna avançada (40 anos ou mais) foi associada a um risco aumentado de parto prematuro, mesmo após ajuste para fatores de confusão. O menor risco de prematuridade foi encontrado em mães com idade entre 30-34 anos. O nascimento prematuro foi principalmente espontâneo em mulheres mais jovens (20-24 anos), enquanto que em mulheres com mais de 40 anos frequentemente era de origem iatrogênica.

Conflitos identificados neste estudo são fatores de risco conhecidos para a prematuridade. Placenta previa, diabetes gestacional, história médica, uso de tecnologias de reprodução assistida e ocorrência de procedimentos invasivos foram mais comuns em mães idosas. Por outro lado, a nuliparidade, o consumo de drogas e tabagismo prévio eram mais prevalentes em mães mais jovens. Além disso, a prevalência de distúrbios hipertensivos foi menor nos grupos de meia-idade. Esta distribuição de fatores de risco provavelmente explica a distribuição em forma de “U” do risco de parto prematuro entre grupos etários.

A principal força deste estudo é o tamanho da coorte com mais de 165 mil pacientes estudados. Além disso, a amostragem representa um amplo espectro de pacientes, incluindo aqueles de comunidades rurais e urbanas em uma província canadense.

Este estudo tem algumas limitações. Alguns fatores de confusão potenciais não puderam ser estudados. A informação do IMC estava faltando em 28% dos pacientes, portanto, não foi utilizada na análise multivariada. Na população estudada, a obesidade foi mais comum em mães de idade materna avançada. Pesquisas anteriores mostraram que o excesso de peso está associado à prematuridade geral antes de 32 semanas e a prematuridade induzida antes de 37 semanas. Assim, controlar o IMC poderia ter produzido resultados diferentes.

Com isso, este estudo foi capaz de demonstrar que mesmo após o ajuste para muitos fatores de confusão potenciais que se sabe serem associados ao parto prematuro, a idade materna avançada foi associada de forma independente ao parto prematuro. Uma idade materna de 30-34 anos foi associada ao menor risco de prematuridade.

Leia também: ‘Náuseas e vômitos na gravidez – recomendações 2018’

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