Efeito Hawthorne e a eficiência do cuidado médico

Em recente publicação, pesquisadores descobriram uma forma única do efeito Hawthorne em hospitais, com consequências importantes para os pacientes.

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O “efeito Hawthorne” refere-se ao fenômeno no qual indivíduos mudam ativamente seu comportamento quando sabem que estão sendo observados e monitorados. Estudos realizados com profissionais de saúde já mostraram diferentes resultados como, por exemplo, a melhoria da higiene das mãos. Em uma recente publicação do JAMA Internal Medicine, pesquisadores descobriram um novo efeito em hospitais, com consequências importantes para os pacientes.

Nos Estados Unidos, os hospitais recebem credenciamento por meio de inspeções surpresas no local feitas pela The Joint Commission (TJC). Normalmente, esses são períodos de alta pressão para demonstrar conformidade com as melhores práticas.

Para avaliar se essa vigilância aumentada está associada a um desfecho melhor para o paciente em comparação com períodos sem acompanhamento, pesquisadores realizaram uma análise observacional de 1.984 inspeções surpresas realizadas pela TJC em hospitais americanos.

Os dados recolhidos foram entre os anos de 2008 a 2012, no período de 3 semanas antes a 3 semanas após as inspeções. O desfecho primário foi a mortalidade em 30 dias e os secundários foram taxa de infecções por Clostridium difficile, mortalidade por parada cardíaca hospitalar e indicadores de segurança dos pacientes.

A amostra do estudo incluiu 244.787 e 1.462.339 admissões durante as semanas com e sem inspeções, respectivamente, com características semelhantes entre pacientes, razão para a admissão e procedimentos intra-hospitalares em ambos os grupos.

Em geral, verificou-se uma diminuição significativa na taxa de mortalidade em 30 dias nas admissões durante as inspeções (7,03%) vs nas semanas sem acompanhamento (7,21%) (diferença ajustada: -0,12%; intervalo de confiança [IC] de 95%: -0,22% a -0,01%).

As reduções observadas foram maiores nos hospitais universitários, onde a mortalidade caiu de 6,41% para 5,93% durante as semanas de inspeção (diferença ajustada: -0,38%; IC de 95%: -0,74% a -0,03%). Não foram observadas diferenças significativas no volume de admissão, tempo de permanência ou desfechos secundários.

Pelos resultados, os pesquisadores concluíram que doentes admitidos nos hospitais durante as semanas de inspeção têm significativamente menor mortalidade, especialmente em hospitais universitários. Estes achados sugerem que as mudanças na prática que ocorrem durante os períodos de monitoramento podem afetar a mortalidade dos pacientes.

Os pesquisadores destacaram duas possíveis explicações para esse efeito:

  • Durante o período de inspeção, médicos e enfermeiras podem mudar comportamentos específicos, tais como higiene das mãos e práticas de controle de infecção, contribuindo para uma maior eficiência do cuidado;
  • ou os profissionais de saúde ficam mais focados durante as inspeções, também contribuindo para maior eficiência do cuidado ao paciente.

 

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