Eficácia da terceira dose de CoronaVac em pacientes com doenças reumáticas imunomediadas

Foi publicado estudo sobre a eficácia e segurança da terceira dose de CoronaVac em pacientes com doenças reumáticas imunomediadas.

A pandemia de covid-19 impõe diversas restrições e dificuldades no cotidiano de todo o mundo, e a única medida altamente eficaz para seu controle é a vacinação em massa da população sob risco. Apesar disso, subgrupos de pacientes com algum grau de imunossupressão podem apresentar respostas variáveis à vacinação, o que pode comprometer a sua imunogenicidade e, consequentemente, a sua eficácia. Por esse motivo, diversos estudos estão sendo conduzidos no mundo para avaliar se a aplicação de doses de reforço de diferentes vacinas contra a covid-19 são capazes de promover um incremento nos níveis de proteção conferidos por elas em pessoas com imunossupressão.

Recentemente, Aikawa et al. publicaram um estudo no periódico Annals of the Rheumatic Diseases (fator de impacto 19,103) que avaliou a eficácia e a segurança da terceira dose de CoronaVac em pacientes com doenças reumáticas imunomediadas.

Eficácia da terceira dose de CoronaVac em pacientes com doenças reumáticas imunomediadas

Métodos

Trata-se de um estudo prospectivo de fase 4 conduzido no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Foram incluídos, consecutivamente, pacientes portadores de doenças reumáticas imunomediadas e controles pareados por sexo e idade (±5 anos).

Este estudo é uma extensão de um outro estudo previamente comentado aqui no portal (https://pebmed.com.br/coronavac-e-doencas-reumaticas-autoimunes/), logo, a metodologia geral já foi descrita previamente.

Leia também: Diferenças entre as vacinas Covid-19 Pfizer e Coronavac para uso pediátrico 

De novidade, temos a aplicação da terceira dose da CoronaVac e a avaliação da imunogenicidade (medida através de soroconversão de IgG [desfecho primário], fator de aumento nos títulos médios geométricos, presença de anticorpos neutralizantes e atividade neutralizante), avaliada no D210 (imediatamente antes da terceira dose) e no D240 (1 mês após terceira dose). Também foram avaliados desfechos relacionados à segurança da vacinação.

Resultados

Foram incluídos 597 pacientes com doenças autoimunes e 199 controles (idade semelhante entre grupos; p=0,943).

Os pacientes com doenças autoimunes apresentaram um importante incremento nos desfechos relacionadas à imunogenicidade, com taxas de positividade para o anti-S1/S2 IgG de 93% no D240 (vs. 60% no D210, p<0,0001) e taxas de positividade para anticorpos neutralizantes de 81,4% no D240 (vs. 38% no D210, p < 0,0001).

Pacientes com doenças autoimunes que se mantiveram soronegativos após a segunda dose da CoronaVac (avaliados através de sorologias e análise de anticorpos neutralizantes no D210) apresentaram um ótima resposta à terceira dose de CoronaVac, com taxas de positividade para IgG de 80,5% e de presença de anticorpos neutralizantes de 59,1% no D240 (p<0,0001).

Os controles também apresentaram uma elevação consistente dos parâmetros acima descritos, mantendo uma maior positividade do que as apresentadas pelos pacientes com doenças autoimunes (p<0,05 para as comparações).

Nas análises multivariadas, idade avançada (OR 0,98, IC95% 0,96-1,0, p=0,024), diagnóstico de vasculite (OR 0,24, IC95%0,11-0,53, p<0,0001), uso de prednisona ≥5 mg/dia (OR 0,46, IC95% 0,27-0,77), uso de micofenolato mofetil (OR 0,30, IC95% 0,15-0,61, p<0,0001) e uso de biológicos (OR 0,27, IC95% 0,16-0,46, p<0,0001) se correlacionaram com menores taxas de positividade para anti-S1/S2 IgG. Em uma análise semelhante, uso de prednisona ≥5 mg/dia (OR 0,63, IC95% 0,44-0,90, p<0,011), uso de abatacepte (OR 0,39, IC95% 0,20-0,74, p=0,004), uso de belimumabe (OR 0,29, IC95% 0,13-0,67, p=0,004) e uso de rituximabe (OR 0,11, IC95% 0,04-0,30, p<0,0001) se correlacionaram com uma menor positividade para anticorpos neutralizantes.

Não foram observados eventos preocupantes com relação à segurança.

Comentários sobre a terceira dose de CoronaVac

Esse estudo fornece dados robustos de que a aplicação da terceira dose de CoronaVac induz uma excelente resposta imune em pacientes com doenças reumáticas imunomediadas, com poucos eventos adversos.

Apesar de numericamente menor que nos controles, os níveis de proteção atingidos nos pacientes com doenças autoimunes são muito relevantes do ponto de vista clínico e populacional, superando as expectativas iniciais.

Isso reforça a importância da aplicação da terceira dose da CoronaVac como uma estratégia eficaz para melhorar a proteção vacinal e, consequentemente, auxiliar no controle da pandemia.

Disclaimer: Gustavo Balbi é coautor do artigo original resumido.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Aikawa NE, Kupa LVK, Medeiros-Ribeiro AC, et al. Increment of immunogenicity after third dose of a homologous inactivated SARS-CoV-2 vaccine in a large population of patients with autoimmune rheumatic diseases. Ann Rheum Dis. 2022. doi:10.1136/annrheumdis-2021-222096.

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