Eletroneuromiografia nas hérnias de disco

As hérnias de disco podem gerar compressões nas raízes nervosas (uma parte dos nervos quando saem da medula), são as chamadas radiculopatias.

Olá! Neste texto vou tentar passar os conceitos de uma forma mais acessível e didática possível. Boa leitura!

As hérnias de disco podem gerar compressões nas raízes nervosas (uma parte dos nervos quando saem da medula), são as chamadas radiculopatias.

As hérnias de disco podem gerar compressões nas raízes nervosas

O que são hérnias de disco?

O disco intervertebral nada mais é que “uma almofada” entre as vértebras da coluna. Ele é dividido em duas partes: o centro é chamado de núcleo pulposo e tem a consistência de uma gelatina e a parte externa é chamada de ânulo fibroso, tem a consistência de “uma corda” e faz um anel em torno da região central.

Leia também: Existe benefício no tratamento cirúrgico da radiculopatia lombar?

Terminologia das hérnias de disco

  • Degeneração e Protusão — ocorre deslocamento do núcleo pulposo, com as fibras anulares intactas ou pouco rompidas, contendo o núcleo;
  • Extrusão — o anel rompeu totalmente e o material do núcleo extravasou localmente;
  • Sequestrada — o anel também se rompeu e o material caiu dentro do canal vertebral (onde passa a medula espinhal);

As principais raízes afetadas são os níveis L5, S1 e C7.

Todas hérnias de disco geram radiculopatia?

Não. É preciso que a hérnia comprima e “machuque” a raiz nervosa, para se ter a radiculopatia. De qualquer forma, a dor pode aparecer.

Quais os sintomas?

O indivíduo com radiculopatia tem quadro de dor, formigamento e diminuição de força e reflexo, que geralmente corre pela direção da raiz nervosa. Também pode ter espasmos na musculatura paravertebral (que fica em volta da coluna).

Cada raiz nervosa fornece a sensibilidade (sensação da pele) e a motricidade (contração muscular) de partes do corpo, são os chamados dermátomos e miótomos. Contudo, existe sobreposição entre eles. Cada músculo e área da pele recebe inervação de 2 a 3 raízes. A natureza é sábia, portanto, se você tiver lesão em uma raiz nervosa específica não terá perda total de força ou sensibilidade.

Cada nível de radiculopatia pode dar sintomas dolorosos, sensitivos, motores e de reflexos bem conhecidos. Sabendo os mapas de miótomos e dermátomos fica mais fácil “linkar” a clínica com a topografia da lesão.

Saiba mais: Eletroneuromiografia: o que é e quando solicitar?

Como é feito o diagnóstico?

A Ressonância Nuclear Magnética (RNM) é o exame de imagem mais solicitado. Ela localiza onde está a lesão.

A eletroneuromiografia (ENMG) analisa o funcionamento da raiz nervosa, desde a saída da medula até a periferia dos membros, ou seja, avalia se a hérnia de disco está machucando o nervo que sai da medula. Vale a pena lembrar que ela não faz correlação exata entre o nível da hérnia discal e a raiz acometida, pois a hérnia pode pressionar um nível abaixo ou acima da raiz.

A ENMG consegue avaliar outros diagnósticos diferencias, como lesões nos plexos braquial ou lombossacral, lesões nos nervos periféricos (como Síndrome do Túnel do Carpo). Afecções osteomusculares podem gerar sintomas que podem ser confundidos com radiculopatias, portanto, a coleta de uma boa história e um bom exame físico vão direcionar para os melhores métodos diagnósticos.

Detalhes técnicos em ENMG

A ENMG é dividida em duas partes: neurocondução (estímulos elétricos nos nervos) e miografia (estudo com agulha nos músculos). É um exame desconfortável, mas tolerável. Na maioria dos casos de radiculopatia, a primeira parte do exame pode vir normal e o diagnóstico é fechado na segunda parte.

Na miografia, então, a estratégia é analisar músculos inervados pelos mesmos miótomos, mas por diferentes nervos.

Por exemplo, existem vários nervos periféricos e músculos que recebem fibras da raiz de C7. Se estes estiverem alterados, pode-se pensar em uma radiculopatia C7.

Adicionalmente, são estudados os músculos paravertebrais (ao lado da coluna vertebral), pois também podem estar alterados.

Tempo de lesão x ENMG

O tempo ideal para solicitar uma ENMG é de mais de 2 semanas de sintomas. Antes disso, o exame pode vir normal ou com alterações que não fecham critérios eletrofisiológicos. Isso ocorre por um mecanismo chamado de degeneração walleriana, em que após a lesão do nervo/raiz, a condução do estímulo elétrico vai “diminuindo aos poucos de proximal para distal”. Essas alterações demoram dias para ocorrer.

Limitações

As vezes a ENMG pode não ser conclusiva para radiculopatias causadas por hérnias de disco. Nesses casos, pode-se pensar em complementar o estudo com o Potencial Evocado Somatossensorial ou fechar o diagnóstico através de outros exames.

Referência bibliográfica:

  • Preston DC, Shapiro BE. Electromyography and Neuromuscular Disorders: Clinical- Electrophysiologic Correlations, 3rd. W.B. Saunders Company; 2012.

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