Enfermagem e a crise psiquiátrica: como é o atendimento?

A crise psiquiátrica é um estado de alteração psíquica onde se entra em grave sofrimento mental. Saiba mais sobre seu atendimento.

A crise psiquiátrica é um estado de alteração psíquica onde a pessoa entra em grave sofrimento mental. Pode ser considerado um mecanismo de reação ao estresse de medidas desproporcionais, ou ainda uma reação ao acúmulo de estresse em episódios distintos.

Souza (2019), considera a crise psíquica ligada ao âmbito das urgências ou emergências, por considerar a necessidade de atendimento imediato, sendo os principais problemas os surtos psicóticos, tentativas de suicídio, alterações do pensamento, manias, sentimento depressivo, reações de estresse e outras síndromes.

como atender crise psiquiátrica

O atendimento da crise psiquiátrica

Um outro grave problema que leva as pessoas a buscarem o serviço de saúde é o uso e abuso de álcool e outras drogas. Via de regra o atendimento da pessoa em crise psiquiátrica quando necessita ser removido acontece pelo SAMU, bombeiros, serviço de atendimento psiquiátrico municipal (alguns municípios) e polícia militar em caso de violência relacionado. Lembramos que há necessidade de que esse serviço seja realizado de forma correta por profissionais de saúde. O atendimento também ocorre nos dispositivos da rede de atenção à saúde mental e em hospital geral.

Os locais de atenção são múltiplos por isso, a temática é importante para todos os profissionais de saúde, considerando que a pessoa em sofrimento psíquico convive na sociedade e acessa todos os dispositivos da rede de saúde. Almeida (2011) nos orienta sobre a percepção das dificuldades no atendimento à pessoa em crise em saúde mental, onde  ficaram claras em discursos de profissionais de saúde quanto a falta de conhecimento a prática ou intervenções, buscando como solução atendimento mais próximo ao desejado.

Para Ávila (2014), há diversos tipos de motivos que desencadeiam a crise, o estado “crítico” pode ser considerado um período, um período delimitado no tempo, onde posteriormente ocorre um reposicionamento. No entanto, permanece um sentimento de desconforto, inquietação e angústia causada pela desorganização psíquica instalada. A crise não pode ser compreendida apenas por fatores negativos, mas pela possibilidade de apresentar um sofrimento muitas vezes silencioso. 

Leia também: A luta antimanicomial e a reforma psiquiátrica

A equipe de enfermagem tem papel fundamental no cuidado a crise psiquiátrica. O conhecimento a cerca da abordagem que deve-se ter diante da crise deve ser valorizado pela equipe de enfermagem. Algumas orientações podem contribuir com a equipe de enfermagem, mas lembrem-se sempre que o projeto terapêutico singular imediato possui importância e deve ser utilizado, respeitando o usuário e o seu momento. Este se materializa em diagnósticos, constituição de metas a curto prazo onde se estabelece vínculo com usuário e divisão de responsabilidades que envolve, o paciente, os profissionais e seus familiares. A reavaliação é realizada posterior a fase crítica. Outras intervenções podem ser pensadas, são os cuidados de enfermagem que podem contribuir com a pessoa no momento da crise.

O que a equipe de enfermagem pode fazer?

  • Ter postura profissional. O profissional deve dar suporte sem julgamentos, sendo empático, ser um elo entre a pessoa e o sofrimento psíquico. Tentar compreender o delírio ou a alucinação quando houver. Não se intimidar frente a atitudes impróprias, mas orientar e gerar condutas que aliviem os sinais e sintomas que os pacientes apresentem;
  • Valorize a pessoa em sofrimento. Humanize o cuidado e as ações diante da pessoa em sofrimento. Esclareça os procedimentos para o paciente e sua família. Utilize técnicas da comunicação verbal e não-verbal, acolhimento e vínculo. Ser sensível e atenciosa deve ser uma técnica e não uma prerrogativa do profissional;
  • A escuta terapêutica é importante no atendimento a crise psiquiátrica. Não apoie o ideal da pessoa e também não desaprove, ambas são ações e não deve ser produzidas pelo profissional. O momento é de escutar, não emitir juízo moral e compreender os significados das falas;
  • Valorize o corpo da pessoa em sofrimento. Não promova a dissociação da mente e do corpo. Cuide de forma integral e valorize as queixas do usuário ao corpo. A higiene do corpo deve ser avaliada, excessiva ou compulsiva. Alterações sinestésicas e compreensão do próprio corpo devem ser considerada pelo profissional na entrevista;
  • Realizar o cuidado psicofarmacológico. Deve-se orientar a pessoa sobre os efeitos benéficos da medicação e quanto a remissão dos sintomas, que os medicamentos podem ajudá-lo. Os medicamentos podem contribuir para a qualidade de vida da pessoa em sofrimento e para a remissão de sintomas agudos. No entanto, efeitos adversos podem ser um problema. Muitos usuários negam a medicação por causa dos efeitos adversos, por isso deve o processo terapêutico;
  • A contenção apenas deve ser realizada, seja ela espacial, física ou farmacológica para fins terapêuticos e sob avaliação médica com prescrição devidamente realizada. A proteção dos locais da contenção quando esta for física é de suma importância para que não ocorra lesões no usuário do serviço de saúde. A contenção farmacológica tem por objetivo tranquilizar o usuário por meio da sedação leve ou lentificação/sonolência;

Lembre-se que a crise psíquica é um momento de dor e sofrimento para o usuário do serviço de saúde. Atente-se ao acolhimento da pessoa em sofrimento e seus familiares. O ambiente é fundamental para tranquilizar o usuário em crise, para isso, o enfermeiro deve controlar e conduzir a cena. Deve gerar confiança no usuário e ser uma figura de importância no ambiente, gerando comandos assertivos e terapêuticos.

É importante que o enfermeiro possa compreender o momento e se adequar a eventuais intercorrências, sempre utilizando técnicas de comunicação terapêutica, escuta qualificada e ordenando as ações da equipe de enfermagem. Evite falas que possam provocar a piora do quadro ou outros estímulos que possam aumentar a intensidade a crise. 

Referências bibliográficas:

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