Enfermagem: profissão do passado, presente e futuro

Em 2020 comemoramos o 200º aniversário de Florence Nightingale, uma das pioneiras da Enfermagem moderna. A OMS declarou que seria o ano da enfermagem.

No dia 12 de maio é comemorado o Dia Internacional de Enfermagem, por isso o Nursebook, junto do Portal PEBMED, está realizando uma programação especial para esta semana: um texto por dia! Além disso, no próprio dia 12 vai ser realizada uma live no instagram @nursebook_app, saiba mais aqui!

enfermeira de braços cruzados com estetoscópio no pescoço no ano da enfermagem

2020: ano da Enfermagem?

Em 2020 comemoramos o 200º aniversário de Florence Nightingale, uma das pioneiras da Enfermagem moderna no mundo. Para comemorar essa data, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, em 2019, que o ano de 2020 seria considerado como o “Ano Internacional dos Profissionais de Enfermagem e Obstetrícia”. Esse marco na história da Enfermagem, tem como objetivo celebrar a importância destes profissionais na sociedade; inaugurar campanhas como Nursing Now e publicar relatórios, discussões e eventos sobre o presente e futuro da Enfermagem no mundo.

No entanto, o que os profissionais de Enfermagem não esperavam é que em 2020 enfrentaríamos uma pandemia sem precedentes para essa geração. O surto do Covid-19, além de ofuscar um ano que seria de enaltecimento e reconhecimento destes profissionais, vem expondo de forma dolorosa a vulnerabilidade e iniquidade nos mais diferentes cenários que estes profissionais estão expostos.

Segundo dados do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), até o dia 8 de maio o Brasil perdeu 98 profissionais vítimas do vírus, passando o número de Itália, Espanha e EUA. Os principais motivos para a alta mortalidade entre os profissionais brasileiros podemos destacar os mais diversos motivos que vão desde a ausência ou qualidade duvidável de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), a falta de afastamento de profissionais maiores de 60 anos e que estão no grupo de risco das atividades de assistência até a falta de medidas governamentais para proteção dessa classe de trabalhadores.

Só no Brasil, podemos contabilizar mais de 2,3 milhões de profissionais de Enfermagem que são divididos em: auxiliares, técnicos e enfermeiros, desse número cerca de 85% dos profissionais são do sexo feminino e são estes profissionais que integram a força de trabalho 24 horas por dia na luta contra a Covid-19 e outras condições de saúde.

Mais da autora: Recomendações prevenção SARS-CoV-2: limpeza de superfícies e objetos

Para além do destaque que a pandemia trouxe para estes profissionais essenciais nos sistema de saúde, a OMS no começo deste ano publicou o relatório denominado “State of the World´s Nursing: Investing in education, jobs and leadership” com evidências sobre o status da enfermagem no mundo, participaram da publicação 191 países que relataram 15 indicadores ou mais. Abaixo, alguns dados comentados sobre esta publicação:

  • Os profissionais de Enfermagem formam a maior classe de profissionais de saúde do mundo: profissionais de enfermagem (enfermeiros e profissionais associados a Enfermagem) formam cerca de 59% dos profissionais de saúde em todo mundo, no entanto, ainda há uma escassez destes profissionais para cobertura universal de saúde cerca de 5,9 milhões de vagas a serem preenchidas, onde 89% desse número está concentrado em países de baixa e média renda.
  • Não há uma força de trabalho de enfermagem global que proporcione cobertura universal em saúde e responda aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): mais de 80% das enfermeiras do mundo são encontradas em países que concentram metade da população mundial. As regiões mais afetadas são Sudeste Asiático, países da África, regiões de Mediterrâneo e alguns países da América Latina.
  • Algumas regiões do mundo sofrerão com o envelhecimento dos profissionais de enfermagem: dados mostram que a enfermagem no mundo é relativamente jovem, mas em algumas regiões do globo, profissionais de enfermagem estão mais próximos de se aposentar. A recomendação é que esses países invistam nas graduações de enfermagem e incentivos para manter e restituir os profissionais no mercado de trabalho.
  • Para resolver a escassez de profissionais no mundo, o número de enfermeiros graduados precisaria aumentar cerca de 8% ao ano: além do aumento de profissionais formados com nível superior deve haver programas de incentivos, emprego e permanência desses profissionais nos serviços de saúde.
  • Em torno de 97% dos países referiram que os programas de nível superior de Enfermagem têm duração de 3 anos: a OMS destaca que não há uma uniformização na formação destes profissionais e muitos programas que são oferecidos pelo mundo, ainda sofrem com falta de infraestrutura, professores e limitação para à prática clínica.
  • Cerca de 78 países (53%) relataram que há regularizada a função de enfermeiros que exercem práticas avançadas: há várias evidências que países que incluem enfermeiros em práticas avançadas dentro do sistema de saúde, podem facilitar o acesso á Atenção Primária à Saúde (APS) principalmente em comunidades afastadas dos grandes centros, além de melhorar os cuidados prestados em todos os níveis de atenção à saúde que são essenciais para aumentar a cobertura universal de saúde. Para isso, países devem investir em programas de educação e treinamento com escopo completo de práticas avançadas em saúde.
  • Um em cada 8 enfermeiros exerce sua função em um país diferente daquele onde nasceu ou foi treinado: a mobilidade internacional vem aumentando nos últimos anos. Países desenvolvidos têm uma dependência de profissionais de enfermagem imigrantes, isso se explica pelo baixo número de enfermeiros que se formam e número alto de vagas disponíveis.
  • Cerca de 86% dos países possuem um órgão que regulariza a profissão: além disso, dos países que responderam 64% exigem uma avaliação de competências para que o profissional possa trabalhar e 73% exigem educação contínua para que os enfermeiros continuem trabalhando.
  • A enfermagem é uma profissão altamente do gênero feminino e isso é um viés em vários ambientes de trabalho: cerca de 90% da força de trabalho da enfermagem é do sexo feminino, no entanto, poucas posições de lideranças em saúde são ocupadas por enfermeiras mulheres, existem evidências sobre diferenças salariais baseadas em gênero e formas discriminação também baseada em gênero no ambiente de trabalho.
  • Cerca de 71% dos países que responderam o levantamento relataram ter um representante enfermeiro em posição de liderança nacional: essas representações nacionais são importantes para contribuir para um ambiente onde haja melhor regulamentação e proteção dos profissionais e enfermagem.

Sendo 2020 o “Ano Internacional dos Profissionais de Enfermagem e Obstetrícia” é importante que haja reconhecimento sobre a importância desses profissionais e lacunas a serem preenchidas. Governantes e líderes mundiais necessitam se comprometer com uma agenda de desenvolvimento, incentivos e proteção dos trabalhadores de enfermagem e isso inclui: educação de qualidade, empregos com incentivos e benefícios e posição de lideranças nos mais diversos cenários.

Baixe o Nursebook e tenha as melhores condutas em enfermagem na palma da sua mão!

Referências bibliográficas:

  • World Health Organization. State of the world’s nursing 2020: investing in education, jobs, and leadership. [Internet]; 2020; [citado em maio de 2020].
  • Conselho Federal de Enfermagem. Juntos contra o coronavírus (site). [Internet]; 2020; [citado em maio de 2020].
  • Conselho Federal de Enfermagem. Brasil ultrapassa EUA em mortes de profissionais de Enfermagem por Covid-19. [Internet]; 2020; [citado em maio de 2020].

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.

Especialidades

Tags