Entrevista com especialista: suicídio na pandemia

Para fechar o mês de campanha Setembro Amarelo, veja a entrevista sobre a relação entre o suicídio e a pandemia de covid-19.

Este conteúdo foi desenvolvido por médicos, com objetivo de orientar médicos, estudantes de medicina e profissionais de saúde em seu dia a dia profissional. Ele não deve ser utilizado por pessoas que não estejam nestes grupos citados, bem como suas condutas servem como orientações para tomadas de decisão por escolha médica.

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Iniciamos o mês do setembro amarelo, dedicado à prevenção ao suicídio, com o tema “Orientações ao Médico: como abordar o paciente que tentou suicídio”.

Para fechar a campanha, realizamos uma nova entrevista com a psiquiatra Juliana Quintas, formada pela UFF e mestre em psiquiatria e saúde mental pelo IPUB/UFRJ, para falar sobre a relação entre o suicídio e a pandemia de covid-19: se houve alta nas ocorrências e se a temática poderá se tornar mais recorrente de atenção aos profissionais de saúde, entre outros aspectos.

Veja o conteúdo completo abaixo!

1. Qual a sua percepção sobre a saúde mental das pessoas com a pandemia?

Durante a pandemia, houve um aumento significativo na procura das pessoas para o atendimento psiquiátrico e psicológico, inclusive online, desde indivíduos que nunca apresentaram questões psiquiátricas até os que já estavam de alta e tiveram que retomar o tratamento neste momento difícil. Com a questão do isolamento social, mesmo em nosso país, cujas medidas não foram tão restritas, ainda há muitas pessoas que se mantêm reclusas, apresentando um medo muito grande acerca do vírus ou de infectar a si mesmos e/ou terceiros. Houve um aumento significativo nos casos de ansiedade, depressão e quadros de pânico, principalmente.

2. O índice de suicídio aumentou ou apenas se tornou mais evidente?

Em relação ao suicídio durante a pandemia, já contamos com algumas revisões sistemáticas, porém, até este momento, não há nenhuma que mostre, realmente, um aumento significativo de casos nesse período. A gente acredita que sim.

Em revisões futuras, poderemos constatar que houve um aumento no número de ocorrências de suicídio, uma vez que temos estudos que mostram que quando houve epidemias, como a de SARS, em Hong Kong, foi relatado aumento nos casos. Então, já é de conhecimento que nesses momentos de infecções virais importantes, a taxa de suicídio aumenta na população em geral. É algo que precisamos sempre estar vigilantes.

3. Qual o público mais atingido?

O público que apresenta maiores fatores de risco para o suicídio são pessoas que já tiveram tentativas de suicídio anteriores; que tenham transtornos psiquiátricos; que apresentem doenças crônicas ou diagnóstico recente de doenças. Assim como pessoas que tiveram perdas recentes de familiares. O olhar tem que ser diferenciado para as pessoas do sexo masculino, tanto no início da fase adulta quanto em relação aos idosos; pessoas solteiras ou divorciadas têm maior risco de suicídio do que casados e, também, aqueles que não têm filhos. O desemprego também é um fator de risco, além do isolamento social.

Na pandemia, temos um cenário em que muitos desses fatores de risco estão presentes, o que alerta os profissionais de saúde mental sobre possível risco de suicídio na população.

4. Com a pandemia, você acha que o cuidado com a temática do suicídio vai se tornar mais frequente?

De uma maneira geral, vemos o aumento das discussões na mídia sobre os transtornos mentais. Isso é um movimento super positivo, pois sabemos que quanto mais a gente fala sobre o tema, é uma forma relevante para tornar a questão mais discutida, sem riscos de ocasionar aumento no números de casos. A mídia possui regulamentações sobre a forma de abordar a questão (quais os cuidados a serem seguidos). A temática não deve ser romantizada, pois isso, sim, aumenta o número de casos na população. Como, por exemplo, quando vê um ídolo querido que se matou. A mídia não deve falar como ocorreu, o que ele fez, se deixou ou não bilhete.

Principalmente por meio das redes sociais, em que as pessoas falam mais de saúde mental, seja também por meio de filmes que abordam o tema ou até mesmo nos jornais, como no caso que houve nas Olimpíadas, acredito sim que a pandemia ajudou em todo esse processo para conversarmos sobre saúde mental, quebrando alguns tabus existentes.

Leia mais: Setembro amarelo: o risco de suicídio com opioides

A busca pelo atendimento do profissional psiquiatra

Segundo o site do Conselho Federal de Medicina, “são registrados mais de 13 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 1 milhão no mundo. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais”. Para ajudar a campanha de prevenção, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) publicou alguns documentos informativos no site oficial do Setembro Amarelo.

Um deles, “Informações importantes sobre doenças mentais e suicídio”, traz uma frase que chama a atenção: “doença mental não é uma sentença. Há tratamentos eficazes”.

Nesta cartilha, o usuário poderá entender um pouco mais sobre fatores de risco e fatores protetivos, além de compreender que esse assunto não deve mais despertar medo ou desconforto e é necessário o atendimento do médico psiquiatra.

Aproveite e escute o podcast integrado dos produtos PEBMED sobre suicídio.

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