Enxaqueca e resultados perinatais adversos na gravidez

Estudo analisou pacientes nuliparas com antecedente de migrânea referida e sua associação com taxas maiores de efeitos adversos na gravidez.

Os quadros de enxaqueca acometem em torno de 28% de mulheres em idade fértil. Fisiopatologicamente, a migrânea cursa com processo inflamatório sistêmico, disfunção endotelial e aumento, portanto, de eventos tromboembólicos relacionados a gravidez.

Uma revisão sistemática publicada no Obstetrical Gynecological Survey em 2019 já estudou os efeitos adversos de pacientes com migrânea relacionados à origem placentária, incluindo Doenças Hipertensivas e parto prematuro.

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Enxaqueca e resultados perinatais adversos na gravidez

Análise recente

No American Journal of Obstetrics and Gynecology do último 30 de abril de 2022 foi publicado um estudo para testar a hipótese de estudo em pacientes nuliparas com antecedente de migrânea referida e sua associação com taxas maiores de efeitos adversos na gravidez.

O estudo nuMOM2b (Nulliparous Pregnancy Outcomes Study Monitoring Mothers-to-be — estudo de monitoramento gestacional de nulíparas que desejam ser mães) envolveu 10.038 mulheres americanas com gestações únicas em seguimento desde a gravidez precoce até o parto. Incluíram-se mulheres no primeiro trimestre com história de migrânea. Definiu-se como Desfecho Gestacional Adverso ≥ 1 se algum dos seguintes eventos estiverem presentes:

  • hipertensão gestacional;
  • pré-eclâmpsia/eclâmpsia;
  • parto pré-termo;
  • pequeno para idade gestacional (feto ao nascimento);
  • natimorto.

Os antecedentes patológicos como hipertensão, obesidade, tabagismo e outras comorbidades foram comparados entre participantes do estudo que tinham ou não migrânea.

Achados

Concluíram o estudo 9.450 pacientes com 19,1% (1752) queixando-se de migrânea desde a primeira visita ao pré-natal. Após ajuste de todos os fatores que diferiram para p< 0,1 em análises univariáveis, as participantes com migrânea apresentaram taxas maiores de desfechos adversos gestacionais (OR ajustada 1,26, 95% IC; 1,12-1,41). Essas pacientes com migrânea também referiram proporcionalmente maior proporção de tabagismo recente, doenças autoimunes e doenças renais crônicas.

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Olhando para os desfechos individualmente, as participantes evoluíram com chances maiores de doenças hipertensivas e partos prematuros. Os desfechos com atenção a natimortos e pequenos para idade gestacional não apresentaram prevalência relevante.

“Os quadros de migrânea podem então estar subrreconhecidos como fatores de risco para efeitos adversos gestacionais”, finalizam os autores.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Miller EC, Chau K, Mammadli G, Levine LD, Grobman WA, Wapner R, Bello NA, Migraine and adverse pregnancy outcomes: the nuMoM2b study, American Journal of Obstetrics and Gynecology. 2022. DOI: 10.1016/j.ajog.2022.04.049.